Não dê chocolate para seus pets nessa páscoa

Especialistas alertam que o doce tem substâncias que causam intoxicação nos companheiros de quatro patas. Por isso, nem se arrisque a dar “só um pedacinho”

Por: Júnior Batista  -  04/04/21  -  12:45
Especialistas alertam que o doce tem substâncias que causam intoxicação nos cachorros
Especialistas alertam que o doce tem substâncias que causam intoxicação nos cachorros   Foto: Spiritze por Pixabay

É quase impossível resistir àcara de “pidão” que principalmente os cães fazem quando estamos comendo alguma coisa. Bastao barulho de um pacote abrindo para acender um alerta nopet de que algo suculento vem aí. Mas especialistas reforçam que a escapada de alguns tutores pode custar muito caro: há riscoaté de morte por intoxicaçãono caso dos chocolates. Por isso, neste domingo em que os doces estarão nas mesas de diversas famílias, resista à tentação de dividi-los com o animal da casa.


E lembre também: há outros alimentos que não devempassar nem perto dos bichos. Segundo a veterinária Farahde Andrade, que coordena rede de farmácias de manipulação voltada aos pets, o problemaestá nas chamadas metilxantinas – a teobromina e a cafeína presentes no cacau. “Há as duas nesse doce. Em uma maior proporção,a teobromina. Elas causam intoxicação tanto em cães quanto em gatos, de qualquer idade,sexo ou raça e, mesmo diantedo consumo de pouca quantidade, os organismos dos pets não as metabolizam”, alerta.


Farah diz que essas substâncias podem ficar por até seis dias no organismo do pet. Portanto, fique ligado: quando ele está intoxicado, tende a ter vômitos, diarreia, excitação, tremores, taquicardia, febre, aumento da ingestão de água e volume urinário. “As substâncias contidas no chocolate aumentamo estímulo cerebral e a atividade cardíaca, podendo causar arritmias. Mas os sintomas dependerão da porcentagem de cacau contida no chocolate e da quantidade ingerida. Eles geralmente iniciam de forma leve e vão se intensificando como tempo de exposição, podendo provocar pancreatite, convulsões, comprometimento neurológico e até levar à morte em decorrência de alterações cardíacas, insuficiência respiratória e hipertermia”, reforça.


A médica-veterinária Carolina Filippos, do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), explica que, quanto mais elevado for o teor de cacau no chocolate, mais tóxico ele será para o bichinho. Segundo ela,os pets idosos, filhotes e de raçasde pequeno porte são os mais vulneráveis às intoxicações. “Para animal de dois quilos, por exemplo, uma barra de 100g de chocolate pode ser letal”, diz. E mesmo o chocolate branco, feito de manteiga de cacau, está proibido, pois possui também níveis de teobromina, além de grande quantidade de gordura, que pode provocar gastroenterite.


Mais perigos


Além do chocolate, outros produtos relacionados à Páscoa também integram a lista de alimentos proibidos para pets. Tenha muito cuidado ao manusear temperos como alho e cebola. De acordo com Carolina, eles afetam as hemácias dos animais e podem gerar sérias complicações se ingeridos em grande quantidade. Não é indicado também oferecer frutas como uva e abacate, pois têm elementos tóxicos e causam vômitos, diarreias e problemas respiratórios.


Prato tradicional nos almoços de Páscoa, o peixe pode ser consumido pelo bichinho, só que em pequenas quantidades, desde que ele esteja cozido, sem espinhas, temperos ou condimentos. Mesmo assim, o tutor deve evitar ficar compartilhando os seus alimentos com o pet. “O idealé restringir e oferecer apenas os alimentos que são feitos realmente para os animais”, orienta Carolina.


Como proceder


Caso o cão ou gato tenha ingerido chocolate, Farah de Andrade explica que a primeira coisa a ser feita é procurar orientação veterinária rapidamente. “E, caso o tutor saiba, é recomendado informar para o profissional a quantidade e o tipode chocolate ingerido, para queele possa definir os protocolosque serão adotados”, observa.


O tratamento depende de cada caso. Farah diz que normalmenteo animal precisa passar por uma lavagem gástrica para reduzir a exposição e a absorção daquela(s) substância(s) e receber medicações para proteção gástrica e hepática. “Se o cão comeu uma grande quantidade de chocolate, em um período recente, é provável queo médico-veterinário o induza ao vômito. Mas tudo vai dependerdo quadro do pet no momento em que for atendimento”, afirma.


Na maioria das vezes, o animal precisa tomar medicações parao fígado e para o estômago por algum tempo e, nesses casos, é possível manipulá-las em formase em sabores da preferência do bichinho, para facilitar o tratamento.


De acordo com Carolina, uma das reações é a hemorragia intestinal.O tutor pode perceber o problema com a ocorrência de sintomascomo vômito, diarreia com sangue fresco e diminuição do apetite.


Calma, tem opção!


A médica-veterinária Fernanda Fonseca diz que alguns pet shops comercializam produtos específicos para substituir o chocolate. “Esses produtos usam a alfarroba, que é uma semente que vira uma farinha doce com gosto similar ao do cacau, e que entra no lugar do chocolate. Eles são da linha veterinária, elaborados especialmente paraos pets. Por isso, não fazem mal”.


Farah acrescenta que há a opção de manipular alguns alimentos, como biscoitos, pastas ou caldas medicamentosas (como placebo, sem medicamento na fórmula).“É possível preparar diferentes combinações (a partir da manipulação), mesclando por exemplo: morango com leite condensado, banana com docede leite (banoffee), chocolate com cereja (floresta negra), frutas vermelhas com doce de leite,entre outras que a criatividade permitir. Mas o tutor deve levarem consideração o tipo de dietado animal e a orientação domédico-veterinário, evitandoos excessos”, conclui.


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