Animais acima do peso parecem fofinhos, mas podem sofrer por conta disso

Apesar de bonitinhos, animais sofrem com doenças ortopédicas, cardiorrespiratórias, diabetes e outros problemas de saúde

Por: Daniela Paulino  -  04/11/19  -  16:30
Pesquisa realizada na cidade de São Paulo mostra que 40,5% dos cachorros têm sobrepeso ou obesidade
Pesquisa realizada na cidade de São Paulo mostra que 40,5% dos cachorros têm sobrepeso ou obesidade   Foto: Jorge Zapata/Unsplash

Mundialmente, a incidência de obesidade em bichinhos de estimação varia entre 24% a 60% da população de cães e gatos, segundo estudos recentes feitos nos Estados Unidos, Europa, Japão e China. No Brasil, uma pesquisa realizada na cidade de São Paulo mostra que 40,5% dos cachorros têm sobrepeso ou obesidade.


Animais obesos correm sérios riscos, por causa de um desequilíbrio entre ingestão e gasto de calorias, como doenças ortopédicas, cardiorrespiratórias, diabetes, problemas urinários e outras complicações. “O excesso de petiscos e a humanização da alimentação são fatores recorrentes nos dias de hoje.É importante lembrar que cães e gatos não escolhem o que comer ou quantas vezes devem se alimentar. Cabe ao tutor zelar pela alimentação adequada”, ressalta o veterinário da PremieRpet, Flavio Silva.


Essa humanização também é citada pela veterinária Karina Mussolino, do Centro Seres da Petz. “Com os animais dentro de casa, a prática de atividades que queimam calorias se restringiu. E uma coisa leva à outra: em casa, a tendência é que os tutores também passem a premiá-los, mais para compensar, além de acertos, ausências e falta de tempo para passeios e brincadeiras”, relata a médica,que recentemente fez um trabalho de redução de peso de Palito, seu Dobermann.


O animal estava com 11 quilos acima do recomendado. “Palito não estava só fofucho. Estava obeso.
E a obesidade é uma doença que pode reduzir a qualidade de vida e a longevidade dos animais. Iniciamos um programa de redução e controle de peso”, conta a veterinária. 


Palito alcançou a meta em 106 dias. “No início do tratamento, é muito comum que as pessoas envolvidas se sintam comovidas, achando que o pet está comendo pouco. Com o passar dos dias, nota-se que a rotina se estabiliza e tudo fica mais simples. 


Antes de fazer qualquer programa de redução de calorias com o seu pet, procure um veterinário. Flavio Silva explica que é importante fazer uma avaliação nutricional completa do animal. Estudos atuais mostram que essa prática deve se tornar rotina, pois é considerada o quinto sinal vital dos animais: é tão importante como parâmetro de saúde quanto temperatura, frequência cardíaca e respiratória.


“Somente a partir desta avaliação é que será possível indicar qual o alimento ideal, de acordo com as condições clínicas do animal”, ressalta o veterinário.


Dicas


  • Transferência de hábitos

Pessoas com hábitos inadequados tendem a transferi-los ao pet.


  • Excesso de petiscos

Os “extras” não devem superar 10% da quantidade calórica diária.


  • Comida caseira

O ideal é não oferecer comida caseira sem orientação especializada.


  • Quantidade exagerada

Importante seguir a recomendação do médico veterinário ou de consumo diário indicada na embalagem da ração.


  • Humanização

Animais e humanos têm necessidades alimentares diferentes. Respeite isso.


  • Sedentarismo

Siga recomendações do veterinário ao promover atividade física.


  • Idade

Cães com idade mais avançada e gatos adultos jovens são mais suscetíveis.


  • Sexo

Estudos apontam que as fêmeas têm mais predisposição ao ganho de peso. Redobre a atenção.


  • Castração

A obesidade é mais frequente em animais castrados.


  • Distúrbios de comportamento

Ansiedade por causas diversas (como solidão) pode causar um apetite voraz. 


  • Doenças hormonais

Hipotireoidismo e hiperadrenocorticismo podem levar, entre outros problemas, à obesidade. Uma vez diagnosticados devem ser tratados.


  • Raças mais propensas

Cães: Beagle, Boxer, Bulldog Inglês Pug, Cocker, Labrador, Pastor Alemão Rottweiler, Shitzu, Terra Nova, Teckel, entre outras. Gatos: castrados, independente da raça.


  • Recompensa

Não queira acarinhar seu pet oferecendo bolachas, pizzas ou doces.


  • Ração certa

Use ração adequada ao tamanho e idade do animal.


  • Petiscos

Não exagere na oferta de ossinhos, bifinhos ou quaisquer outros tipos de snacks.


  • Exercícios

Leve o animal regularmente para passeios com caminhadas. Se o animal curte, se organize para fazer corridas de curtos ou longos percursos.Incentive brincadeiras que o ajudem a queimar calorias e fortalecer os músculos.


  • Fique atento

Qualquer sinal de aumento de peso deve ser avaliado.


Novembro Azul para os animais também 


No mês mundial de campanha para prevenção ao câncer de próstata, o Novembro Azul, o alerta para o diagnóstico precoce da doença também é válido para os pets. Apesar do índice baixo em cães e raro em gatos, quando ocorre, a doença é bastante agressiva. Cães acima dos 7 anos são os mais propensos. “Não temos estatísticas nacionais, mas na América do Norte, a ocorrência em cães é de menos de 0,6%”, conta Rodrigo Ubukata, veterinário especialista em Oncologia, membro do Grupo de Trabalho em Quimioterapia Veterinária do CRMV-SP e diretor da Associação Brasileira de Oncologia Veterinária (Abrovet). 


“Existem fatores genéticos e moleculares, como os descritos em humanos, que estão sendo avaliados. O aumento da expectativa de vida dos animais é um fator que pode contribuir para o aparecimento deste tumor”, explica.


Para identificar a possibilidade da doença, os sintomas são dificuldade de urinar, gotejamento de sangue no final da micção, dificuldade de defecar, urina com cor e aspecto alterado, infecções urinárias recorrentes, tenesmo (vontade constante de evacuar, geralmente acompanhada de cólicas) e perda de peso. O diagnóstico é feito pelo toque retal, como no homem. Exames de raio-X e ultrassom abdominal também podem ser pedidos. O tratamento pode envolver procedimentos cirúrgicos (prostatectomia), radioterapia, laserterapia e manejo clínico.


“A quimioterapia ainda não está bem descrita (com relação a sua eficiência, resposta e tempo de sobrevida) para o tratamento sistêmico, mas pode ser avaliada a utilização, baseando-se em oncologia 


comparada com humanos”, afirma o especialista em Oncologia Veterinária, Rodrigo Ubukata.


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