70 anos da TV brasileira: Baixada Santista também se vê na telinha

O Porto de Santos foi destaque na teledramaturgia, aparecendo em Terra Nostra, em 1999, quando imigrantes italianos chegavam por aqui

Por: Egle Cisterna & Da Redação &  -  27/09/20  -  11:55
  Foto: Vanessa Rodrigues/ AT

Ao longo destes 70 anos, a TV não mostrou apenas a Baixada Santista em seu noticiário. As cidades da região, suas belezas e peculiaridades também serviram de cenário para muitas produções. O primeiro episódio do icônico seriado Vigilante Rodoviário, exibido pela TV Tupi, em 1961, O Roubo do Diamante Gran Mongol, foi gravado em Santos, por exemplo.


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Outro sucesso de público, a primeira versão da novela Mulheres de Areia, da autora vicentina Ivani Ribeiro, teve como pano de fundo de algumas cenas a Praia dos Pescadores (também conhecida como Praia do Sonho), em Itanhaém. O folhetim tinha no papel principal Eva Wilma, que interpretava as gêmeas Ruth e Raquel, e também foi ao ar pela TV Tupi, em 1973.

O Porto de Santos também foi destaque na teledramaturgia, aparecendo em Terra Nostra, em 1999, quando imigrantes italianos chegavam por aqui. O grande público da TV ainda viu os grandes equipamentos portuários em Deus nos Acuda, de 1992, onde a atriz Claudia Raia interpretou a filha de dois trambiqueiros que atuavam no Porto de Santos. Por conta disso, o público assistiu La Raia até andando nas coloridas catraias que fazem a travessia entre Santos e Guarujá.


A minissérie Um Só Coração foi outra produção que aproveitou o cenário característico da Rua do Comércio, Bolsa do Café e todo o entorno do Centro Histórico de Santos para retratar as décadas de 1920 e 1930. Passaram por aqui para as gravações atores como Ana Paula Arósio e Tarcísio Meira.

A minissérie Hebe, que está sendo exibida na Globo, também tem algumas cenas que usaram o Centro de Santos como pano de fundo, assim como a série da Globoplay, Onde está meu Coração.

No ano passado, o remake de Éramos Seis utilizou a mesma região para ambientar a hospedaria dos imigrantes que chegavam ao País. A produção também transformou as praias santistas em set de filmagem. Já a paisagem de uma praia mais deserta, onde foram encontradas pessoas congeladas no tempo, levou as imagens do Guarujá ao ar na novela O Tempo não Para, de 2018.


Paulo Vilhena


Na minha infância, assim como na de muitos brasileiros, eu tinha o hábito de assistir novelas. Uma das lembranças desse período que mais me marcou foi a de assistir Roque Santeiro. Me assustava a história do lobisomem. Aquilo me marcou. Era um misto de medo, curiosidade e diversão. Não era um sonho de infância trabalhar em TV. Isso foi acontecendo muito naturalmente na minha vida, numa sequência que foi me conduzindo até a teledramaturgia. Me lembro fazendo publicidade, aos 17 anos. Quando pisei pela primeira vez em um set, fiquei encantado. Vi no que se transformava aquele trabalho, que envolvia uma grande equipe.


Tive um feeling que aquele era o lugar que ia me deixar feliz. A simplicidade de Santos, do caiçara, me ajudou muito na carreira.


Minha cidade é maravilhosa e amo ser um representante dela nas artes. Principalmente porque nossa terra é um celeiro de grandes nomes. O meu primeiro papel foi em Sandy & Junior, mas tive uma escolha dentro da minha trajetória de me descolar dos estereótipos que me foram dados. O fato de ter trabalhado também no teatro e no cinema me deram a oportunidade, na TV, de criar personagens diversos e não ficar justamente nestes estereótipos, mas criar personas que fossem marcantes para o público. A TV ainda é o maior veículo de comunicação de massa, principalmente pelo fato de a internet não ser de acesso a um percentual gigante da população.


A TV foi muito forte nestes 70 anos e tem um caminho muito grande pela frente a ser trilhado, principalmente na teledramaturgia. As novelas estão enraizadas na cultura do brasileiro, pois é uma das formas de entretenimento mais vistas no País. E deve continuar assim. A dramaturgia deve se manter em novos formatos. Mas vai ter que se reinventar, assim como o jornalismo, os esportes, para continuar forte junto ao público.”


Ator santista, 41 anos.


Juliana Silveira


“Eu brinco que fazer parte da história da televisão é destino. Faz parte da minha infância e das minhas memórias a TV de tubo na sala, todo mundo reunido em volta do aparelho para assistir aos programas. Tenho até aquela foto tradicional de uma geração posada ao lado da TV.


Quando era pequena, eu maratonava os programas infantis da Xuxa, Angélica, Domingo no Parque. Com 13 anos, numa excursão que minha tia fez para o programa da Angélica, em São Paulo, eu estava na plateia e recebi o convite para trabalhar com ela.


Esse foi o meu início na TV, mas, com 17 anos, achei que ia parar, pois não tinha planos de ser atriz. Mas passei num teste para a Oficina de Atores da Globo e, hoje, não sei viver sem atuar. Faço de tudo, em várias plataformas, mas o que eu gosto mesmo é de estar em um estúdio. O cheiro dele, aquele ar-condicionado bombando, é como se eu estivesse na sala da minha casa. Laços de Família, que está reprisando agora, foi um grande aprendizado para mim. Estar 12 horas por dia em um estúdio, ao lado de ídolos como Tony Ramos, foi uma escola.


Depois, veio a minha primeira protagonista, a Júlia, de Malhação, que foi muito importante para mim. Na sequência, fiz Floribella, que também está reprisando agora, fez sucesso em um canal voltado ao esporte. Ali aprendi que podia cantar, fazer shows.


Nas reprises, que acontecem porque é um conteúdo de qualidade e por isso têm audiência neste período de pandemia, vejo que melhorei muito como atriz.” Talvez a TV aberta esteja perdendo um pouco do seu público porque há uns 15 anos deixou de investir na programação infantil e esse telespectador futuro foi caminhando para onde tinha conteúdo para ele, nos canais por assinatura e, hoje, na internet. Nunca vejo nada na TV aberta para crianças e adolescentes. Temos o desafio de criar uma relação com a TV aberta com essa nova geração.”


Atriz santista, 40 anos





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