Em Santos, secretário de Portos diz trabalhar com 'pior cenário' de conflito entre Rússia e Ucrânia

Em visita técnica à obras no Porto de Santos, Diogo Piloni admite preocupação com impactos logísticos e comerciais

Por: Ágata Luz  -  03/03/22  -  21:20
Atualizado em 04/03/22 - 00:07
Piloni também comentou sobre o processo de desestatização no Porto de Santos
Piloni também comentou sobre o processo de desestatização no Porto de Santos   Foto: Matheus Tagé/AT

O secretário nacional de Portos, Diogo Piloni, admitiu que o Governo Federal trabalha com o pior cenário envolvendo os impactos logísticos e comerciais que podem ser gerados pelo conflito entre Rússia e Ucrânia. Segundo ele, que nesta quinta-feira (3) fez uma visita técnica às obras do terminal de celulose da Eldorado no Porto de Santos, o trabalho diário agora é voltado a garantir a fluidez na importação de fertilizantes, que tem no complexo portuário santista uma importante porta de entrada para o País.


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"A gente está acompanhando a escalada de um conflito que é localizado por ora, mas que traz impactos, sem dúvida alguma. São grandes produtores de fertilizantes e consumidores de produtos brasileiros envolvidos. Estamos nos preparando para o pior cenário e temos conversado muito com o Ministério de Agricultura para que, na logística, a gente não cause embaraço. A gente precisa ter um Porto funcionando bem com o máximo de fluidez e prioridade dada a este produto (fertilizante)".


Em meio ao risco de escassez de fertilizantes - a Rússia foi responsável por 22% do fertilizante importado pelo Brasil em 2021 -, Piloni ressalta que um conflito dessa magnitude gera impactos para o mundo inteiro. "Não seria diferente para o Brasil. Por isso, há uma grande preocupação do governo brasileiro e temos que estar preparados para isso. Difícil dizer qual vai ser o tamanho do impacto, mas o que a gente está trabalhando é para minimizá-lo".


Também presente ao evento na Eldorado, o diretor-presidente da Santos Port Authority (SPA), Fernando Biral, foi outro a manifestar preocupação com a situação gerada pela ofensiva russa em solo ucraniano e seus reflexos e garantiu que as equipes do Porto de Santos trabalharão para reduzir os estragos.


"Estamos extremamente preocupados com a situação, que é muito complexa porque afeta toda logística tanto de fertilizantes como de grãos. Mas trabalhamos para que a logística no País ocorra da forma mais rápida possível. Santos tem que trabalhar para tentar minimizar essa crise. Uma crise imposta a nós, mas em Santos nós trabalharemos com muito mais afinco e produtividade para poder diminuir o impacto desse transtorno logístico".


A Tribuna mostrou que, com o risco de os fertilizantes russos não terem condições logísticas de chegarem ao Brasil, uma alternativa seria comprar o insumo do Canadá. O secretário de Portos reiterou que a busca por novos fornecedores já é realidade. "A gente tem atuado muito com o Ministério da Agricultura, que tem buscado alternativas de outros fornecedores".


Desestatização

Ainda na visita, Piloni garantiu que o processo de desestatização do Porto de Santos não sofrerá atrasos e ocorrerá no último trimestre do ano.


Além disso, ele adiantou que a privatização da SPA deve ser tema de mais uma audiência pública neste mês – a primeira foi realizada no mês passado, em Santos. Ainda é debatido com a equipe da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) se o novo encontro será presencial ou semipresencial.


“Isso é para haver todo o espaço necessário para as contribuições, críticas e melhorias da proposta”, ressaltou Piloni, afirmando que o objetivo é realizar o processo com transparência. “Nossa disposição é construir algo que não seja um projeto do Ministério da Infraestrutura, e sim de todo o setor portuário brasileiro”.


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