Óleos essenciais saem da aromaterapia e invadem a cozinha

Tomadas certas cautelas, óleos essenciais são um presente da natureza para deixar suas receitas mais saborosas e especiais

Por: Joyce Moysés  -  19/10/20  -  01:20
  Foto: Adobe Stock

Óleos essenciais ou óleos voláteis são substâncias vitais aromáticas encontradas nas flores, ervas, frutas e especiarias. O que pouca gente sabe é que estão sendo utilizados na culinária e pelas indústrias na produção de alimentos e bebidas, e não apenas na formulação de cosméticos e medicamentos fitoterápicos.


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“Já que cozinhar, comer e beber são uma parte muito natural de nosso dia a dia, não deveria ser surpresa a ideia de que os óleos essenciais sejam úteis também na alimentação”, diz a nutricionista Nathália Nahas Grijo Guedes, especialista em Nutrição Humana e em Gastroenterologia Pediátrica, Doutora em Ciências da Pediatria.


Com tantas opções de condimentos, temperos e extratos no mercado que podem ajudar a realçar os alimentos, há quem se pergunte: “Por que eu deveria cozinhar com óleos essenciais?” Embora os métodos culinários dependam do regime alimentar e de preferências pessoais, de acordo com a dra. Nathália, existem vários benefícios no uso dos óleos essenciais na culinária. “Não apenas proporcionam um sabor marcante em qualquer refeição, como também são uma maneira natural de condimentar a comida, evitando as alternativas processadas, e oferecer conveniência quando não houver ingredientes frescos disponíveis.”


A nutricionista explica que os óleos essenciais são naturalmente potentes e fortes por serem muito concentrados e extraídos diretamente de fontes naturais.


“A pureza e o poder de sua ação os tornam perfeitos para acrescentar sabor a qualquer prato. Devido à sua potência, uma quantidade mínima (uma ou algumas gotas) já faz a diferença nas entradas, bebidas, carnes e sobremesas favoritas do cozinheiro e seus convidados”, ensina ela, que é proprietária da consultoria Nutri Action e consultora de bem-estar da doTerra, que fornece óleos essenciais de todo mundo e podem ser ingeridos.


Por conveniência


Os óleos essenciais podem ser uma escolha mais econômica, a longo prazo, na hora de temperar os alimentos, justamente por causa da quantidade diminuta utilizada a cada preparo de pratos. “Além disso, seu prazo de validade é mais longo do que o de muitos temperos comumente usados. Ainda que ingredientes frescos, como folhas de manjericão e de alecrim, sejam um modo maravilhoso de aprimorar a sua culinária, nem sempre estão a mão. E a gente pensa duas vezes antes de sair de casa para ir a feiras e mercados nesses tempos de pandemia.”


A nutricionista informa qu um óleo pode ter várias propriedades, como antissépticas, antifúngicas, parasiticidas, germicidas, antibacterianas, anti-inflamatórias. Entre os que ela usa no dia a dia, cita o óleo de coentro, de canela, de manjericão... “Por ser puro, uma gota equivale geralmente a 28 xícaras da erva. Então, eu tempero a salada com uma mistura de azeite, alho, cebola e uma gota de óleo de orégano. Para um risoto, no máximo duas gotas de óleo de limão siciliano bastam para uma xícara de arroz.”


Mais bem-estar geral “Enquanto a essência é um aroma artificial, sintético, feito em laboratório para simular o aroma daquela planta; o óleo essencial é um composto químico natural, aromático, extraído da planta (pode ser do caule, da folha, do fruto, da casca...)”, esclarece Daiana Nogueira, aromaterapeuta Master Sistêmica, que está acostumada a sugerir óleos essenciais a clientes que buscam elevar o bem-estar geral, aliviando de stress a ansiedades.


“Embora agrade pelo perfume agradável, a essência não tem benefício terapêutico e pode causar alergias, mesmo quando a pessoa não tem contato direto, por inalar e levar para a corrente sanguínea”, continua, alertando para esse risco quem usa essências colocadas em difusores ou naqueles vidros com varetas. “Já os óleos essenciais podem ser usados de forma tópica (na pele), por via oral ou inalatória. Mas é fundamental destacar que, para usar por via oral, precisa ter um reconhecimento da Covisa, o órgão regulador.”


Ao inalar um óleo essencial puro, após dois minutos ele já estará na corrente sanguínea trabalhando todo o sistema límbico responsável pelas emoções, segundo Daiana. Nesse período de confinamento, por exemplo, ela propõe experimentar pingar uma gota de óleo essencial de lavanda na palma das mãos e inalar, “para sentir todo seu sistema emocional ser trabalhado”.


Cuidados e cautelas 
A dra. Nathália recomenda sempre usar óleos essenciais sob orientação de um profissional especializado, pois alguns deles possuem contra-indicações. “São poucas, mas existem. Por exemplo, gestantes não devem fazer uso dos óleos via ingestão!”, alerta a nutricionista, que ensina na página do Instagram @nathyguedesoficialo receitas utilizando óleos essenciais. Por exemplo, é possível vê-la com o filho de 5 anos preparando de mousse de chocolate a bolo de laranja sem ovo, de uma maneira leve e divertida.


Daiana é mais enfática: “Procure um aromaterapeuta para auxiliar na escolha do óleo ideal para você, pois ele sabe quais são indicados para uso oral. Nunca tome ou coloque em alimentos sem essa orientação, assim como nunca utilize puro na pele. Para sua segurança, desconfie de valores muito baixos e de óleos essencial em embalagem plástica (garanto que é misturado). Peça a cromatografia – se a empresa negar a revelar, não compre dela”.


E tem mais: não guarde seus óleos expostos à luz direta, pois eles são sensíveis e podem oxidar. Nathália cuida bem dos dela, que usa na culinária e também como perfume corporal e na limpeza doméstica. “Eu uso na minha casa óleos essenciais para tantas coisas! Muita gente acha que é só cheirinho bom, sem saber do seu poder de melhorar a qualidade de vida”, avisa Daiana, que é mãe de duas filhas, de 7 e 2 anos.
Por fim, está sentindo calor nesta primavera que mais parece verão? Faça como a aromaterapeuta, que prepara um suco de abacaxi com uma gota de hortelã pimenta.


“O sabor é incrível e já dá aquele up na sua disposição para encarar mais um dia.”


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