Novo Plano Diretor, túnel e aeroporto: Guarujá vive clima de otimismo

Com obras no radar, projetos de décadas cada vez mais próximos de saírem do papel e atualizações da legislação municipal, Guarujá vive um momento de expectativa e otimismo devido ao Aeroporto Civil Metropolitano, ao túnel submerso Santos-Guarujá e à proposta do novo Plano Diretor. Estes foram os pilares do Summit Guarujá 2023 - Olhar para o Futuro, realizado nesta segunda-feira (26) no Auditório do Grupo Tribuna e que reuniu autoridades e lideranças de setores econômicos e políticos ligados à Cidade.

Marcando a abertura do painel Aeroporto e Ligação Seca Santos-Guarujá, o ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, ressaltou que dois dos principais desafios de sua pasta passam por Guarujá. “Só vim para o Ministério dos Portos e Aeroportos com a promessa de que o Aeroporto de Guarujá e o túnel ligando Santos a Guarujá desta vez vão sair”.

Além de França, o primeiro painel contou com as participações do prefeito de Guarujá, Válter Suman (PSDB); do presidente da Frente Parlamentar Mista de Portos e Aeroportos, deputado federal Paulo Alexandre Barbosa (PSDB); e do presidente do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira de Empresas Aéreas (Abear), Eduardo Sanovicz.

Em seu discurso, França ressaltou que a construção do túnel ligando as duas cidades é um desafio à engenharia brasileira, uma vez que aqui nunca foi feita uma obra desse tipo. O equipamento terá 900 metros de extensão, 21 metros de profundidade e 6 metros de largura.

O ministro acredita que a obra deva ficar pronta em quatro anos. Porém, se os módulos forem construídos separadamente, este prazo deve diminuir. A expectativa é que o edital para as obras saia até o início de 2024 e o túnel submerso comece a ser construído no primeiro semestre do ano que vem, a um custo de R$ 5 bilhões. Ao menos 50% do valor da obra já está em caixa.

O prefeito Válter Suman explicou que a travessia de balsas Santos-Guarujá recebe diariamente 30 a 35 mil veículos, o que a torna a maior do maior do mundo e evidencia a necessidade da ligação seca. “É fundamental que também sejam construídas obras de infraestrutura em Guarujá para receber o túnel. Nós teremos que construir a segunda fase da Avenida Perimetral. A ampliação do Porto na Margem Esquerda é também muito aguardada".

Otimista com esse cenário, Paulo Alexandre Barbosa falou sobre a mobilização em prol do túnel. “Nunca estivemos tão perto de ver essa obra acontecer de fato. Ultrapassamos a parte de projetos e licenças ambientais. O objetivo é unir Governo Federal, Governo Estadual, trazer dinheiro federal. Está na hora de deixar de lado a disputa ideológica e política que não leva a lado nenhum, trabalhando de forma objetiva para a licitação ser publicada ano que vem”, pontuou.

Outra boa notícia para Guarujá envolve o Aeroporto Civil Metropolitano, a ser instalado na Base Aérea de Santos. O edital do projeto será lançado na sexta-feira, conforme A Tribuna publicou no último dia 15. A expectativa é que, depois de concluídas as obras de infraestrutura do aeroporto, seja possível a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) emitir um certificado em até 90 dias.

“Desta forma o aeroporto pode receber os primeiros aviões. Inicialmente, com um Caravan que tem capacidade para até nove passageiros, operando em dois voos diários. Numa segunda fase, poderão pousar aeronaves ATR, com capacidade para 72 lugares”, explicou Eduardo Sanovicz. Os primeiros voos serão de conexão: Guarujá-Rio e Guarujá-Campinas. "O investimento em promoção e marketing terá que ser muito grande, mas com a colaboração de todos, vamos chegar lá”, complementa.

Novo plano diretor
O cuidado como meio ambiente e a qualidade de vida marcam as propostas do novo Plano Diretor e da Lei de Uso e Ocupação do Solo em Guarujá. A proposta foi detalhada ontem, no Summit Guarujá 2023 - Olhar para o Futuro.

O Plano Diretor tem a participação da sociedade e define instrumentos de planejamento urbano para reorganizar os espaços da Cidade. Uma das propostas é aumentar os gabaritos das novas construções, como explicou a secretária de Planejamento de Guarujá, Polliana Iamonti.

“Esses empreendimentos não só terão a preocupação com o coeficiente de aproveitamento do terreno e a taxa de ocupação, mas também uma carta solar que deve ser observada. Essa é uma das principais observações que serão feitas para não corremos o risco de sermos uma nova Balneário Camboriú (SC)”.

Além de suas belezas naturais, a cidade catarinense ficou conhecida também nos últimos tempos pelos arranha-céus. Há projetos de prédios de até 140 andares. Para corrigir o problema de sombreamento que se criou na orla, houve a ampliação da faixa de areia na praia central, algo apontado por ambientalistas como um grande prejuízo à natureza.

Em Guarujá, a minuta do Plano Diretor e da Lei de Uso e Ocupação do Solo está em consulta pública até 6 de julho. A idéia é que a Prefeitura faça as adequações das propostas que recebeu da sociedade civil. Em agosto, devem acontecer as audiências públicas. Duas serão feitas em Guarujá e duas no Distrito de Vicente de Carvalho. Só a partir disso é que a proposta definitiva deve ir para votação na Câmara Municipal.

O presidente da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Guarujá, Henrique Menin, manifestou durante o Summit dúvidas sobre o assunto e reforçou o desejo de discutir o plano, colaborando e acrescentando idéias. “Um dos questionamentos é sobre o gabarito na orla da praia e a outorga onerosa”. A outorga onerosa tem como objetivo incentivar um melhor aproveitamento das áreas a serem construídas de forma ordenada, aumentando o nivel de competitividade da Cidade.

Presente no evento e ressaltando a importância do debate sobre as melhores perspectivas para Guarujá, o deputado estadual Caio França (PSB) ouviu atentamente todas as sugestões levantadas pelos participantes e prometeu levar os pedidos de âmbito estadual ao Governo de São Paulo.