Acusado de estupro diz que pagou R$ 10 e um lanche por programa com mulher na rua em Santos

Ele e duas testemunhas prestaram depoimento à Polícia Civil

Por: ATribuna.com.br  -  09/05/24  -  06:59
O momento em que o suspeito saia da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Santos acompanhado do advogado (homem com camisa branca)
O momento em que o suspeito saia da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Santos acompanhado do advogado (homem com camisa branca)   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

Acusado de estupro de vulnerável contra uma mulher em situação de rua, um ajudante de obras, de 36 anos, afirma que o ato foi consensual e pagou R$ 10 e um lanche, um sanduíche de queijo, para a suposta vítima. Ele se apresentou para depor na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Santos na tarde desta quarta-feira (8) e a localização da suposta vítima ainda é incerta.


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O caso aconteceu na tarde do dia 1º de maio, feriado do Dia do Trabalho, quando o suspeito alega que estava saindo do expediente em uma empresa no Porto de Santos, saiu para tomar bebidas alcoólicas e, quando estava indo embora para sua casa em Praia Grande, encontrou a mulher na Rua Brás Cubas, no Centro.


Ele ressalta que não a conhecia e parou para saber se ela faria um programa. “Ela falou que aceitava, cobrou R$ 20 e eu só tinha R$ 10 no bolso. Me deitei do lado dela, conversei e dei um lanche que a firma oferece”.


O praiagrandense diz que não houve conjunção carnal, apenas sexo oral consentido, por isso chama de trágica a repercussão do caso. Sobre o momento do vídeo em que se abaixa por um tempo e faz uma movimentação semelhante a uma penetração, ela justifica que foi quando abaixou o zíper da calça.


“Comecei a passar a mão nela, ela deu aquele chute e falou: ‘então tá bom, pega a tampa da caçamba de lixo e traz para fazer a caçamba’. Fui buscar a tampa de lixo e botei o papelão, mas quando fui me arrumar, passaram dois homens e ela desistiu”, relata.


Posteriormente, como o valor não estava completo, o praiagrandense comenta que combinou de retornar no mesmo ponto para pagar os R$ 10 faltantes pelo programa. O ajudante de obras está afastado do trabalho desde que o ocorrido tomou repercussão, afinal pessoas próximas lhe reconheceram, inclusive a própria família.


“Mudou bastante (a vida dele), com a família e tudo. Não sou inocente, errei por ser na rua. Poderia ter sido em um lugar reservado. Se não fosse por isso, não teriam filmado. Também errei em pedir dinheiro. Me arrependo”, diz.


Agora, o praiagrandense explica que torce para que a Polícia Civil encontre a suposta vítima - cuja identificação e localização ainda é desconhecida - e ela esclareça a situação. Também destaca que a mulher em situação de rua disse que sempre estava por aquela área do Centro.


Sem celular e contato com as redes sociais, o suspeito conta que descobriu a repercussão do caso assistindo uma matéria sobre o ocorrido pela televisão, na noite da última segunda-feira (6). “Quando vi o canto, reconheci que era eu. Procurei um advogado e vim para falar sobre o caso”.


Defesa

O advogado Natalício Batista dos Santos, responsável pela defesa do homem, alega que o vídeo que está circulando na internet é editado e não mostra a verdade dos fatos. “Ela aceitou o dinheiro, ele fez aquele tapume para consumar o ato. Mas, na hora, houve um desentendimento e eles não quiseram continuar”.


Para o advogado, o crime cometido pelo cliente é apenas o de ato obsceno em público. Por isso, ele solicitou à Polícia Civil que fossem extraídos os vídeos do sistema de monitoramento da rua para que as imagens na íntegra demonstrassem a negociação entre os dois.


Natalício informa que o que fez com que o cliente acreditasse que a mulher em situação de rua faria programa foram as vestimentas que ela utilizava enquanto passava de moto pelo local. “Foi uma besteira que ele fez. Ele nunca teve passagem pela polícia e foi uma besteira de momento”.


Testemunhas ouvidas

Conforme apurado por A Tribuna, duas pessoas também foram intimadas a depor na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Santos nesta quarta-feira (8). Um homem e uma mulher que teriam gravado os vídeos que circulam nas redes sociais tiveram que prestar esclarecimentos sobre o ocorrido.


Durante o depoimento, os dois, individualmente, entraram em consenso ao dizer que não interromperam o ato por não acreditarem que se tratava de um estupro. Segundo eles, a mulher tirou a própria roupa, não houve agressão ou gritos e que os dois pareciam conscientes durante o ato.


Até o momento, os dois autores dos vídeos não serão responsabilizados criminalmente por gravarem o ato sexual.


O caso continua sendo investigado como estupro de vulnerável pela DDM de Santos. Agora, a Polícia Civil procura pela suposta vítima para que ela esclareça o ocorrido. Caso a população tenha alguma informação sobre seu paradeiro, é possível fazer uma denúncia pelo telefone (13) 3235-4808.


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