'MLK-FBI' revela perseguição política do FBI contra Martin Luther King

Documentário foi lançado no Festival 'É Tudo Verdade' e acompanha conflitos entre o reverendo e o governo americano

Por: Bia Viana  -  16/04/21  -  15:25
Documentário mostra tensão política nos EUA durante o movimento dos direitos civis
Documentário mostra tensão política nos EUA durante o movimento dos direitos civis   Foto: Foto: Divulgação

A trajetória de figuras políticas é sempre colocada de forma controversa nos cinemas. No recorte feito pelo documentário MLK-FBI, dirigido por Sam Pollard e lançado no Festival É Tudo Verdade, acompanhamos a jornada do reverendo Martin Luther King Jr. em sua luta por direitos civis e da sombria investigação do FBI, que se desdobra para desmoralizar o movimento iniciado por King e sua imagem perante o povo.


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Por meio de imagens inéditas, o documentário desvela a perseguição feita ao Dr. King durante seu tempo em atividade na luta pelos direitos civis. Para representar o "lado" do Bureau, o filme traz a figura de J. Edgar Hoover, diretor do FBI na época e um dos principais elementos contra o Movimento dos Direitos Civis.


Reunindo depoimentos de ex-agentes do Bureau e pessoas próximas a Luther King, o documentário discute o jogo de "moralidade" conduzido pelo FBI na tentativa de silenciar o reverendo, visto como símbolo de subversão e potencial ameaça comunista ao país. Tudo isso somado ao fato, evidenciado pelos documentos e registros apresentados no filme, de que havia uma motivação pessoal de Hoover em destruir o líder político.


O contraste entre os dois, que se encontram pessoalmente apenas uma vez durante suas vidas, é a tensão constante que permeia todos os acontecimentos. Enquanto Luther King advogava pela paz, Hoover queria incendiar um motim contra o líder: por isso, investiu em uma investigação para provar que o reverendo mantinha relações sexuais extraconjugais e uma "conduta duvidosa".


As supostas traições, que teriam sido gravadas pelo FBI perante incontáveis grampos telefônicos e microfones escondidos, estão em fitas que permaneciam, até então, em segredo nacional. Segundo o documentário, a partir de 2027 o conteúdo das fitas poderá ser disponibilizado em domínio público, o que seria um desfecho para a investigação íntima e inconsequente conduzida pelo Bureau (apelidada pelos próprios agentes da organização como um "tempo sombrio").


Enquanto questões como moralidade, racismo e liberdade navegam por toda trama, o documentário mostra a atmosfera pesada da época, em uma comunidade que vivia em constante estado de alerta para violência, segregação e mais injustiças. O contexto da guerra do Vietnã e todos os impactos diretos deste evento na comunidade negra também são destacados, mostrando a desvantagem política em que se encontrava Luther King e acompanhando suas ações pela causa até seu assassinato, em 1968.


Um documento de análise política e de valor atemporal, MLK-FBI é um recorte estratégico e perspicaz no retrato da luta do movimento negro por direitos civis e na hipocrisia dos Estados Unidos em seu discurso de uma terra para todos. O longa concorre ao prêmio de melhor documentário da mostra internacional do Festival, que vai até o dia 18 com acesso online e gratuito.


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