Tripulação, sentido!

Em cerimônia realizada no último dia 16, no Cais da Marinha, no Porto de Santos, se deu a passagem de comando na Capitania dos Portos de São Paulo. Após dois anos, o capitão de mar e guerra Robledo de Lemos Costa e Sá deixou o posto. O Capitão, como era conhecido por muitos, deixa um legado incrível à Baixada Santista. Ao longo da sua gestão, demonstrou como poucos o papel de um verdadeiro líder, com espírito e capacidade de construção, mantendo todos ao seu redor com foco colaborativo e trabalhando em conjunto para o desenvolvimento do setor.

Não recordo de ouvir alguém falar que o nosso Capitão deixou de atender a qualquer pedido. Em muitas oportunidades, em rodas de conversa, ficava claro o quanto Robledo era querido por todos. Posso até afirmar: uma unanimidade. Robledo vai deixar saudade em nossos encontros do setor portuário, com aquela conversa boa e que sempre tinha uma palavra de ensinamento. Aprendi muito com o Capitão.

Em certa oportunidade, debatendo o calado do Porto de Santos com a Praticagem, Robledo disse que “precisávamos ser práticos em nossas ações”. Ele, por sinal, era muito bom com trocadilhos e histórias da navegação. Logo que assumiu a Capitania dos Portos, passei a tê-lo como amigo próximo e levamos juntos a Confraria do Porto, evento exclusivo a executivos do setor portuário, para o navio Cisne Branco. O evento a bordo agradou e encantou muitos.

Além de capitão de mar e guerra, Robledo é um dos melhores produtores de TV que conheci. Sempre tinha uma pauta para o programa Porto 360°, na TV Tribuna. É criativo e preocupado em difundir a mentalidade marítima em nossa região. Em seu discurso de despedida, o Capitão emocionou e todos puderam perceber o quão importante a família é para ele. Isso me tocou, pois hoje minha filha também está me deixando para navegar em outros mares. Robledo deixa sua filha em nossa cidade para estudar, o que mostra quantas amizades fez e como se encantou com Santos e região. Ficamos felizes que, de alguma maneira, ele ainda deixe laços por aqui.

Na cerimônia de passagem de comando, creio que os termômetros marcavam 40°C e todos os presentes não dedicaram sequer um segundo para reclamar, preferindo direcionar o tempo para elogiar o comando de Robledo. Foram como ele, uma pessoa que olha sempre para as coisas boas e não negativas. Dentre tantas conversas e aprendizados, recordo-me de estar a bordo do Cisne Branco e ser desafiado por ele a subir no mastro da embarcação. Tarefa nada fácil e que, pelo desafio, acabei aceitando. Essa é mais uma passagem que levarei para a vida, com orgulho de ter realizado.

Éramos quase sempre os últimos a deixar os eventos, oportunidade ímpar para ouvir suas histórias e conhecimento sobre o nosso setor. Nosso Capitão sempre conseguia ser ouvido com facilidade quando falava e era capaz de inspirar as pessoas a seguirem seus passos. Robledo possui o dom da oratória, conseguindo influenciar e envolver todos a agirem para o bem. Especialistas dizem que grandes líderes são aqueles que sabem lidar com pessoas e que possuem relações saudáveis, conquistando o respeito naturalmente. Sabia influenciar e não manipular, por meio de bons argumentos e da capacidade de persuasão - não pela sua posição, mas sim porque conseguia provar que aquilo era importante.

Capitão, dedico este artigo a você, em agradecimento pelos ensinamentos e por mostrar para muitos em nossa região que podemos ser líderes diferentes e com bons propósitos. Toda tripulação do setor portuário santista estará sempre em sentido para lhe receber e esperamos mais sucesso em sua jornada. Valeu, Capitão, você vai fazer falta. E ao capitão de mar e guerra Marcus André de Souza e Silva, que assume no lugar de Robledo, desejo uma jornada prospera na Capitania do Portos e afirmo que todos estão de braços abertos para o novo amigo Capitão que chega.