Atores de 'Amor, Sublime Amor' falam sobre o filme e suas carreiras à AT Revista

Ansel Elgort, Rachel Zegler, Ariana Debose e David Alvarez falam sobre suas experiências no set de Steven Spielberg

Por: Stevens Standke  -  05/12/21  -  10:13
Ansel Elgort interpreta Tony
Ansel Elgort interpreta Tony   Foto: Divulgação

Depois de conquistar o grande público com o seu trabalho nos filmes da saga Divergente e no blockbuster A Culpa É das Estrelas, Ansel Elgort, de 27 anos, começou a mostrar, aos poucos, a forte ligação que mantém com a música. Primeiro, ele se aventurou como DJ e não só tocou em festas mundo afora como disponibilizou na web as faixas que produziu e remixou. Agora é a vez de investir nos musicais, que, como afirma a seguir, são seu primeiro amor e o principal motivo de ter se tornado ator. Na próxima quinta-feira, chega aos cinemas Amor, Sublime Amor, releitura do diretor Steven Spielberg do famoso espetáculo da Broadway e da sua primeira adaptação para a telona, lançada em 1961. Ambientada na década de 50, em Nova York, a história gira em torno de Tony (personagem de Ansel) e María (Rachel Zegler), que vivem um romance proibido, por pertencerem a grupos de jovens que são rivais. A AT Revista teve a chance de conversar com Ansel e mais três atores do elenco. Os melhores trechos dessas entrevistas você confere a seguir.


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Em paralelo à carreira de ator, você tem trabalhado como DJ. O que significou poder juntar a música com a interpretação no mesmo projeto: o filme Amor, Sublime Amor?


Eu diria que o teatro musical é o meu primeiro amor. Simplesmente sou louco pelos espetáculos da Broadway. Para você ter ideia, quando eu estava com 4, 5 anos, vi o musical Oklahoma! em Nova York (cidade onde Ansel nasceu). Se não me engano, o Hugh Jackman fazia parte do elenco. E falei para os meus pais: “Quero ser igual o cara no palco, que dança e canta”. Aí, ao longo da infância e da adolescência, me tornei um superfã de teatro musical. Sempre ouvia as trilhas sonoras dos espetáculos e ficava cantando junto, o tempo inteiro. Inclusive, eu tinha até o CD de Amor, Sublime Amor. Sem falar do meu livro sobre musicais, que trazia O Rei e Eu, Rua 42, Jekyll & Hyde – O Médico e o Monstro... Cada vez mais, fui me aprofundando nesse universo.


Mas, até então, você não havia feito nenhum musical no cinema.


Exatamente. Com Amor, Sublime Amor, eu tive a chance de realizar esse sonho antigo. Pois o que me levou a me tornar ator, em primeiro lugar, foi o desejo de fazer musicais. No entanto, o que aconteceu é que, desde que comecei minha carreira de ator, não apareceram testes nem convites para trabalhar nesse tipo de produção e fiquei fazendo filmes e peças “tradicionais” direto, um projeto atrás do outro. Na escola, além de aprender a interpretar, eu cheguei a fazer teatro musical. Meu último espetáculo no colégio, quando já era sênior, foi o musical Garotos e Garotas.


Como se preparou para o filme?


Precisei voltar a exercitar as minhas habilidades vocais. Demorou bastante tempo para que conseguisse aprender muito bem as canções que estão no roteiro. Me dediquei para valer, por diversas horas. Em certo ponto do processo, depois de um dia inteiro de ensaios com a equipe do filme, eu ainda ficava duas horas com o meu coach vocal. Porque, quando pisa na frente da câmera no set, você tem que se sentir confortável com o que está fazendo. Apesar de a gente ter gravado todas as músicas em estúdio, o Steven Spielberg (diretor) queria que também cantássemos no set, de modo que, ao juntar os dois registros, parecesse que estávamos cantando “ao vivo”. Fui, digamos, meio teimoso, pois não medi esforços. Cantei tudo no set dando o meu máximo; não me importava se iam usar apenas trechos daquele áudio.


Preocupou-se com mais o quê?


Geralmente, os espetáculos da Broadway são bem teatrais. Numa cena, por exemplo, alguém está andando na rua e, de repente, começa a cantar. O Steven Spielberg pediu para que, ao mesmo tempo em que tentássemos construir uma ponte entre o filme e esse universo teatral da Broadway, fizéssemos algo mais simples, em que os diálogos e as canções se conectassem de uma maneira natural, para aproximar ainda mais o público da história. Grandes diretores, às vezes, agem assim. Eles chegam para o ator e dizem: “Faça algo simples, sem exageros”. Isso ocorreu comigo duas vezes. Quando eu rodei Em Ritmo de Fuga, o Edgar Wright foi bem enfático: “Não faça nada demais. Só fale o seu texto, sente no banco e dirija o carro”. Agora, em Amor, Sublime Amor, o Steven Spielberg pediu: “Cante sem fazer algo teatral”. No fundo, isso pode ser estressante para o ator.


O que está achando da retomada do cinema?


As pessoas estão com saudade de frequentar as salas de cinema. Recentemente, fui ao balé e à ópera, mas ainda não estive no cinema desde que houve a reabertura das salas. A primeira vez será agora, na estreia de Amor, Sublime Amor. Estou tão feliz com isso! Depois de ficar isolado, é bom ter pessoas ao nosso redor, de novo. Amo ir ao cinema assistir a uma comédia ou filme de terror, porque parece que a história ganha uma energia extra. Acredito que algo parecido deve acontecer com Amor, Sublime Amor. O filme tem uma força que contagia. Ele também possui uma mensagem importante, poderosa. É maravilhoso quando você pode impactar o público com o seu trabalho. Hoje, por mais encorajados que sejamos para sermos compreensivos com o que é diferente, em certas ocasiões, deveríamos aumentar ainda mais a nossa capacidade de compreensão. Em Amor, Sublime Amor, há cenas que mostram como é ridículo dois grupos rivais ficarem lutando entre si.


