Santista que viaja o mundo de bicicleta estava no Irã durante bombardeio; veja o relato
Luís está acompanhado do filho Gabriel e do cachorro Belmiro
Viajando o mundo há dois anos em uma bicicleta e com a companhia do filho e do cachorro, o professor santista Luís Fernando Prestes Camargo, de 54 anos, enfrenta momentos de tensão em Isfahan, no Irã. Ele está na cidade, distante 450 km da capita Teerã, que foi alvo de ataques de Israel na madrugada desta sexta-feira (19).
O professor de História ouviu ruídos por volta das 5 horas e acordou com o barulho. Neste momento, não imaginava que se tratava de mais um episódio que aumentaria a temperatura política e militar no Oriente Médio.
“Eu acordei com o barulho, mas não tremeu nada, não quebrou vidro, nada, apenas o ruído, como se fossem rojões. Depois de um tempo, eu recebi as primeiras notícias de que, na verdade, era um bombardeio que estava acontecendo em uma base militar bem próxima de onde estamos”.
Ao lado do cachorro Belmiro e do filho Gabriel, o professor conta que está no Irã há 60 dias. Apesar do ataque desta sexta, irá renovar o seu visto por mais 30 dias para sair de Isfahan e ir a outra cidade.
“O brasileiro é muito bem tratado pelos iranianos. Sempre surge um sorriso no rosto quando falo que sou brasileiro. Tanto que eu saí com o passaporte no bolso, algo que não costumo fazer, e se precisar eu o mostro. Eles consideram israelenses e norte-americanos como inimigos. Claro que dá um pouquinho de receio, mas não estou com muito medo”.
Como precaução, Camargo tem evitado lugares considerados perigosos, como a região próxima à Usina Nuclear do Irã. “Nós evitamos passar por esses lugares para diminuir o risco, porque, em uma situação como a atual, os militares acabam sendo os principais alvos, não os civis”.
Nesta sexta, devido ao ataque israelense, o professor conta que foi ao supermercado em Isfahan para comprar comida e fazer um estoque suficiente para três ou quatro dias. "Usei roupas típicas daqui e evitei levar o Belmiro comigo. Há o risco de um estrangeiro passar a ver visto como suspeito, então tomo mais cuidado”.
Conhecimento
O professor explica que os conhecimentos em História, Geografia, Relações Internacionais e diplomacia o ajudam a lidar com os conflitos que acaba presenciando. “A gente que é historiador sabe que uma guerra não começa do dia para a noite. Uma nação que está em guerra, como Israel, lá em Gaza, dificilmente vai abrir uma segunda frente contra o Irã, que é uma potência. E, do outro lado, os iranianos dificilmente irão mexer com uma potência como Israel”.
Em 2023, A Tribuna realizou uma matéria sobre a viagem de bicicleta de Luís com seu border collie, Belmiro. Clique aqui e confira a reportagem completa.
