Arrastão durante banda de Carnaval termina com sete presos e um policial ferido em Santos

Furtos e depredação foram relatados durante apresentação do Carnatolê, no Gonzaga, na última terça-feira

Por: Matheus Müller  -  29/01/20  -  09:18

Sete pessoas foram presas e um policial militar ficou ferido em um arrastão que ocorreu, na noite desta terça-feira (28), no Gonzaga, em Santos. O caso foi relatado durante apresentação da banda de Carnaval "Carnatolê" que, neste ano, esteve em sua segunda edição. Moradores e comerciantes contaram que houve uma série de assaltos e depredações.


De acordo com informações da Prefeitura de Santos, uma ação conjunta da Guarda Civil Municipal (GCM) e a Polícia Militar resultou na prisão de dois casais que participaram dos furtos, dois jovens que estão sendo investigados e um outro adolescente que estava com um celular furtado de uma das vítimas,que reconheceu e recuperou o aparelho, mas preferiu não registrar o boletim de ocorrência.


Além disso, um policial militar sofreu ferimentos após ter sido atingido por uma garrafa durante o tumulto.


'Só na minha frente foram uns seis ou sete assaltos'


“Eu vi um pai, com a criança no colo e o carrinho de bebê sendo assaltado por todos os lados. Foi arrastão, sim. Fizeram com diversas pessoas. Só na minha frente foram uns seis ou sete assaltos”, relatou o empresário Raul Vitor, dono de um bar na Rua Tolentino, no Gonzaga, em Santos.A noite naquela região terminou tumultuada, após uma sequência de roubos durante o Carnabanda, na noite desta terça-feira.


O presidente do Carnatole, que se apresentou pelo segundo ano, se mostrou indignado com a situação e preocupado com a repercussão do caso. “Soube de alguns roubos acontecendo perto da Rua Tocantins e avisei aos policiais [militares], mas disseram que chamariam apoio, pois, caso contrário, poderiam tomar pedradas ou garrafadas”, disse Luiz Felipe Amaral.


De acordo com ele, não houve arrastão. O problema aconteceu com a chegada da PM para dispersar a multidão. “Tinhamos segurança, mas não armados, a Guarda Municipal e a PM também estavam aqui. Jogar a responsabilidade para nós [da banda] é muito fácil. Como vamos pegar uma pessoa de má fé? Estamos tão indefesos quanto o resto da população”.


Amaral conta ter informado à PM sobre os roubos às 20h40, mas, só 40 minutos depois, o reforço chegou, com bombas de efeito moral e gás de pimenta. Vitor, no entanto, relata que o problema começou muito antes, uma hora após o início das atividades. “Umas 19h já estavam assaltando”.


“A cena foi vergonhosa. Eu, como cidadão, me sinto envergonhado. A policia não tem poder diante dessa multidão”, disse Vitor, que contou ter acolhido um turista alemão dentro do bar e pedido para os clientes sentados em uma área próximo à rua protegerem seus pertences. “Fiquei na porta com os seguranças. Eles [grupo com aproximadamente 40 pessoas] enfrentaram a polícia. Chutaram e derrubaram motos”.


Prefeitura de Santos registra tentativa de fuga após arrastão no Gonzaga



Enfrentamento


Dentro do bar, duas professoras escutaram toda a confusão e acharam que se tratava de uma briga, mas já era a ação da polícia para dispersar um grupo de jovens que, segundo elas, enfrentava o cordão de policiais com capacetes e escudos.


“Eles ameaçavam, umas meninas rebolavam e provocavam. A polícia precisou avançar, usar bombas e gás para dispersar”, contou Simone de Lima Silva.


Ela e a amiga, Sandra Barboza Ribeiro de Aguiar, afirmam que não frequentam mais Carnaval na Rua. Simone disse, inclusive, que não iria ao bar se soubesse do evento. “Descobrimos quando estavamos vindo. Na minha época não eraam assim [as festas de rua]”.


Na mesma mesa das professoras, no fundo do estabelecimento, estava a assistente administrativa, Carol Sousa, que, como os demais clientes, inalou o gás de pimenta e ficou os olhos ardendo e dificuldade para respirar. “Foi muito ruim. Demorou a passar o efeito".


Sobre o caso


Na noite desta terça-feira, durante percurso da banda Carnatolê, ocorreu um tumulto após foliões perceberem que um grupo de indivíduos realizava diversos furtos de aparelhos celulares e outros pertences. Os policiais militares e os guardas municipais que faziam o acompanhamento do percurso da banda, na Rua Tolentino Filgueiras, no Gonzaga, agiram com rapidez para conter a ação dos marginais.


Os bandidos usaram bombas para confrontar as forças de segurança, que solicitaram reforço e foram obrigadas a revidar com o uso de armas não letais. As câmeras de monitoramento da Prefeitura de Santos registraram a fuga de suspeitos que correram pela Av. Washington Luiz e ingressaram na Rua Azevedo Sodré em direção à Av. Ana Costa.


As secretarias envolvidas na organização do Carnabanda e a PM estão, em conjunto, avaliando o caso para tomar as providências necessárias a fim de coibir novas ações criminosas.


Policiais em ação durante apresentação de banda de Carnaval no Gonzaga
Policiais em ação durante apresentação de banda de Carnaval no Gonzaga   Foto: Reprodução

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