Crítica: 'Cemitério Maldito' - Você vai rir de nervoso!

Sustos e tensão estão garantidos no remake deste thriller

Por: Eduardo Abras & Colaborador &  -  10/05/19  -  11:40
  Foto: Divulgação

Stephen King é certamente o maior escritor vivo especializado em temas profundos de terror e suspense. Ele se deu até ao luxo de usar um pseudônimo (Richard Bachman) para ampliar o seu universo literário. A chama criativa deste norte-americano de 71 anos acendeu no começo dos anos 70, e não dá sinais que vai apagar tão cedo.


O cinema e a televisão aproveitaram muito suas obras. Delas surgiram longas, séries, minisséries e criações baseadas nos seus livros ou em alguns de seus sempre complicados personagens.


São dele alguns dos maiores sucessos do cinema de suspense que, nas mãos de diretores como Stanley Kubrick ('O Iluminado') ou Brian De Palma ('Carrie, a Estranha'), se tornaram clássicos do gênero e ajudaram a criar a carreira de novos atores, técnicos e até mesmo de diretores pouco conhecidos que atingiram o sucesso, às vezes, filmando as continuações.


Alguns de seus títulos na tela grande passam por um processo de releitura de novos diretores, com novas técnicas de captação, de efeitos especiais e visuais mais modernos, ou seja, os conhecidos remakes (refilmagem). Sempre dá certo, desde que seja feito com capricho ainda maior em relação à versão original. Isso já aconteceu com vários deles.


Agora, chegou a vez de um dos mais profundos temas retratados com requintes de crueldade: 'Cemitério Maldito' (1989) foi dirigido por uma mulher, Mary Lambert. Ela se tornou especialista no tema, com o roteiro e a participação especial de King. É um longa que custou pouco mais de US$ 11 milhões e faturou US$ 58 milhões.


Foi ele quem abriu a porta para uma continuação ('Cemitério Maldito II', 1992), também dirigida por Lambert, mas que acabou virando um fracasso de bilheteria. Não divulgou o gasto e a arrecadação ficou em pouco mais de US$ 17 milhões.


Chegamos aos dias de hoje. A Paramount anunciou o remake e colocou a direção nas mãos de uma dupla que já é especializada em filmes de terror e suspense.


A nova versão do longa conta a história do Dr. Louis Creed (Jason Clarke) que, depois de se mudar com a esposa Rachel (Amy Seimetz) e seus dois filhos pequenos de Boston para a área rural do Maine, descobre um misterioso cemitério escondido dentro do bosque próximo à nova casa da família.


Quando uma tragédia acontece, Louis pede ajuda ao seu estranho vizinho Jud Crandall (John Lithgow), dando início a uma reação em cadeia perigosa, que liberta um mal imprevisível com consequências horripilantes.


Houve uma mudança radical em relação ao filme de 1989. Quem sofre o acidente é a irmã mais velha de Gage, Ellie (Jeté Laurence). Essa troca, segundo Widmyer, não foi inventada do nada. Isso acontece no livro. “Nós colocamos isso de volta na trama, porque o filme de 1989 retirou e, como filme, funciona melhor com Ellie do que com uma criança de 3 anos”, disse. É a lição de casa bem feita.


Kölsch e Widmyer surpreendem com uma direção firme e muito cheia de detalhes. É o sonho de todo editor e que facilitou a vida de Sarah Broshar ('Jogador Número 1'), que nadou de braçada com as diversas opções. Os sustos em cortes rápidos e muito precisos deixam as pessoas rindo de nervoso dentro da sala de cinema. Uma característica muito forte de que a coisa está funcionando corretamente.


A fotografia do inglês Laurie Rose ('Operação Overlord') tem ajuda na maquiagem bem feita e detalhista. As sequências de 'Noite Americana' ajudam na concepção da fotografia nublada, que ele procurou para aumentar a tensão que o filme já gera.


A trilha sonora, assinada pelo maestro Christopher Young, cria um clima muito hostil nas falas bem representadas pelos atores e ponteadas com acordes fortes. Isso tem um resultado talvez até maior que o esperado: o filme, que custou US$ 21 milhões e está em cartaz nos EUA desde 5 de abril, já faturou mais de US$ 100 milhões e estreou no Brasil nesta quinta (9).


Na nova avalanche de filmes alternativos em gênero, para encarar a overdose de super-heróis que invadiu as telas, encontra-se nesse remake um ótimo exemplar. Uma opção muito boa para quem gosta do tema, com qualidade e quantidade e, claro, deixa aberta a possibilidade de ter continuação.


Logo A Tribuna
Newsletter