Pandemia da Covid-19 muda planos de Caio Blat: 'A arte se torna mais importante'

Ator estava prestes a estrear como diretor de novela e a gravar a adaptação do clássico de Guimarães Rosa, 'Grande Sertão: Veredas', para o cinema

Por: Do Estadão Conteúdo  -  28/09/20  -  14:29
Caio Blat viu seus planos para 2020 mudarem em um piscar de olhos após o início da pandemia
Caio Blat viu seus planos para 2020 mudarem em um piscar de olhos após o início da pandemia   Foto: Divulgação/Globo

O ator estava prestes a estrear como diretor de novela e a gravar a adaptação do clássico de Guimarães Rosa, 'Grande Sertão: Veredas', para o cinema, quando foi pego de surpresa pela paralisação das atividades do setor artístico. Então, durante uma conversa com a namorada, Luisa Arraes, e o roteirista e diretor Jorge Furtado, nasceu a ideia de produzirem algo juntos.


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Quando Furtado criou a série Amor e Sorte, de quatro episódios independentes, para a Globo, o casal foi convidado para o projeto. Na entrevista a seguir, o ator de 40 anos comenta sobre como foi fazer o episódio A Beleza Salvará o Mundo, de Amor e Sorte, em que ele e Luisa interpretam o casal Manoel e Teresa. Além disso, ele conta a respeito da frustração que sentiu ao ver o projeto cinematográfico de Grande Sertão: Veredas ser interrompido e dá detalhes do processo de gravar a série em casa com a amada. Por fim, Caio fala do desejo de seguir trabalhando como diretor.

Qual foi a importância de fazer Amor e Sorte nesse momento?


Eu e a Luisa (Arraes) estávamos com a agenda repleta para este ano. Íamos gravar o filme de Grande Sertão: Veredas, com o Guel Arraes (diretor), e tínhamos apresentações da peça da Bia Lessa ainda, mas, em um final de semana, o setor artístico foi todo paralisado. O nosso trabalho é feito da aglomeração humana, de grupos de teatro e cinema. A grande questão era como enfrentar essa situação e continuar ativo, criativo, produzindo. As pessoas trancadas em casa precisam de um respiro, de sonho, de esperança e de informação. A arte se torna tão importante em momentos como este...

Como se sentiu ao interromper o projeto de Grande Sertão: Veredas para o cinema?


A gente estava pronto para gravar Grande Sertão, então a frustração foi grande. Mas, ao mesmo tempo, o Guel (Arraes, diretor) nunca deixou isso bater de um jeito baixo-astral, porque ele começou a pensar em como filmar. Fizeram vários estudos de cenários 3D, novas tecnologias, passaram a imaginar novas câmeras. Essa adaptação, em vez de limitar o projeto, acabou expandindo a criatividade. O Grande Sertão se desdobrou em várias situações por causa de cenários virtuais e efeitos especiais. Quando a gente voltar para filmar, será um projeto com outra cara.


Como foi a experiência de gravar o episódio de uma série dentro de casa?


Eu cozinho todo dia nesse período de isolamento, então, quando dava um intervalo de gravação, ia cortar legume, fazer o jantar. Essa experiência foi invadindo a nossa intimidade completamente Às vezes, a gente dava o primeiro “bom dia” para a equipe ainda da cama ou do banheiro.


Você e a Luisa já trabalharam juntos antes no teatro, mas como foi o processo em Amor e Sorte?


A gente foi aprendendo a trocar. Toda a nossa ansiedade e falta de paciência, nós acabamos descontando um no outro. Então, a gente discutia como fazer cada cena e nada disso aconteceria sem essa nossa parceria linda. Trabalhamos há anos juntos no teatro. Não imagino estar nesse episódio sem a Luisa, sem dividirmos a direção e todas as decisões. É uma história de amor junto com o trabalho.


Na série, os personagens ainda estão se conhecendo quando, de repente, se veem em uma situação de casados. O que você acha disso?


Ir morar junto no primeiro dia não é algo que nós recomendamos. Os personagens passam o fim de semana namorando, cozinhando, vendo séries, sonhando em fazer um filme juntos. Na segunda-feira, eles se despedem e acham que cada um vai voltar para a sua vida. Mas o mundo não é mais o mesmo devido ao vírus e está tudo fechado. Após esse momento, os dois descobrem que a imagem que um vendeu para o outro não era a realidade.

Que reflexão você acha que o seu episódio de Amor e Sorte vai propor para o público?


Acho muito importante as pessoas em casa poderem assistir a episódios com personagens que estão passando pelas mesmas coisas que elas. Uma das funções importantíssimas do que a gente faz é o público poder se reconhecer no que está vendo. Então, precisávamos colocar no ar uma série com pessoas em quarentena. No filme que o Manoel e a Teresa estão fazendo, eles investigam histórias clássicas durante a Peste Bubônica (popularmente conhecida como Peste Negra). Eles começam com essa pesquisa de como a humanidade precisa refletir sobre o que está nos atingindo agora.


Você dirigiu o episódio junto com a Luisa e a diretora artística Patrícia Pedrosa. Deseja seguir como diretor daqui em diante?


Sim, eu estava começando a dirigir uma novela (Além da Ilusão), prevista para 2021) com o Pedro Vasconcelos. Então, já havia dado esse passo quando tudo aconteceu e os trabalhos da trama foram paralisados devido à pandemia do novo coronavírus. Aí eu pensei que deveria dirigir alguma coisa e veio a oportunidade de fazer a série. (Estadão Conteúdo)

















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