Escritora santista Chris Ritchie lança livro carregado de emoção

Romance une Glasgow, na Escócia, e em Santos

Por: Lucas Krempel  -  27/10/20  -  15:31
A quase perda do filho e uma história familiar inspiraram a escritora santista de 53 anos
A quase perda do filho e uma história familiar inspiraram a escritora santista de 53 anos   Foto: Divulgação

Uma experiência de quase morte do filho levou a escritora santista Chris Ritchie, de 53 anos, a escrever o romance Glasgow Green, que vem carregado de emoção. Lançado de forma independente, o livro tem muita inspiração familiar da autora.


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Além da influência do caso do filho, que aconteceu em setembro de 2012, quando ele passou por uma complexa cirurgia cardíaca, ficando 45 dias no hospital, Chris também buscou uma memória e tabu familiar.


“Comecei a escrever o romance que existia de forma germinal na minha cabeça desde a infância, acerca de uma tragédia na família: a morte do irmão caçula do meu pai escocês, aos 5 anos. Era um tabu, algo que se pretendia esquecer coletivamente e, portanto, de acordo com o costume da época, ninguém falava a respeito”.


A escritora conhecia o fato: “Baby Robert morreu envenenado”. Mas existia uma dificuldade maior para entender o que realmente havia acontecido. Um dos pontos que chamava a atenção é que a avó escocesa não comemorava o Dia das Mães. A mãe de Chris sempre inventava uma desculpa para a família passar lá de manhã e fazer companhia, sem presentes ou felicitações.


“Perguntei se era porque o Baby Robert tinha morrido que ela não gostava daquele dia. Minha avó então começou a responder. Por 35 anos ela tinha esperado alguém perguntar. A partir dali, passamos a conversar sobre a vida dela e, anos mais tarde, quando me vi neste lugar da mãe que poderia perder seu filho, entendi que eu era a escritora que destrincharia essa dor”, justifica.


Glasgow Green conta essa história junto com os fatos das duas guerras mundiais e conecta a dor de todas as mães que perderam seus filhos. “Diria que é, portanto, um romance que pretende dar voz e poder às mulheres. Ainda não sabemos como é o mundo com maioria feminina na liderança, mas temos algumas pistas”.


A obra se passa entre Glasgow, na Escócia, e Santos. Nascida na Cidade, a partir dos 18 anos Chris, por causa dos estudos, passou temporadas em Glasgow, mais especificamente em Cardross, onde morava a tia, prima do pai.


“Glasgow e Santos são importantes cidades portuárias e, mais recentemente, Santos também vem se afirmando como cidade universitária e referência cultural, especialmente na literatura – haja vista os quatro finalistas do Prêmio Jabuti 2020, Djamila Ribeiro, José Roberto Torero, Maria Valéria Rezende e Susana Ventura. Porém, acho difícil traçar paralelos entre uma cidade tão antiga (século 6), nada tropical, nada latina, e Santos. A ligação estreita entre elas é, para mim, de ordem emocional”.


Prima da premiada Maria Valéria Rezende, Chris conta que a partir de 2015, quando começou a publicar suas obras, conversou um pouco mais sobre livros e projetos com a prima. Um deles é uma coleção infantojuvenil com a prima escritora Ana Carolina Carvalho. A pandemia, no entanto, atrapalhou um pouco.


Independente


A decisão de optar pela publicação independente, sem estar atrelada a editoras, veio da experiência com suas quatro publicações anteriores, na qual o papel de autora implicou também na edição, divulgação, promoção e venda da obra com os mesmos 10% de ganho sobre o preço de capa.


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