Esconderijo que deve ser descoberto

Hideout, no Gonzaga, é dica para explorar bons drinques

Por: Fernanda Lopes  -  23/11/19  -  11:11
Quintal no fundo da casa comporta 40 pessoas em mesas coletivas, onde ocorrem também degustações
Quintal no fundo da casa comporta 40 pessoas em mesas coletivas, onde ocorrem também degustações   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

Acompanho o setor gastronômico da nossa região atentamente (e profissionalmente) há quase 15 anos e, por isso, me empolgo quando algo fora do lugar comum abre as portas. Se bem que, nesse caso, vou falar de um local que tem as portas fechadas, literalmente. E isso faz parte do diferente. Vou explicar: inspirados nos antigos bares clandestinos que surgiram na época da Lei Seca norte-americana, quando era proibido vender e consumir bebida alcoólica, o apaixonado por coquetelaria, Marcelo Malanconi e a sommelier de cervejas, Aline Araújo, idealizaram o Hideout Speakeasy. 


Speakeasy era o nome dado a esses bares que burlavam a lei para saciar a sede de quem queria um bom drinque. Claro, o Hideout (esconderijo, em inglês) não está na clandestinidade, mas aposta no charme e mistério de ser um bar ‘escondido’. 


O que isso quer dizer? Você não vai encontrar uma placa na fachada e as portas são mantidas fechadas (mas não trancadas, é só abrir). Até mesmo suas redes sociais são privadas. É preciso ser aceito. Mas para por aí. Fique tranquilo, porque não se trata de um local elitista, que selecione a clientela. Ali, basta gostar de beber para entrar. E, mesmo se não gostar, vai acabar mudando de ideia. Eu mesma fui convertida à ‘seita’ de adoradores do clássico Negroni por conta do Hideout. 


Achava o drinque amargo além do ponto, mas ali, onde o proprietário é um especialista nessa receita, fui seduzida. Aliás, o Negroni é destaque na carta, aparecendo em oito (!) versões. Para começar experimente o White, mais suave e feito com Gin, vermute branco e Lillet (R$ 38). Depois, encare o tradicional, pois se essa criação italiana é sucesso há 100 anos é porque tem algo especial. Ali, é preparado com rigor: 3 partes iguais de vermute vermelho Carpanno Clássico, gin Beefeater e Campari. Vem servido em um sofisticado copo com uma enorme pedra de gelo, que tem a logomarca do bar em relevo. O cubo não é grande à toa. É para não derreter até o copo estar vazio. Nada de bebida aguada. Se quiser um toque diferente, prove o Negroni com café. 


Eu sei, a legião de recém-aficionados por gin está esperando eu falar dele. Pois, fiquem tranquilos, há muitas opções. Desde o drinque do James Bond, o Dry Martini, com gin, vermute seco, Noily Prat e azeitonas (R$ 38) até o mais vendido, o Eden Flower (gin, suco de limão siciliano, licor de flor de sabugueiro e xarope simples/R$ 38)


Ainda há alquimias com protagonismo do whisky, como o Old Fashioned Cinnamon (whiskey americano, bitter, simple syrup com uma canela queimada/R 38). Até mesmo o clássico dos botecos, o Rabo de Galo, ganha roupa de festa no balcão iluminado do Hideout. Ele é feito com cachaça mineira Tiê, Cynar e vermute vermelho, sendo envelhecido na amburana com canela/ R$ 38). 


Quem ainda não se rendeu à coquetelaria não fica de boa seca. Há vinhos naturais da Vinhas do Tempo, do Rio Grande do Sul, e também orgânicos franceses. As cervejas, obviamente, foram escolhidas a dedo por Aline, que entende tanto disso que é colunista do Boa Mesa. 


Todo esse zelo com a escolha das bebidas, o preparo cuidadoso e a proposta de mistério não são os únicos ingredientes do sucesso do bar, aberto há seis meses na Rua Bahia. Marcelo e Aline são anfitriões diferenciados. Gostam de receber, adoram falar sobre o que fazem e descobrir o que irá fazer o cliente feliz naquela noite. 


Eu, por exemplo, fiquei bem feliz ao acompanhar meu Negroni com uma tábua de queijos especiais (R$ 30, para duas pessoas). Um deles, um parmesão maturado no café, foi uma das coisas mais diferentes que já provei (olha que eu tenho rodagem nisso...). Também pedi um sanduíche com carne de porco desfiada com sour cream (R$ 30), criado por Felipe Prieto, da Seven Kings. Estava ótimo. Da próxima vez, provarei o de camarões com maionese verde e alface no pão de cará (R$ 35).


Por fim: uma das minhas coisas preferidas no Hideout: você pode sentar no balcão, como a gente vê em filmes, em que o personagem sai do trabalho e vai tomar o seu drinque conversando com o barmen... E não se intimide de ir sozinha ou sozinho, pois isso é comum por lá. Se preferir, tem ainda um quintal coberto, com capacidade para 40 pessoas. Última dica: seguindo a atmosfera misteriosa, há um menu secreto de coquetéis. Peça para ver. Sempre há novidades a serem descobertas.


Cursos
No local também funciona a Escola Líquida, dos mesmos proprietários. No momento,
há inscrição aberta para curso básico em mixologia, workshop de vinhos naturais com degustação, masterclass de cerveja ‘escola belga’ e até harmonização de bebidas 
e charutos. Inscrições pelo site.


Serviço: Hideout Speakeasy (Rua Bahia, 116, Gonzaga, na porta cinza). Funcionamento: de quarta a sábado, a partir das 18h30.


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