De série em série: Jamie Foxx faz 4 personagens em novidade na Netflix

Em Meu Pai e Outros Vexames, ator vive um pai solteiro que precisa adaptar sua rotina com a chegada em casa da filha, após a morte da sua mãe

Por: Bia Viana  -  17/04/21  -  16:15
A série tenta resgatar os clássicos do humor com jovialidade
A série tenta resgatar os clássicos do humor com jovialidade   Foto: Divulgação

Retornando ao gênero que o tornou conhecido, o premiado Jamie Foxx volta às origens na série Meu Pai e Outros Vexames, criada e protagonizada por ele em parceria com a Netflix. Infelizmente, sendo bem fiel ao título, a série é um verdadeiro vexame em vários aspectos essenciais - entre eles, a perda da própria veia cômica, que parece ter parado no tempo e fugido às inúmeras mudanças sociais e culturais que vivemos nas últimas décadas.


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Na trama, Foxx vive Brian Dixon, um pai solteiro de Atlanta que precisa adaptar sua rotina com a chegada da filha Sasha Dixon (Kyla-Drew), uma adolescente cheia de personalidade que vem morar com o pai após a morte de sua mãe. Enfrentando a rotina puxada do trabalho e as dificuldades em se adequar à realidade da filha, Brian e Sasha vão buscando caminhos para melhorar sua relação, contando com o apoio do avô Pops (David Alan Grier) e a irmã de Brian, Chelsea (Porscha Coleman), que vivem junto com o pai e tentam unir a família.


Com uma sinopse facilmente aplicável a diversas sitcoms, a série tenta resgatar os clássicos do humor com jovialidade. Entretanto, soa como um número de comédia antigo, tirado da gaveta e encenado como na época em que foi escrito, sem a menor consideração às transformações do humor contemporâneo.


O viés crítico, recorrente no texto de antigos programas do gênero, também falha ao tentar abordar temas sociais importantes. Uma das tentativas do roteiro é mostrar um choque cultural entre diferentes gerações. A dinâmica falha terrivelmente, reproduzindo clichês da 'família conservadora' em contraponto à 'jovem progressista', que levam, por exemplo, a discussões rasas sobre religião e uso de drogas.


Jamie Foxx, reproduzindo a estratégia cômica clássica de comediantes como Eddie Murphy, faz quatro personagens secundários, que são caricatos e tão rasos quanto os principais. Em geral, os personagens não são desenvolvidos, o que dificulta nossa relação com eles - como o luto de Sasha, que enfrenta dificuldades para superar a morte da mãe, mas não tem o mínimo desdobramento para gerar simpatia. Várias piadas são forçadas e beiram ofensas, como os di


A sensação que fica, ao fim dos oito episódios, é que houve uma tentativa de tributo ao humor familiar, que ganhou destaque entre séries como The Jeffersons, Um Maluco no Pedaço, Eu, a Patroa e as Crianças, entre outras. Porém, para nosso descontentamento, a série desperdiça o potencial de Foxx entre piadas sem graça e muito papelão.


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