Entrevista: Eduardo Moscovis em dose dupla

Ele estará no ar com o mocinho clássico de Alma Gêmea e com o avarento e mal-humorado Quintino, em No Rancho Fundo

Por: Fernanda Lopes  -  28/04/24  -  18:45
  Foto: Manoella Mello/Globo/Divulgação

O público vai voltar a viajar pelas décadas de 1920 e 1940, com o casal Serena (Priscila Fantin) e Rafael (Eduardo Moscovis), em Alma Gêmea, no Vale a Pena Ver de Novo, da TV Globo. A partir de amanhã, a trama, criada e escrita por Walcyr Carrasco, com a direção artística de Jorge Fernando, volta ao ar dividida em duas fases, com início nos anos 20 e ambientada, na sequência, nos anos 40. Na história, Rafael tem a chance de recomeçar, após ter sua vida marcada por uma tragédia.

O botânico, que cria rosas, se apaixona por Luna (Liliana Castro), uma jovem bailarina doce e delicada. Um amor à primeira vista. Logo, eles têm um filho, mas um assalto armado pela governanta da casa, a amargurada Cristina (Flávia Alessandra), provoca a morte da jovem. Vinte anos depois, o botânico é surpreendido pela chegada da empregada Serena (Priscila Fantin), que desperta sua atenção.

Um sinal de nascença no mesmo lugar onde Luna levou um tiro, e outras semelhanças com a amada que se foi, o fazem acreditar novamente no amor. Além deste papel emblemático, Eduardo Moscovis está na telinha em No Rancho Fundo, onde faz Quintino Ariosto, pai adotivo do protagonista Artur (Túlio Starling) e marido de Dona Manuela (Valdineia Soriano).

Milionário recluso e avarento, é um homem ranzinza, duro e mal-humorado. Trata-se de uma espécie de vilão, bem diferente do seu papel em Alma Gêmea, um clássico mocinho.


Como construiu o Rafael de Alma Gêmea, que fez tanto sucesso na sua carreira?


Rafael é um herói clássico, um mocinho romântico clássico, potencializado por ser uma novela de época, o que ajuda bastante nesse romantismo. Ele é um cara muito ético, íntegro e perde o seu amor muito jovem. Passa uma grande fase da vida enlutado, com a casa fechada, deixa a barba crescer, não se relaciona com ninguém. É amargurado, triste, um personagem clássico e lindo que ainda cria rosas. Ele cria uma rosa branca, que simboliza o amor dele, esse amor eterno pela Luna.


Qual foi a cena mais difícil de gravar durante Alma Gêmea? E a mais divertida?


A cena mais difícil foi a sequência final, próxima à morte do Rafael, do incêndio. É uma sequência mais delicada porque também tinha muita emoção. As cenas na pensão eram sempre muito gostosas de fazer, as com Ana Lucia Torre e Flávia Alessandra também, porque eram mãe e filha. Elas eram as vilãs dessa história. Nos divertíamos quando ensaiávamos com as maldades e as estratégias delas.


Quais foram os momentos mais difíceis de Rafael na trama?


O Rafael passa muito tempo na novela nessa dúvida em relação a Serena. Tinham sequências longas e difíceis, em que ele ficava com muita dúvida, se sentia angustiado.


Quais as principais lembranças que guarda desse trabalho e da rotina de gravação?


Lembro muito do Jorge Fernando, um querido (o diretor morreu em 2019, aos 64 anos). Tinha um ritmo e um astral peculiares. Ele imprimia um humor nas gravações, mas acho que o que mais me marcou foi a forma como fui convidado pelo Walcyr Carrasco. Eu estava gravando Senhora do Destino, uma novela das nove, e estava viajando em turnê com um espetáculo que produzia, que era o Tartufo. Eu gravava a novela no meio de semana, até sexta, e viajava os finais de semana em turnês pelo Brasil. O ritmo de trabalho estava muito puxado. Um dia saímos do estúdio e encontrei o Walcyr sentado numa das cadeiras da sala de maquiagem. E Walcyr me disse: “Quero falar com você”. Aí me deu um nervoso. Eu pensei naquele volume de trabalho que estava e pedi cinco minutos. Ele já tinha o anel pronto e me contou rapidamente a sinopse. Tive menos de um mês entre o final da Senhora do Destino e o começo da gravação de Alma Gêmea.


Como foi a parceria com o elenco?


Foi ótima. Ela (Priscila Fantin) sempre muito querida, atenta, envolvida no trabalho, é parceira de jogo de cena. Foi muito bom trabalhar com a Priscila, como foi bom também trabalhar com a Flávia. Tínhamos um elenco muito potente, bom de contracenar. Com Liliana Castro também foi muito legal de trabalhar, ainda fiz um espetáculo com ela também. Ela fez um personagem muito difícil, muito delicado. Foi muito bom fazer.


Gosta de rever trabalhos antigos? De que forma mexem com você?


Eu não fico revisitando os trabalhos antigos. Eventualmente acontece, principalmente em novela que reprisa no Vale a Pena Ver de Novo. Alma Gêmea certamente vou assistir bastante coisa, até porque gravo No Rancho Fundo, e a novela vai passar enquanto espero para gravar ou estudo. Não mexe muito porque é um contexto, um momento, uma fase. Faz parte da vida. Às vezes remete para aquele momento pessoal que eu passei.


Você estará no ar em No Rancho Fundo e em Alma Gêmea. Já teve essa experiência? Qual a expectativa para as duas?


Esse tipo de situação não lembro de ter passado. Alma Gêmea tem quase 20 anos e é uma novela completamente diferente de No Rancho Fundo. É uma novela de época, personagens diferentes um do outro. Não sei exatamente o que esperar, mas vai ser uma experiência que eu vou ter que passar, mas vai ser bom ver meus trabalhos, muito legais, cada um no seu lugar, na sua existência.


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