Ex-dono da casa noturna Baccará, no Embaré, o empresário Vitor Alves Karam, de 33 anos, será interrogado na Vara do Júri de Santos no próximo dia 3 de setembro, a partir das 15h30. A data foi marcada nesta quinta-feira (18), pelo juiz Alexandre Betini, conforme informou o advogado Armando de Mattos Júnior.
Constituído pela família do universitário morto em decorrência de espancamento praticado por seguranças da boate Baccará, Mattos disse que irá requerer ao juiz a transferência de Karam ao Centro de Detenção Provisória (CDP) de São Vicente.
“Vamos pleitear que a remoção ao CDP de São Vicente ocorra o mais breve possível. Ele deve ficar na mesma unidade onde estão os outros corréus. Não pode haver qualquer privilégio. Além disso, a permanência em prisão da região contribuirá para agilizar a ação penal, porque Karam ainda precisa ser interrogado”, justificou Mattos.
Na condição de assistente da acusação, Mattos estima que seja marcado para este ano o júri popular do homicídio qualificado que vitimou Lucas Martins de Paula, de 21 anos. Quartanista de Engenharia Elétrica, o jovem foi agredido por dois seguranças após reclamar do lançamento indevido em sua comanda de uma cerveja long neck no valor de R$ 15.
Com prisão preventiva decretada e foragido desde a época do crime, há cerca de um ano, Karam foi capturado por policiais militares às 14h de quarta-feira, na Zona Oeste de São Paulo.
Com base em informação anônima passada ao Disque-denúncia, os PMs chegaram ao apartamento onde o empresário se refugiava. Ele fica em um condomínio popular no Distrito do Rio Pequeno, próximo à Rodovia Raposo Tavares.
Novas hospedagens
Após ser preso, o empresário foi conduzido ao 75º DP da Capital (Jardim Arpoador) para ser registrado boletim de ocorrência de “captura de procurado”. Ainda na quarta-feira, ele foi conduzido à carceragem do 26º Distrito Policial (Sacomã), na Zona Sul, onde pernoitou.
A critério da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), Karam foi removido nesta quinta-feira ao CDP II de Osasco, na Grande São Paulo. Com a captura do empresário, o único acusado que ainda permanece foragido é Anderson Luiz Pereira Brito, de 47 anos, ex-chefe da segurança da casa noturna.
Denúncia do MP
O Ministério Público denunciou por homicídio qualificado Karam, Brito e os seguranças Thiago Ozarias Souza, de 30 anos, e Sammy Barreto Callender, de 35. Após terem a prisão decretada pela Justiça, os dois últimos se entregaram à Polícia Civil.
Com base nas investigações policiais, o MP individualizou as condutas dos réus. Praticante de jiu-jítsu, Thiago é acusado de aplicar 12 golpes na vítima, entre socos e joelhadas.
Em seguida, Sammy Barreto Callender, de 35 anos, desferiu um soco no universitário. Como se fosse um tiro de misericórdia, o murro fez o jovem cair desacordado. A violência ocorreu na frente de Karam e Brito, que nada fizeram para impedi-la e nem providenciaram socorro a Lucas.
Depoimentos de testemunhas e imagens de câmeras de segurança revelam que o desentendimento por causa da cobrança indevida começou dentro da boate, situada na Rua Oswaldo Cochrane, e terminou na frente dela, na calçada.
O crime aconteceu na madrugada de 7 de julho de 2018. Vinte e dois dias depois, o estudante faleceu na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Santa Casa de Santos.