Nomofobia: quando o medo de ficar longe da internet acende o alerta

Relação com eletrônicos e internet pode ter o efeito de drogas psicoativas para algumas pessoas. Aplicativos e dicas de especialistas auxiliam a combater a necessidade de sempre estar conectado

Por: Eduardo Brandão  -  01/03/20  -  22:02
TIM, Claro e Vivo devem voltar a liderar a disputa pela Oi
TIM, Claro e Vivo devem voltar a liderar a disputa pela Oi   Foto: Arquivo/AT

Você desperta do sono com o som escolhido em seu smartphone. E mal abriu os olhos, já verifica mensagens não lidas, e-mails e a agenda de compromissos em poucos toques na tela. Fica alguns minutos a mais na cama para espiar as redes sociais e ler os portais de notícias. Situações que vão te acompanhar ao longo do dia, inclusive durante as refeições e a tradicional pausa para o café. 


Podemos cravar sem ter medo de errar: é impossível sobreviver sem tecnologia. O problema da imersão ao mundo hiperconectado é o seu alto poder viciante. Ocasião em que é preciso acender o alerta quando o comportamento está sendo moldado pela dependência no celular. Se essa for sua situação, relação de aplicativos abaixo auxilia a reduzir a dependência tecnológica. 


>> Confira o infográfico com mais informações sobre o assunto


Estudo da Universidade Estadual de São Francisco, na Califórnia (EUA), classifica essa dependência como um vício, com efeitos similares ao uso excessivo de substâncias psicoativas. Tanto que batizou essa necessidade de sempre estar conectado de nomofobia – medo de permanecer longe de aparelhos ligados à internet.


O especialista em psicoterapia comportamental e professor da Unimes, Pedro Quaresma Cardoso, afirma que as aplicações em celulares e na internet são pensadas para “prender” a atenção do usuário. “A pessoa fica numa busca frenética por recompensa, que pode ser uma curtida em uma foto, uma mensagem ou match num aplicativo de relacionamento”. 


Ele explica que comportamento de vício em celular forma conexões neurológicas iguais às de dependentes em álcool ou substâncias químicas. O especialista indica outro risco: necessidade de sempre estar de olho nas redes sociais. 


Conforme o estudo da universidade norte-americana, os usuários de aparelhos eletrônicos com mais frequências se sentiam isolados, deprimidos e ansiosos. São sensações ocasionadas pela ausência de relações pessoais. “Como parte dos pais passa algum tempo nas telas, isso faz com que os mais jovens também façam isso”, continua Cardoso. 


Outro ponto indicado no estudo comportamental é a capacidade de multitarefas. Assim, é comum estudar, alimentar-se ou assistir a uma aula enquanto fazem o consumo de mídia via celulares. Os cientistas alertam que o constante número de atividades reduz o tempo em que o corpo e mente têm para descansar. 


A jornalista espanhola Marta Peirano, autora do livro El enemigo conoce el sistema (O inimigo conhece o sistema, em livre tradução) classifica esse cenário de “economia da atenção”. Situação na qual o celular “sequestra” nossa energia, horas de sono e até da possibilidade de amar.


“Há algumas medicações que ajudam a controlar os impulsos, mas isso ainda é muito discutido (na comunidade médica)”, continua o especialista em psicoterapia comportamental. Contudo, ele aconselha técnicas alternativas, como o auto-controle. “Ajudaria a sair dessa teia de aplicativos e ter mais controle pela própria vida”.


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