Restaurantes da Baixada Santista planejam possível retorno e pedem incentivos

Reformas, ampliações, adequações e cautela estão entre as ações

Por: Fernanda Lopes  -  03/07/20  -  18:01
Restaurantes se planejam, mas com preocupações
Restaurantes se planejam, mas com preocupações   Foto: Foto adobe Stock com arte de Monica Sobral

Como serão os restaurantes após a reabertura, que pode acontecer este mês caso o Governo do Estado aceite o pedido do Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista (Condesb) para que as cidades migrem à fase amarela? Essa questão também tem sido discutida e analisada pelos próprios donos de estabelecimentos de alimentação fora do lar, cujo setor tem passado dificuldades de se manter funcionando nesse período, com quedas bruscas no faturamento. Mesmo com a reabertura, os restaurantes só poderão funcionar de dia e com 40% da capacidade, o que preocupa também por conta de custos.


A maioria já se planeja para esse retorno, mas enfatiza: será um dia após o outro.


“A única maneira de trabalhar é dia a dia, um após o outro. Se não há previsibilidade de normalização, não há como prever outras situações à frente”, diz Thiago Rodrigues, do Ao Chopp do Gonzaga. “Iremos atender aos protocolos, mas não podemos prever o comportamento do cliente. Vamos apostar em promoções e novidades para atraí-los”. 


O ELO Gastronomia passou a fazer delivery e criar menus diferenciados a cada semana. Para o retorno, o chef e sócio, que também é médico, Eduardo Lascane, diz que poucas mudanças precisarão ser feitas, já que o restaurante já trabalha com mesas distanciadas e outros cuidados preconizados como vestiários para os funcionários e limpeza rígida. “Estamos vendo alternativas de cardápios on-line e plastificados para os clientes se sentirem mais seguros.”


O empresário destaca, no entanto, que acredita ser necessária a prorrogação por parte do governo de algumas medidas como o acordo de redução da jornada, já que as casas trabalharão com menor fluxo.

Refomas
Na Cantina Babbo Américo, o período fechado tem sido utilizado para uma reforma. “Estamos ampliando a cozinha, renovamos os banheiros e vamos dar maior espaçamento entre as mesas quando voltarmos”, diz Américo Junior. Ele ressalta que a cantina já tinha um serviço de entrega consolidado e que teve crescimento. 

“Ganhamos nova clientela. Antes, o delivery respondia por 40% do nosso faturamento e hoje dobrou. Mesmo assim, suspendemos contratos de funcionários da nova casa, no Praia Palace Food Market, que tinha acabado de abrir. Serão recontratados assim que houver a reabertura”. 

O Lorient Bistrô não instalou delivery. Colocou somente alguns produtos para a entrega como os sorvetes artesanais. Para a reabertura, está adaptando a casa para atender somente na parte externa, aberta. Na frente será montado um empório. “Era um plano antigo e que agora sairá do papel”, diz o chef e sócio João Souza. 


Apoio


Dario Costa, do Madê, não fazia delivery, por opção, antes da pandemia. Assim como no ELO, seu restaurante sempre se notabilizou por oferecer uma experiência completa ao cliente, da entrada à sobremesa, com vinho, café e tudo que a cena gastronômica pode oferecer. Com o fechamento do salão, implementou delivery e incluiu pizza no menu. Mesmo com o sucesso, ele conta que o faturamento é cerca de 30% do que fazia, justamente por não incluir tudo o que um jantar no salão pode oferecer.


“Os custos da estrutura continuam os mesmos. Precisamos de apoio dos governantes, com isenções fiscais e linhas de crédito para mantermos o quadro de funcionários”.


Com um delivery que já era mais forte do que o atendimento em salão, Viviam Brum, franqueada do China in Box, diz que as duas primeiras semanas assustaram porque o delivery também caiu quase a zero. Mas depois, houve recuperação. Ela diz que teme a reabertura.


“Vão ter vários lugares abrindo ao mesmo tempo, o salão não vai ter esse aumento de demanda. Vamos ter que pagar o funcionário e ao mesmo tempo não estaremos com o fluxo de caixa. Será um grande desafio e a pessoa jurídica foi esquecida pelos governos. Precisamos de apoio”. 


Região aguarda posição do Estado


O prefeito Paulo Alexandre Barbosa, que preside o Condesb, enviou um recurso ao Centro de Contingência do Coronavírus do Governo do Estado. No documento, o órgão contesta a classificação que manteve a Baixada Santista na fase laranja – na qual os restaurantes, bares e similares podem o atender só por delivery.


 
O recurso apresenta dados (taxa de ocupação de leitos, índice de óbitos por covid-19, entre outras informações) que comprovariam que a região já atende os requisitos para entrar na fase amarela, que permite o abertura de restaurantes, bares e similares nas seguintes condições: funcionar somente com áreas arejadas (proibido ar condicionado), capacidade 40% limitada, horário reduzido (6 horas), horário de funcionamento limitado até 17h ou seguindo o regramento do estabelecimento em que se encontra adoção dos protocolos padrões e setoriais específicos.


Até o momento não há uma resposta do Centro de Contingência do Coronavírus do Governo do Estado.


Demissões


Segundo o Sindicato dos Bares, Hotéis e Restaurantes já houve 30 mil demissões no setor na região com queda média de 70% no faturamento. 


“Durante esse três meses, buscamos respostas do governo e renovamos as esperanças nas promessas: esperamos pelos recursos do Pronampe, e não foi aprovado; esperamos pela decisão do presidente em postergar o pagamento dos funcionários, e também não tivemos resposta; e neste momento esperamos pela mudança de fase para reabertura”, colocou o presidente do Sindicato, Heitor Gonzalez, que também é proprietário do Restaurante Rufino’s.


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