Uma artista santista acaba de ser reconhecida internacionalmente pela iniciativa cultural para o desenvolvimento da sociedade. A atriz Renata Carvalho foi selecionada para uma bolsa de US$ 7 mil (cerca de R$ 36 mil) pelo projeto Movimento Nacional de Artistas Trans (Monart).
A seleção foi feita por meio de rigorosa revisão por pares e procedimento de votação realizado por ex-bolsistas e conselheiros da Afield, uma rede internacional que apoia artistas pelo mundo todo.
Renata foi indicada pela dançarina Lia Rodrigues e concorreu com outras 20 propostas, ficando entre as três finalistas premiadas. Além da santista, foram premiados o escritor Shawon Akand, de Bangladesh, e a cineasta Sevinaz Evdike, da Síria.
“Com esse prêmio, esse vai ser o primeiro ano tranquilo na minha vida depois de muito tempo. A bolsa vai me proporcionar continuar estudando e desenvolvendo minha pesquisa. Ainda mais neste momento, onde é muito difícil atuar na arte e ser uma travesti no Brasil”, conta ela, que se prepara para começar o terceiro trimestre na graduação de Ciências Sociais.
Mais trabalhos
Apesar da pandemia, Renata conta que 2020 foi um ano bem produtivo. O seu Manifesto Transpofágico vai se transformar em um livro, publicado no próximo ano pela Editora Cobogó por uma premiação da Lei Aldir Blanc. O texto, que faz parte de um monólogo teatral, é fruto de uma pesquisa que ela desenvolve desde 2007 sobre corpos travestis e trans na arte.
A pesquisa também resultou no média-metragem Corpo: sua autobiografia, documentário estrelado por Renata Carvalho e dirigido pela também santista Cibele Appes, que apresenta um corpo em isolamento social e familiar. Um corpo isolado não apenas pelo coronavírus, mas pelos muros erguidos a ele por ser travesti. A produção, que está disponível no canal do YouTube do Sesc Pompeia, deve virar um longa no próximo ano.