De vespas a baratas, livro revela os segredos do mundo dos insetos

Imagine uma barata daquelas bem cascudas morando no Palácio do Planalto e ostentando, orgulhosa, a faixa de presidente da República. Essa hipótese não é um pesadelo de Kafka, mas fruto de uma afirmação da bióloga norueguesa Anne Sverdrup-Thygeson, no livro Planeta dos Insetos, recém-lançado no País: a de que são eles, os insetos, e não nós, os humanos, quem está no poder. 

Com o subtítulo de Estranhos. Úteis. Fascinantes. Saiba tudo sobre os Minúsculos Seres dos Quais Depende Nossa Vida, a obra propõe um mergulho nos usos e costumes dessa eminência parda global, que ora passa zunindo ao redor de nossos ouvidos, ora pulsa na nossa pele, mas da qual a nossa própria vida depende. 

“Meu desejo para o livro é que ele ajude a abrir os olhos de mais gente sobre o estranho e maravilhoso mundo dos insetos. Como dizia um entomologista canadense, ‘o mundo é rico em pequenas maravilhas, mas tão pobre em olhos que as vejam”, diz a autora, em entrevista pela internet. 

Além da barata mencionada na abertura desta matéria, passeiam pelas páginas borboletas, mosquitos, abelhas, vespas, moscas, besouros, formigas, joaninhas, piolhos, cigarras, vaga-lumes, entre outros, muitos outros. Tantos, aliás, que há estimados 200 milhões de insetos para cada ser humano vivo, segundo calcula Anne. 

“Uma razão importante para o enorme sucesso dos insetos é que eles podem voar, uma inovação engenhosa que deve ter ocorrido há 400 milhões de anos! Os insetos tinham acesso a algo único: alados, podiam alcançar alimentos no alto das plantas de modo muito mais eficaz, driblando os inimigos presos ao chão”. <MC1>
a quem já viu um...

Planeta dos Insetos é o livro de estreia de Anne e já foi traduzido para 23 línguas – sucesso que ela nunca imaginou obter. Especialmente porque a obra foi primeiro concebida para ser um “guia de campo” a quem quisesse conhecer os insetos e não um thriller, recheado de dramas e momentos tocantes sobre a vida natural minúscula. 

“Eu queria escrever um livro para todos que já tivessem entrado em contato com um inseto – ou seja, quase todo mundo”, ri. 

Nada mal para quem sempre foi curiosa com a natureza, mas sem uma predileção pelos insetos. Em suas excursões familiares pelas florestas – algo bastante comum na Escandinávia –, fosse para acampar, no verão, ou colher cogumelos, no outono, eles simplesmente estavam lá. 

“Mais do que dos insetos, eu gostava de todos aqueles detalhes e conexões, desde os nomes das flores e frutos ensinados pelo meu avô”, recorda. 

De todos os tamanhos e cores

No livro, aprendemos o óbvio, mas que quase sempre nos escapa: eles estão em toda parte. Onipresença, aliás, conveniente àqueles que mandam no mundo de fato. Têm uma palheta de cores de dar inveja a pintores renascentistas e uma variação de tamanho considerável. 

Há desde a vespa Kikki huna que, com seus 16 milímetros, só pode ser percebida pelo microscópio, até o bicho-pau chinês Phryganistria chinensis zhao, com seus 62 centímetros – diferença superior a 59 mil vezes. 

Por outro lado, os insetos costumam ser bem esbeltos. O mais pesado do mundo, com seus respeitáveis 100 gramas, tem o nome sugestivo de besouro-golias.

Muito mais do que curiosidades ou estranhezas, o livro também lembra a importância capital dos insetos para a manutenção da nossa própria vida. Polinização, decomposição, formação de solo... são muitos processos em que estão envolvidos. Ainda assim, há quem tenha medo e os renegue. 

“Insetos são as pequenas ‘rodas dentadas’ da natureza que fazem o mundo girar. Sem eles, nós não sobreviveríamos. Por isso, merecem respeito”. 

Planeta dos Insetos
192 páginas
Matrix Editora
R$ 42,00