Debute da banda Lacre das Virgens

Veterano do circuito roqueiro local, Washington Luiz, o Luizão, reuniu time de músicos da região para gravar o 1º álbum de estúdio

Por: Mário Jorge de Oliveira & Blog N' Roll &  -  07/06/20  -  15:49
Luizão está no rock há 40 anos, de várias formas: na plateia ou no palco
Luizão está no rock há 40 anos, de várias formas: na plateia ou no palco   Foto: Reprodução/YouTube

Enfim, um sonho construído lá atrás torna-se realidade. E tem nome: Seres Mutantes, o primeiro disco da banda Lacre das Virgens, que será lançado na próxima sexta. O grupo tem à frente um dos caras mais queridos no circuito roqueiro da Baixada Santista: Washington Luiz, ou Luizão, como é mais conhecido.


Seres Mutantes traz riffs e guitarras marcantes, com participações especiais de músicos da região em várias canções. Luizão formou a banda em 1995, inicialmente tocando covers de Led Zeppelin, Rush, Black Sabbath, Aerosmith, The Cult e Deep Purple. Um cardápio sonoro de primeira qualidade para agradar aos roqueiros, e a ele próprio, um devoto sem meio-termo do rock’ n’ roll. O grupo também acompanhava o cantor Cláudio Lunar, que faz cover de Raul Seixas.


A trajetória de Luizão vem bem antes disso. Mais precisamente em São Paulo no início dos anos 1970. Como tantos outros garotos, começou a trabalhar cedo. Arriscou-se na labuta como office boy e com o dinheiro que ganhava conseguiu comprar sua primeira guitarra, feita por um luthier. O ano, 1972, quando o universo musical lançava alguns dos álbuns mais emblemáticos da história: o Black Sabbath com seu Volume 4, o Deep Purple apresentava Machine Head, Alice Cooper atacava de School’s Out, os Stones com Exile On Main Street e The Allman Brothers foi de folk rock em Eat a Peach.


O País vivia tempos difíceis sob a ditadura do general Garrastazu Médici. Mas, garoto, esquivou-se do arriscado momento político para tocar, simplesmente. Entrou em uma escola de música e começou a aprender seus primeiros acordes. Nos anos 1980, Luizão montou a banda Apotheosis e chegou a se apresentar até na extinta TV Tupi, em um programa chamado Olimpop.


Depois disso, muita coisa rolou no Brasil e no mundo. O País retomava a normalidade democrática e a Guerra Fria chegava ao fim. O próprio Luizão percorreu caminhos diversos até se aposentar em outra função. Porém, como sonhos não envelhecem, lá foi ele reorganizar a turma para mais uma aventura. Até chegar ao disco: “É realmente emocionante, pois tem músicas que foram compostas há 40 anos. Lembro dos momentos, lugares e amigos, que tocavam comigo – alguns não estão mais entre nós. É um flashback”.


Desde que criou a Lacre das Virgens, Luizão vem dividindo palcos e estúdios com músicos freelancers. 


“Músicos muito bons têm passado pela banda. E para levar o projeto avante tenho o time. Quanto às composições, a maioria foi feita por mim, letra e música. E nas músicas antigas, que foram compostas long time ago, ponho o nome dos amigos que tiveram participação nas letras ou músicas”.


Homenagem aos precursores 


Com o álbum Seres Mutantes, a Lacre das Virgens soa com as claras influências das bandas Made in Brazil, O Terço, Casa das Máquinas e Rita Lee & Tutti Frutti, essas sim, precursoras do rock nacional. 


Para fazer o disco, o cara chamou músicos de renome da Baixada. São eles: Mauro Hector, que gravou o baixo das músicas O Clone e Atitude, além de ter feito os arranjos de guitarra para ambos os sons. Também participaram o batera Fernando Faustino e, nos backing vocals, Judith Gonzaga (sua filha), Aline Castellano (Miss Trouble), Shay Roll e Allan Lima (LPs & K7s), além do blues manBeto Gonçalves. Essas faixas foram gravadas no estúdio Vila Sossego, do produtor Flávio Medeiros.


Já as faixas Seres Mutantes, Clone Star Cover ,Dilúvio Sonoro, Metamorfose e Contos de Mel foram gravadas em 2006 no Estúdio MM, do produtor e guitarrista Miguel Mega (Last Joker), que também tocou guitarra, baixo e idealizou os arranjos dessas músicas. 


Luizão diz que nada disso seria possível sem a participação dos amigos. “Deram um sabor pra lá de gostoso ao trabalho”. Por isso, também chamou Digo Maransaldi, músico e designer gráfico, para criar a capa do CD, e a cantora Carla Mariani, que também é produtora e publicitária, para cuidar do trâmite de prensagem e lançamento das músicas nas plataformas digitais.


“Encaro esse CD como uma conquista, me sinto realizado sim no momento, e pretendo continuar tocando, fazendo shows, para compartilhar com a galera o bom e velho rock’ n’ roll brazuka”.


E pode vir mais por aí? “Quem sabe no futuro fazer um DVD, ao vivo, com um show lotado de amigos curtindo uma festa de celebração ao rock”.


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