Prepare-se para ouvir falar


muito de Rachel Zegler daqui em diante. Dona de uma voz potente, a atriz e cantora de 20 anos, que é filha de colombianos, faz a sua estreia no cinema no papel de María, par de Ansel Elgort em Amor, Sublime Amor. Os seus próximos projetos na telona são igualmente significativos: rodar a sequência de Shazam, da DC Comics, e viver a Branca de Neve no live action da princesa que a Disney está produzindo. Na entrevista, Rachel conta como a internet foi fundamental para começar a conquistar o seu espaço em Hollywood.


O fato de o seu vídeo com o cover da música Shallow, da Lady Gaga, ter viralizado pesou para ser escalada para Amor, Sublime Amor?


Tem muita gente que acha que esse vídeo fez com que eu conseguisse o papel de María, mas, na verdade, foi apenas uma questão de timing. Postei esse cover no meu canal do YouTube e, praticamente um mês depois, recebi a notícia de que havia passado no teste de Amor, Sublime Amor. Até hoje, sou reconhecida por causa do vídeo com essa música da Lady Gaga. Antes da pandemia, acontecia algo engraçado: quando eu pegava o metrô, às vezes alguém começava a cantar Shallow do meu lado (risos). A princípio, o meu canal do YouTube era um hobby, porque sempre quis entreter as pessoas. Com o tempo, os vídeos que eu postava passaram a me render convites para audições de espetáculos da Broadway e para filmes musicais. Detalhe: até terminar de rodar Amor, Sublime Amor, eu não tinha agente. Absolutamente tudo passava por mim. Tanto que, se ficava em dúvida se era verdade que estava sendo chamada para determinado teste, eu fazia uma extensa pesquisa no Google sobre aquela oportunidade. Afinal, a internet pode ser um lugar muito perigoso. Procuro me lembrar que as pessoas que me seguem na web não me conhecem na vida real.


Como foi o processo de seleção para o filme?


Em janeiro de 2018, uma amiga me encaminhou o tweet de um membro da equipe de Amor, Sublime Amor, dizendo que eles estavam à procura de uma atriz latina para interpretar a María. Essa minha amiga até fez um comentário hilário: “Me agradeça quando for famosa”. Gravei no meu quarto o vídeo que enviei para o processo seletivo.


É verdade que você já tinha interpretado a María no colégio?


Sim, quando eu estava com 16 anos, em uma peça de verão do teatro comunitário. Mas a primeira vez em que escutei falar de Amor, Sublime Amor foi aos 5, 6 anos. Assisti ao filme original com meus pais e minha avó, e fiquei obcecada com a Rita Moreno (atriz e cantora porto-riquenha que também está no elenco da releitura) e seu vestido roxo. Me vesti assim no Halloween.


Além de estar confirmada em Shazam 2, você vai protagonizar o filme live action da Branca de Neve. O que acha de a Disney tentar fazer princesas cada vez mais inclusivas?


O cinema precisa ser mais inclusivo, porque as pessoas têm que se sentir representadas. Quando eu era criança, as princesas da Disney da época não se pareciam comigo; as suas histórias não tinham nada a ver com a da minha família. Com atitudes como a da Disney – de passar a valorizar a diversidade entre as suas princesas –, você faz verdadeiras maravilhas em termos de representatividade e abre várias portas, inspirando as gerações mais novas.


Da Broadway para Hollywood

A atriz Ariana DeBose (ao centro na foto) trabalhou dez anos na Broadway antes de conseguir um papel em Hollywood. E por mais que parte do público já a tenha visto nos longas The Prom – A Festa de Formatura,da Netflix, e Schmigadoon!, da Apple TV+, o primeiro filme que a americana de 30 anos fez foi Amor, Sublime Amor, no qual interpreta Anita. “Todo dia no set era especial. Eu construo os meus personagens do mesmo jeito,não importa se estou fazendo cinema ou teatro musical. Mas preciseime acostumar com a câmera, já que ela passou a ser o meu ‘público’.Na Broadway, você ouve com frequência: ‘Projete a sua voz até atingiro fundo da plateia’. No set, isso não é necessário”. Ariana acrescenta:“Ao longo da minha carreira, tenho lutado contra os rótulos. A indústria do entretenimento gosta de colocar a gente numa caixa, de dizer que você só faz determinada coisa. Não curto isso, pois sempre busquei a versatilidade, nunca fiz o mesmo trabalho duas vezes. Gosto de me desafiar. Costumo falar: ‘Deixe as pessoas te subestimarem; assim, você as surpreenderá!’”


“Todos cresceram nas filmagens”

Em Amor, Sublime Amor, o ator David Alvarez faz Bernardo, o irmão de María. “Ele é um porto-riquenho que tenta se estabelecer em Nova York com a família. Para defender e divulgar a cultura do seu país, cria o grupo Sharks”. Segundo David,as filmagens aconteceram em 2019 e, por causa da pandemia, a estreia do longa foi adiada de 2020 para 2021. “A equipe fez vários ensaios antes de começar a rodar ascenas, principalmente porquehavia grandes números de dança. No que diz respeito ao canto,a gente também teve de combinar diferentes técnicas. Foi um processo bonito. Todo mundo trabalhou unido, com paixão;todos cresceram nas filmagens”. David ainda adianta que há novos elementos e personagens no filme de Steven Spielberg. “Você não pode comparar essa versão de Amor, Sublime Amor com as anteriores. É uma visão diferente”, arremata o canadense de 27 anos.


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