Cães terapeutas melhoram o dia a dia de doentes em hospitais e entidades da Baixada Santista

Visitas refletem até no tratamento dos pacientes

Por: Beatriz Araujo  -  24/10/21  -  14:36
 A husky Luna e sua tutora, Monique Nobre
A husky Luna e sua tutora, Monique Nobre   Foto: Divulgação

Enfrentar uma doença grave pode despertar medo, insegurança e dor. Mas relembrar o sentimento de amor e de carinho alivia esse fardo. Na Baixada Santista, em hospitais e instituições ligadas ao sistema de saúde, há cães terapeutas que levam alegria a quem precisa e proporcionam momentos de leveza sem julgamentos e cobranças.


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A Luna, husky siberiano de 2 anos, é um desses cachorros. Sua tutora, a universitária Monique Nobre, de 23, criou em Santos o Projeto Cão Terapeuta, que basicamente consiste em visitas da pet em um hospital particular da Cidade. Ele teve início em junho, mas a preparação para que saísse do papel demorou cerca de dois anos. Monique é a doutora da alegria apelidada de Sininho, portanto já costumava visitar pacientes caracterizada de palhaça. Em meio a conversas com outros voluntários sobre como humanizar ainda mais o cotidiano das pessoas que atendiam, surgiu a ideia do projeto com os cães.


Monique já tinha uma cachorrinha, a Mel, de 7 anos. Só que, por conta da idade, seria mais difícil prepará-la para a função. Então, adotou a Luna e a certeza veio. “A primeira coisa que pensei é que eu e ela iríamos fazer a diferença”.


Quando Luna completou 6 meses de idade, iniciou adestramento para socializar com animais e humanos. Aí, aos 2 anos de Luna, ou seja, agora em 2021, o Projeto Cão Terapeuta começou. “É nessa idade que o cachorro atinge a maturidade e vai deixando de lado o jeito bruto de filhote”, comenta Monique.


As visitas de Luna priorizam pacientes que estão há muito tempo internados, os que enfrentam um quadro oncológico e crianças. Ela interage com as pessoas com brinquedos específicos e higienizados e realiza comandos quando lhe dão petiscos.


Apesar de por enquanto ter realizado poucas visitas, não falta feedback positivo. “Ver minha cachorra atuando como cão terapeuta, interagindo e levando amor a tanta gente é maravilhoso. Os animais são seres iluminados, que fazem bem às pessoas”.


Os relatos de quem teve contato com Luna no hospital expressam como a iniciativa traz paz e conforto às famílias e contribui com o emocional de todos. “O paciente se sente uma pessoa, e não a sua doença. A tensão diminui. Levantar do leito para dar e receber carinho fica menos difícil. Os sorrisos e mudanças positivas continuam lá após o contato com o cão”, relata uma das enfermeiras que acompanhou visitas de Luna.


Esse é só o começo do Projeto Cão Terapeuta. A idealizadora diz que, em um futuro breve, quer expandir as atividades e agregar mais animais a elas. Além disso, após a pandemia, Monique pretende promover ações conjuntas com o grupo de doutores da alegria de que participa. Acompanhe de perto pelo Instagram @luna_husky013.


Múltiplos benefícios


Para a psicóloga Vanessa Monteiro Bizzo Lobo, especializada em neuropsicologia e com trabalhos em psicologia hospitalar, a presença de cães no tratamento de pacientes oferece múltiplos efeitos positivos. Esse tipo de iniciativa costuma fazer com que a pessoa se comunique melhor, tenha sensação de ligação com o mundo externo e reduza seu estresse por causa dos estímulos lúdicos. “O paciente é percebido além da doença. Ele é visto por um lado mais divertido e familiar”.


Dupla dinâmica


Os golden retrievers Mel e Boris, de 5 e 6 anos, respectivamente, também atuam como cães terapeutas na região. Desde 2016, eles têm um perfil no Instagram (@meleborisgoldens013) que serve como um álbum de suas vidas. A partir disso, em 2018, os pets se aproximaram do universo dos cães terapeutas, como explicam seus tutores, Camila Santana, autônoma de 37 anos, e Diogo Amparo, portuário da mesma idade.


Na época, Mel e Boris receberam convite para visitar um projeto de crianças com deficiência, que se alegrariam com o contato com eles. Os dois foram e continuaram frequentando o local. Após isso, outras instituições também passaram a fazer parte do cotidiano da dupla. Em 2019, então, eles foram convidados oficialmente pela marca de ração Origens para serem cães terapeutas.


“Eles interagem com as pessoas da instituição visitada trocando carinho, brincando, tirando fotos e proporcionando momentos agradáveis para os visitados”, explica a tutora, Camila Santana.


Atualmente, Mel e Boris visitam principalmente entidades voltadas a pessoas com deficiências e que estão em tratamento contra o câncer. Depois da pandemia, a ideia é começar a visitar asilos também. “É supergratificante ver o olhar de felicidade de cada pessoa. Dizemos que eles são remédios de quatro patas, que por onde passam deixam só amor e alegria”.


Dicas para capacitação


O caminho para que o pet se torne um cão terapeuta, para Monique, tutora de Luna, é primeiro buscar um adestrador capacitado, que entenda as necessidades do animal. Também é importante se atentar ao perfil do bichinho e analisar se a função não causará estresse e desconforto. Camila, tutora dos golden retrievers, ressalta a necessidade de a saúde e a higiene dos pets estarem em dia. A vacinação, vermifugação e castração são essenciais.


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