Psoríase: desafio atual é vencer o preconceito e achar o tratamento ideal para cada caso

Doença se caracteriza por lesões descamativas na pele, principalmente nos cotovelos e joelhos

Por: Daniela Paulino & Da Redação &  -  14/10/19  -  15:57
A psoríase se caracteriza por lesões vermelhas pelo corpo, principalmente nos cotovelos e joelhos
A psoríase se caracteriza por lesões vermelhas pelo corpo, principalmente nos cotovelos e joelhos   Foto: Adobe Stock

Pacientes com psoríase podem se beneficiar com um novo tratamento que chega ao SUS: medicamentos chamados de imunobiológicos. Eles são injetados na pele e conseguem, em alguns casos, deixar a pessoa sem nenhuma lesão. Só não eram populares pelo seu alto custo, chegando a mais de R$ 100 mil por paciente por ano. “É um novo horizonte para quem sofre com essa doença crônica”, explica o dermatologista Gustavo Saczk.


Os biológicos se caracterizam como moléculas complexas, produzidas a partir de biotecnologia, como explica o dermatologista Ricardo Romiti. “Representam um grupo de medicamentos modernos e eficazes no tratamento da psoríase. Recentemente, novas classes de biológicos que bloqueiam de forma específica a interleucina 23 (tipo de proteína produzida principalmente por leucócitos), como o Skyrizi, chegaram ao mercado nacional e internacional. São opções inovadoras, eficazes e seguras para o tratamento da psoríase moderada e grave. Oferecem alta porcentagem de regressão das lesões de pele e melhora da qualidade de vida”.


Apesar da novidade, cada caso é único, o que dificulta o caminho para um tratamento efetivo. Em alguns, existe um controle satisfatório da afecção, muitas vezes com a regressão completa ou quase completa do quadro.


A psoríase se caracteriza por lesões vermelhas e descamativas pelo corpo, principalmente nos cotovelos e joelhos. É crônica, inflamatória e autoimune, atingindo aproximadamente 3% da população mundial. Muitas vezes, é genética ou está relacionada ao estresse intenso. “Mesmo não sendo transmissível, a doença ainda é cercada de muito preconceito”, explica Gustavo Saczk.


Homens e mulheres são igualmente acometidos e a vida social pode ser comprometida. “As doenças de pele podem causar relevante impacto sobre a qualidade de vida dos indivíduos acometidos, seus familiares e amigos. Dentre as inúmeras doenças dermatológicas, a psoríase é uma das que determina maior impacto na qualidade de vida, resultando no comprometimento das relações sociais, da autoimagem e autoestima. Isso se deve à cronicidade da doença, ao fato de não existir cura, bem como ao fato de a psoríase se apresentar nas áreas expostas da pele dos indivíduos, como membros e tronco”, ressalta o dermatologista Ricardo Romiti.


Apesar do avanço tecnológico, uma grande barreira ainda é presente no manejo da psoríase: o preconceito. “A falta de conhecimento, o medo infundado de contágio e o próprio preconceito ainda são uma realidade no dia a dia das pessoas com psoríase, levando-as ao isolamento. Assim, campanhas de esclarecimento, ações das sociedades de dermatologia e de grupos de apoio aos pacientes, bem como a mídia, têm papel essencial na luta por uma vida saudável e harmoniosa para todos os pacientes com psoríase”.


Cuidados


Certos cuidados auxiliam o controle da psoríase, como o uso de hidratantes, banhos de sol, evitar o álcool e o tabagismo e uma alimentação saudável e balanceada. “De uma forma geral, nos casos de psoríase leve e com poucas manchas, são indicados tratamentos tópicos com cremes e pomadas. Nos casos mais extensos, de psoríase moderada à grave, se indicam os banhos de luz ultravioleta (fototerapia) e outros tratamentos sistêmicos”, explica Ricardo Romiti.


O dermatologista Gustavo Saczk esclarece alguns pontos sobre a psoríase:


Não tenha receio de ficar próximo ou pegar em alguém que tenha a doença. Isso gera um isolamento social e afetivo muito grande no portador, o que compromete a qualidade de vida.


A exposição moderada ao sol pode ajudar a eliminar as placas corporais. Geralmente, as lesões se localizam em áreas expostas. A autoestima da pessoa fica abalada e elas tendem a se cobrir, quando, na verdade, as lesões expostas ao sol podem melhorar muito.


Dados


  • No Brasil estima-se que 3 a 5 milhões de pessoas tenham a doença. No mundo são 125 milhões de pessoas.
     
  • 60% dos pacientes alcançaram melhora completa das lesões ao longo de 52 semanas de tratamento e, mais de 80% dos pacientes obtiveram resposta sustentada das lesões na pele.
     
  • Estudo brasileiro publicado no Journal of Dermatology (novembro de 2018) indica que 50% dos pacientes diagnosticados com psoríase apresentam também síndrome metabólica e 41,8% apresentam artrite psoriásica. O estudo acompanhou 293 pacientes das regiões Norte, Sudeste e Sul do Brasil, com diagnóstico de psoríase moderada a grave.
     
  • Do total de pacientes diagnosticados com artrite psoriásica, 44,9% tiveram este diagnóstico realizado durante o estudo, após a visita ao reumatologista, o que corrobora a hipótese de que muitos casos não são diagnosticados – quanto mais tardia a descoberta, maior poderá ser o dano articular, que, por sua vez, pode levar à incapacidade permanente e a deformidades. Mais de 90% dos pacientes com psoríase haviam recebido tratamento tópico.
     
  • A artrite psoriásica, em associação ou não com as lesões cutâneas de psoríase, pode afetar qualquer articulação do corpo, tanto as das extremidades como a coluna vertebral. As características clínicas da artrite psoriásica podem variar de indivíduo para indivíduo. O acometimento das articulações e das estruturas periarticulares por inflamação leva à dor, inchaço e redução da mobilidade, ou inchaço de todo o dedo das mãos e dos pés.
     
  • Artrite psoriásica não tratada pode levar à destruição óssea e deformidades. Em cerca de 70% dos casos, as manifestações cutâneas precedem as articulares.

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