Workaholic saiu de moda?

Profissionais de diferentes níveis hierárquicos, até chefes, estão redefinindo suas prioridades no mercado de trabalho

Por: Estadão Conteúdo  -  15/04/24  -  05:30
Dados mostram uma mudança significativa no cenário profissional,
Dados mostram uma mudança significativa no cenário profissional,   Foto: AdobeStock

Dados mostram uma mudança significativa no cenário profissional, onde a crescente busca pela qualidade de vida, incluindo saúde física, mental e emocional supera o tradicional foco de ascensão de carreira, principalmente entre os mais jovens.


A trainee Isabela Chaves é um exemplo. Ela destaca os benefícios do sistema híbrido de trabalho. “Hoje vivemos num momento muito bom. O trabalho híbrido traz um equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, e prezo por isso. Consigo fazer exercício físico, me alimentar melhor e não fico no trânsito. É fundamental para um rendimento muito melhor”.


Thomas Firmani, executivo de vendas júnior, concorda. “A minha geração, entre os 20 e 25 anos, olha muito para uma qualidade de vida. O jovem não quer ser visto como uma referência de trabalho excessivo, e sim, por fazer seu trabalho e conseguir ter uma vida. A gente pensa na carreira, mas o sucesso que procuramos é mais o pessoal do que o profissional”.


Pesquisa

A pesquisa Carreira dos Sonhos, da Cia de Talentos, feita no ano passado, confirma essa tendência apontadas pelos jovens profissionais. Para todos os públicos, qualidade de vida está em primeiro lugar.


“Anteriormente, o sucesso profissional era considerado a prioridade máxima por 67% dos 72.593 entrevistados em 2016. No entanto, os dados mais recentes mostram uma mudança significativa: agora, 56% dos respondentes apontam a qualidade de vida como a relevância número um, enquanto apenas 10% consideram trabalho e carreira como o mais importante”, explica Danilca Galdini, diretora de Insights da Cia de Talentos e responsável pela pesquisa.


O estudo adotou uma abordagem quantitativa, utilizando um formulário on-line para mapear mudanças comportamentais em profissionais e identificar tendências entre diferentes estratos hierárquicos. Com 91.380 respondentes, o público-alvo incluiu estudantes universitários e profissionais graduados em todo o País.


Para Galdini, todas as últimas pesquisas, mostram que as pessoas estão repensando o papel do trabalho, de qual espaço que elas querem que ele ocupe em suas vidas. “As pessoas esperam sim ter reconhecimento, trabalhar com propósito, ter uma remuneração justa, tudo isso continua, mas com esse olhar de que trabalho é uma parte da minha vida, e não pode ser a minha vida toda”, completa.


Satisfação pessoal

Outro aspecto destacado pela pesquisa é o aumento da satisfação pessoal entre os profissionais jovens. Cerca de 77% deles afirmaram estar satisfeitos com seu próprio desempenho profissional, destacando uma mudança na percepção individual em relação ao trabalho e à carreira, evidenciando um crescente olhar interno em busca de propósito, estabilidade e conforto.


Os empregadores também já não querem mais os viciados em trabalho. “Estamos nesse processo de aprender que qualidade de vida é a prioridade absoluta. Eu nunca vou privilegiar os workaholics, as pessoas que estão dedicando horas, que trabalham no final de semana, isso é uma coisa que não cultivo dentro da minha equipe. Penso que sucesso profissional está ligado a autonomia, reconhecimento e propósito”, conta Vanessa Gonçalves, diretora sênior de logística de uma empresa na Capital.


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