Presidente da Praticagem de São Paulo volta ao mar após cair de navio no Porto de Santos

Fábio Fontes diz que cair de navio foi só “um pequeno incidente” e está escalado novamente

Por: ATribuna.com.br  -  23/04/24  -  14:45
Fábio Mello Fontes, de 84 anos, não pensa em parar: “Outros colegas já caíram, é que eu falo muito”
Fábio Mello Fontes, de 84 anos, não pensa em parar: “Outros colegas já caíram, é que eu falo muito”   Foto: Carlos Nogueira/ AT/ Arquivo

O presidente da Praticagem de São Paulo, Fábio Mello Fontes, de 84 anos, está escalado nesta terça e quarta (23 e 24) para ajudar os comandantes dos navios nas manobras de entrada e saída do Porto de Santos.


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Após cair no mar enquanto subia em um navio na madrugada de domingo, ele diz estar ótimo.


“Não foi acidente, foi um pequeno incidente, normal da função. Outros já caíram. É inerente à atividade. Estou muito bem, não fiquei mal nem no dia. Só me arranhei um pouco no rosto ao ser resgatado da água porque o mar estava agitado. Vejo isso com naturalidade, foi a quarta vez que caí, não tenho nenhum receio”, diz o experiente prático.


Fontes caiu no mar por volta da 1 hora de domingo, quando subia no navio porta-contêineres Cosco Shipping Danube, de 300 metros de comprimento por 48 metros de largura (boca), para fazer a manobra de entrada no canal de acesso do complexo portuário.


Ele sofreu arranhões no rosto e uma leve torção no joelho esquerdo, mas, após ser resgatado do mar, subiu novamente na embarcação para realizar o trabalho.


Em entrevista para A Tribuna no domingo, o prático veterano relatou como foi o acidente. Ele era o segundo prático da manobra. “Como o mar estava um pouco mexido, com marolas de 1,20 metro, na hora que eu dei o pulo da lancha para o navio, o fiz com um pequeno ângulo, foi o suficiente para que me desequilibrasse um pouco e ficou difícil manter a mão direita no cabo. Com o peso, o meu corpo rodopiou para a esquerda e não consegui suportar. Tentei ficar pendurado com a mão esquerda apenas, mas não foi possível”.


Fontes conta que caiu no mar, de costas. “O colete inflou num milésimo de segundo e fiquei boiando, confortavelmente, por uns oito minutos”.


Ele explicou detalhes das outras vezes que caiu no mar. “Na primeira vez, eu tinha 33 anos de idade. Na segunda e na terceira, eu tinha perto de 40 e 42 anos. Isso acontece, é normal na profissão. Nas três primeiras quedas, nem colete eu usava. E estou vivo!”.


Praticagem
O prático é o profissional que divide a responsabilidade da manobra com o comandante do navio. Ele é conhecedor das peculiaridades daquele porto: vento, corrente, profundidades. Sabe onde pode passar com aquele navio.


Enquanto o oficial de náutica, o comandante do navio, é treinado para navegar em mar aberto, o prático é treinado para manobrar navios em regiões superrestritas, com perigos e uma geografia completamente diferente do mar aberto.


Em Santos, o trabalho é feito é feito 24 horas por dia, por mais de 60 práticos. As escalas costumam ter 12 profissionais por dia, que se revezam nos navios. Existem manobras que demoram até 3,5 horas. A média diária é de 32 a 33 manobras.


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