Guilhermina Guinle vem com tudo! Ela concilia a maternidade, sua linha de roupas e as novelas

"A fortuna dos Guinle foi construída nos 100 anos de concessão do Porto de Santos", diz a atriz

Por: Stevens Standke  -  28/03/21  -  12:24
  Foto: Foto Tavinho Costa/ Divulgação

Em março do ano passado, Guilhermina Guinle viveu um momento histórico na TV brasileira: com o isolamento social motivado pela pandemia, viu os Estúdios Globo (Projac) serem fechados de uma hora para outra e todas as novelas terem suas gravações pausadas. Como se isso não bastasse, Salve-se Quem Puder, trama em que interpreta a vilã Dominique, foi um dos primeiros folhetins da emissora a ter sua produção retomada, em agosto.


Clique e Assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe acesso completo ao Portal e dezenas de descontos em lojas, restaurantes e serviços!


Além de brilhar na novela – que já está totalmente gravada e que voltou a ser exibida, desde o início, na semana passada –, Guilhermina também vai marcar presença,a partir de amanhã, na reprise de Ti-Ti-Ti no Vale a Pena Ver de Novo e, no segundo semestre, poderá ser conferida em Verdades Secretas 2.


Louca por arquitetura e fotografia, a atriz e empreendedora carioca,de 45 anos, ainda fala na entrevista abaixo sobre a sua linha de roupas infantis para a marca Sweetiee sobre como as suas prioridades mudaram desde que a filha, Minna, de 7, nasceu. Também relembra a época em que morou nos EUA e comenta a ligação de sua família com o Porto de Santos e o hotel Copacabana Palace, no Rio.


NOVELA Como foi gravar Salve-se Quem Puder em plena pandemia?


Estamos vivendo um momento diferente, novo para todo mundo.O aprendizado é constante. No caso de Salve-se Quem Puder, a gente começou a gravá-la em outubro de 2019 em Cancún (México). Depois, seguimos com as cenas no Rio de Janeiro e, em janeiro de 2020, a novela estreou. Lembro que em março, quando teve início o período de isolamento social, eu estava passando o fim de semana em Búzios e tive de voltar às pressas, para fazer a cena que ia servir de gancho para a segunda temporada de Salve-se Quem Puder. Foi algo histórico: um dia após a gravação, ninguém mais podia entrar no Projac. Achávamos que a novela ia ficar parada por 15, 20 dias, massó voltamos a gravar em agosto. Fomos um dos primeiros folhetins da Globo a retomar suas atividades.


O que deve ter sido bem tenso.


E como! Todos nós tínhamos de fazer o exame para covid-19 com frequência, ninguém chegava perto de ninguém, sem falar do uso constante de álcool em gele da aferição de temperatura.As cenas passaram a ter no máximo três atores. Outra coisa inédita é que gravamos a novela até o final, para aí sim ela ir de novo ao ar. As últimas tomadas foram feitas em dezembro. Recordo que, um sábado, ao ir para o Projac, pensei: “Só tenho a agradecer, porque, em meio a tanto desemprego e com esse caos todo, estou conseguindo exercer minha profissão”. Ainda tem o seguinte: nunca estive tanto no ar como nestes últimos dois anos. Em 2020, eu aparecià tarde, na reprise de Êta Mundo Bom!; à noite, em Salve-se Quem Puder, e também no canal Viva, com a reapresentação de Mulheres Apaixonadas, minha primeira novela na Globo. Agora, em 2021, além de Salve-se Quem Puder,as pessoas poderão me conferirem Ti-Ti-Ti, que estreia amanhãno Vale a Pena Ver de Novo. Para completar, no segundo semestre, estarei em Verdades Secretas 2.


As gravações já começaram?


Chegamos a iniciá-las, mas, com o avanço da pandemia, tivemos de dar uma pausa. Devemos retornar em meados de abril, para gravar direto até agosto. É a primeiravez em que uma novela ganha sequência na Globo. Trabalhar em Verdades Secretas é como fazer cinema dentro da televisão.


O que pode adiantar da trama?


Ela se passa uns anos depois da primeira versão. Pouquíssimos atores estarão de volta: os da família da minha personagem,a Pia; a Camila Queiroz, que faza Angel, e algumas pessoas da agência de modelos. A Pia, que agora terá mais um filho, de 2 anos, vai precisar enfrentar os problemas decorrentes da morte do ex-marido (papel de Rodrigo Lombardi).


  Foto: Foto Tavinho Costa/ Divulgação

ANTAGONISTAS A Dominique,de Salve-se Quem Puder, e a Luisa, de Ti-Ti-Ti, são vilãs. Você coleciona personagens maldosas na telinha.


Pois é. Eu acho mais gostoso interpretar a vilã do que a mocinha, pois ela permite falar e fazer coisas que normalmente você não fariano dia a dia. Também é desafiador encontrar um tom que humanize o personagem e não o deixe tão caricato. A Luisa, por exemplo, soltava cada comentário horroroso para o filho cadeirante... Às vezes, eu ficava arrasada com isso.


Ainda acontece de o ator ser odiado nas ruas por interpretar um vilão?


Tem gente que, mesmo hoje emdia, continua confundindo umpouco a realidade com a ficção.Já ouvi em diversas situações:“Poxa, você é tão legal. Eu não achava que fosse assim” (risos).


PRIVACIDADE Você sempre foibem discreta no que se refere à sua vida pessoal. Como administra a exposição trazida pelo Instagram?


