Jovem espancada por ser homossexual em Praia Grande desabafa: 'Choro antes de dormir'

Dupla agrediu vítima dentro de um carro e fugiu sem levar seus pertences

Por: De A Tribuna On-line  -  03/08/19  -  11:18
  Foto: Arquivo Pessoal

As lembranças da agressão sofrida dentro de um carro por dois homens ainda assustam Yanka Rodrigues de Oliveira, de 19 anos. Após ter sido espancada em Praia Grande por ser homossexual e utilizar roupas masculinas, a jovem relata que ainda lida com o medo. “Falaram que se eu os reconhecesse, voltariam para me matar”, desabafa.


O crime aconteceu na noite do último domingo (28), enquanto Yanka voltava para a casa. De acordo com a Polícia Civil, por volta das 18h30, a jovem passava pela Avenida do Trabalhador, no bairro Tude Bastos, quando foi abordada pelos dois homens em um carro. Eles perguntaram o horário, mas por estar usando fones de ouvido, só respondeu ao ser questionada, já com agressividade, na terceira vez. Após isso, eles pediram que ela entregasse o celular e a bolsa, mas a jovem recusou.


A vítima lembra que o homem que estava no banco do passageiro desceu do carro e a mandou entrar, desferindo socos na região das costelas e um chute em sua perna. “Dentro do carro, ele me perguntou se eu gostava de ser ‘que nem’ menino, e eu respondi que sim, e aí eles começaram a me agredir”, relata.


Com uma arma de fogo em mãos, o agressor deu uma coronhada em sua testa e a colocou de lado no banco, continuando as agressões. “Eram só socos, fiquei assustada. Um deles me falou que se eu os reconhecesse, voltariam para me matar. Pedia para que me deixassem sair, mas eles não falavam nada, só continuavam a bater”, relata.


Em dado momento, o homem que estava no banco do motorista alertou o comparsa para que parasse com as agressões, porque o rosto da jovem estava sangrando. Em seguida, eles a abandonaram em uma travessa da Rua Armando Lichti Filho, sem levar seus pertences. “No começo, pensei que tinha sido assaltada, nem tinha raciocinado”, conta.


Segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, o caso segue sob investigação da Delegacia de Defesa da Mulher. Informações que possam ajudar a polícia a localizar os criminosos podem ser repassadas pelo telefone 190 ou por meio do Disque Denúncia 181.


Marcas


A jovem foi levada ao Hospital Irmã Dulce, em Praia Grande, onde passou cerca de quatro dias internada. Devido aos socos, apresentou ferimentos no rosto, uma pequena lesão na coluna e no estômago, o que ocasionou vômitos com sangramento.


Ainda com medo de sair de casa, e após deletar suas contas nas redes sociais, Yanka conta que esta foi a primeira vez em que foi agredida por ser lésbica e se vestir com roupas masculinas. “Eu espero que façam justiça, fiquei com medo. A gente não espera [que isso aconteça]. Quando paro à noite, choro na hora de dormir. Eu agradeço a Deus por estar viva”, desabafa.


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