Furto em cemitério

No fim de dezembro, houve um caso grave: ladrões levaram peças de cobre e até mesmo fotos e letreiros do jazigo de uma família

Por: Da Redação  -  08/01/20  -  19:09

O problema não é novo. Há muito tempo, o abandono nos cemitérios da região é grande e os furtos acontecem de modo bastante frequente. A Tribuna, em matéria publicada terça-feira (7), registrou novas ocorrências, agora no Cemitério da Filosofia, no Saboó, em Santos.


No fim de dezembro, houve mais um caso grave: ladrões levaram peças de cobre e até mesmo as fotos e letreiros do jazigo de uma família, que alerta para a falta de vigilância à noite no local, sendo notadas e verificadas depredações em outros túmulos.


Houve grandes mudanças culturais nos últimos anos. Cemitérios, que eram visitados com frequência por grande número de pessoas, estão vazios. Funcionários alertam os poucos que se atrevem a lá ir, com alguma regularidade, a tomar cuidados em relação a assaltos que acontecem.


Os furtos de peças à noite e nas madrugadas são constantes, e os túmulos estão, em grande quantidade, abandonados, sem conservação.


A cremação ainda não é alternativa para todos. Além de muito cara – na região os serviços oferecidos são privados, não existindo, como em São Paulo, crematório público – ela enfrenta resistência cultural e religiosa por parte de grande parte da população.


Necrópoles particulares, que vendem lóculos e cobram taxas de manutenção de familiares, têm avançado e constituem forma moderna e eficiente para lidar com a questão, mas também estão restritas a pessoas com maior renda ou poder aquisitivo.


Os cemitérios públicos existem e continuam sendo utilizados todos os dias. Podem despertar menor atenção e cuidado das famílias, principalmente em relação a parentes que morreram há muito tempo, mas ainda assim precisam de manutenção e vigilância.


A Prefeitura de Santos informa que realiza patrulhamentos preventivos, durante 24 horas, nos três cemitérios municipais – Paquetá, Filosofia e Areia Branca – mas fica claro que isso não é suficiente, uma vez que se constata que há muitos jazigos depredados, com peças e objetos faltando, consequência dos furtos frequentes.


Há ainda câmeras do Sistema Informativo de Monitoramento (SIM) que são utilizadas para flagrar as ações criminosas. É preciso, porém, que a Administração apresente detalhes desse acompanhamento, indicando a quantidade de ocorrências que foram detectadas e as providências tomadas.


Cemitérios deveriam ser espaços de respeito e consideração às pessoas que já morreram e suas famílias. Infelizmente, o quadro atual não aponta nessa direção. No futuro, provavelmente, a atitude das pessoas em relação à morte irá se transformar: na realidade, isso já está em curso.


Os cemitérios, entretanto, não irão desaparecer em pouco tempo, e cabe ao Poder Público cuidar, de forma eficiente e responsável, dos locais, garantindo segurança a eles, e evitando que furtos e destruição continuem acontecendo.


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