Tenho dificuldade para lidar com isso. Nas redes sociais, amo seguir perfis e páginas de arquitetura, construção e jardinagem. Para ser sincera, gostaria muito que o meu Instagram fosse fechado, só que, ao mesmo tempo, a profissão exige que exponha um pouco da minha intimidade. Tem gente que fica falando: “Você precisa bombar o seu perfil, porque trabalhos podem surgir através disso”. Eu vivo esse dilema. A única rede social que resolvi ter foi o Instagram, pois adoro fotografia. Tanto é que,em paralelo à faculdade de Teatro no Célia Helena Centro de Artes e Educação, em São Paulo, estudei fotografia por dois anos na Escola Panamericana de Arte e Design.


Cuida do décor do seu lar?


Eu faço a decoração de todas as minhas casas, ou sozinha, ou coma ajuda da minha mãe, que é arquiteta. Estou sempre mudando alguma coisa ou bolando algo novo. Vivo em obra. No momento, minha casa de Búzios se encontra em reforma. Brinco que, nas horas vagas, também sou corretora. Os amigos que querem comprar apartamento em São Paulo ouno Rio me ligam pedindo auxílio.


  Foto: Foto Tavinho Costa/ Divulgação

ORIGEM O que despertou seu interesse pelas artes cênicas?


Desde pequena, eu escutava: “Esta menina é uma figura, ela vai ser atriz”. Eu não tinha vergonha de nada, curtia ficar com os adultos, observando suas conversas, enão cansava de imitar os outros. Enquanto algumas pessoas são tímidas na vida e se soltam na profissão, comigo é o contrário.Até hoje, sinto que sou muito mais desinibida no meu cotidiano do que no trabalho. Os amigos dizem que, com meu jeitinho, chego e pergunto o que todo mundo quer saber enão tem coragem de perguntar.


Como foi a sua formação?


Quando terminei o colégio, fui morar em Boston, nos EUA, por dois anos. A princípio, cursei a faculdade de Psicologia, depois mudei para a graduação em Teatro, Música e Cinema. Com o tempo,por causa da saudade da família e do frio, decidi retornar para São Paulo e ingressei no Célia Helena. Aos 19, recebi convite para fazer a minha primeira peça. Desde então, não fico sem trabalhar, seja na TV, no teatro ou no cinema. Para ser bem-sucedido, a gente precisa do combo vocação + dedicação + sorte. Lembro que, na época em que fui casada com o José Wilker, escutei ele dizer diversas vezes que o dicionário é o único lugar em que o sucesso vem antes do trabalho e que o legal da profissão de ator é que ela permite continuar em cena até os 90 anos. O Wilker também falava que sucesso é conseguir manter a carreira ao longo davida e não explodir de repente e desaparecer na mesma velocidade.


LEGADO O que sabe sobre o período em que a sua família administrou o Porto de Santos?


A fortuna dos Guinle foi construída durante os 100 anos em que a família teve a concessão do Porto de Santos. Infelizmente, não participei disso, pois nasci mais tarde. Os meus bisavós, Eduardo e Guilhermina Guinle, tiveram sete filhos, cada um com história incrível. Entre eles estava o meu avô Octávio Guinle, que construiu o Copacabana Palace, no Rio.


Guarda que memórias do hotel?


Minha avó morou lá, no sexto andar, até morrer – mesmo com a venda do Copacabana Palace para o grupo Orient Express. Meu pai também passou boa parte da vida no hotel e, quando ele se casou, minha mãe se mudou para lá e engravidou do meu irmão Raphael. Foi na minha gestação que meu pai e minha mãe se mudaram do Copa. Para mim, o hotel era a casa da vovó, sempre ia visitá-la, inclusive quando a minha mãe se casou com um argentino e fomos morar primeiro na Argentina e, a seguir, em São Paulo. Minha vida, como você pode ver, é na ponte aérea.


  Foto: Foto Tavinho Costa/ Divulgação

FILHA A maternidade foi muito transformadora para você?


Sim. Estou no meu quarto casamento (com o advogado Leonardo Antonelli, irmão de Giovanna Antonelli). Tive a Minna com quase 40. Foi algo especial, pois me encontrava numa fase em que já dispunha de maturidade suficiente e estava tranquila nas questões profissionais e pessoais. Quando a Minna nasceu, foquei completamente nela. Apenas voltei a trabalhar um ano e meio depois, por não ter como recusar o convite para Verdades Secretas. Afinal, o Walcyr Carrasco escreveu a Pia para mim. Emendei esse projeto com Êta Mundo Bom! Aí, me dei ao luxo de ficar distante das novelas por três anos, retornando somente em Salve-se Quem Puder, para conseguir curtir a Minna ao máximo de novo. As minhas decisões foram pensadas, programadas, desejadas.


O que prioriza ao educar a Minna?


Me inspiro na minha mãe, que criou quatro filhos com personalidades distintas e fez deles seres humanos bacanas. Ela sempre trabalhou e teve o dinheiro dela, mesmo com maridos que podiam sustentá-la. Quero transmitir para a Minna o que a minha mãe me ensinou. E procuro estimular o contato com a natureza e as coisas simples.


NEGÓCIOS O que a levou a investir numa linha de roupas infantis?


Após ter a Minna, me apaixonei pelo universo das roupas infantis e firmei parceria com a marca Sweetie, de São Paulo, para criar coleções. Aqui no País, há poucas roupas infantis do jeito que gosto, ou seja, do tipo clássico. Não acho legal criança se vestir como adulto.


Cogita empreender mais vezes?


Não, porque vi que é algo bem complicado. Há pouco mais de dez anos, abri loja de franquia de frozen yogurt em shopping do Rio. Acompanhei o negócio de perto nos primeiros 12 meses, porém, no segundo ano, não deu para me dedicar direito à loja, por estar fazendo a novela Paraíso Tropical. Por isso, acabei vendendo a loja.


Logo A Tribuna
Newsletter