Padawan e Mestre Yoda

Não gostaria de ser a geração que deixará promessas não cumpridas

Por: Maxwell Rodrigues  -  01/05/24  -  06:00
Yoda é um personagem fictício no universo de Star Wars, criado por George Lucas
Yoda é um personagem fictício no universo de Star Wars, criado por George Lucas   Foto: Reprodução

Star Wars nos traz vários aprendizados e eu, particularmente, sou um fã de Padawan,termo usado no filme que significa aprendiz e iniciante. São crianças que faziam treinamentos para se tornarem um cavaleiro Jedi, os cavaleiros do lado bom da força. Yoda é um personagem fictício no universo de Star Wars, criado por George Lucas. Ele aparece em seis filmes da saga. Frank Oz, célebre criador dos Muppets, é o responsável pela sua voz. Possui apenas 76 centímetros, mas foi um sábio Mestre Jedi que liderou o Conselho Jedi por anos.


Nesse 1ºde Maio, Dia do Trabalhador, podemos observar as mudanças que ocorreram dentro do setor portuário brasileiro quando o tema é mão de obra e a relação do capital com o trabalho.


Ao longo das últimas décadas acompanhamos o avanço da tecnologia substituindo trabalhos repetitivos, e como o capital investiu em um setor que não acompanhava as transformações do negócio e do mundo.


Várias batalhas foram travadas, algumas delas brigando por exclusividade, outras brigando por monopólio e tantas outras por desejos individuais, políticos ou partidários. Quantas promessas, quantos sonhos e quantos projetos prometidos e não entregues. Um verdadeiro filme que se transforma em mais uma saga. Dessa vez, de insucessos e não de sucesso.


Podemos celebrar muito do trabalho feito, e é claro que ainda existirá no Porto de Santos. Mudando de tempos em tempos e alterando a rota com que as relações se comportam. Seja da geração passada, seja da nossa geração ou da próxima que está por vir.


Se analisarmos o capital humano empenhado dentro das operações, podemos perceber que a geração passada teve uma contribuição significativa com tudo que colhemos nos dias de hoje. De outro lado, nossa geração está se esforçando para absorver novos conhecimentos e projetar tudo que é necessário em um mundo rápido e que muda a cada instante.


Contudo, ainda sinto falta de olhar para frente e perceber o que realmente deixaremos para a próxima geração.


Não gostaria de ser a geração que deixará promessas não cumpridas e que estejam associadas às necessidades emergenciais ou até de ganhos instantâneos. Ações muitas vezes necessárias, face à tamanha instabilidade nos negócios em nosso Brasil.


Convivemos ao longo de décadas com os mesmos problemas e a cada ano percebo que grandes lideranças ficam acomodadas com a realidade política em nosso país. Aquele sentimento de que nada vai mudar e de que nada adianta lutar, uma vez que o resultado será sempre o mesmo. Por diversas vezes já ouvi essa frase. As expectativas ao longo dos tempos vão mudando e os sonhos de um jovem de 20 anos são bem diferentes de um senhor sábio de 70 anos.


E olhando para esse equilíbrio é que devemos escolher nosso Padawan, aprendiz, para transferir o conhecimento e alimentar os sonhos dessa nova geração. Grandes líderes devem ter essa habilidade ou skill, como se fala atualmente, para habilidades humanas.


Nossa liderança envelheceu? As expectativas dos grandes líderes do setor portuário estão em aderência com a realidade e necessidade que os portos precisam? Será que os grandes mestres estão bem antenados sobre tudo que está ocorrendo?


Salta aos olhos a preocupação com os líderes do nosso setor em olhar para o futuro e não viver somente o presente. Aquele ciclo de retroalimentar suas necessidades emergenciais, pela rapidez em que o tempo passa para os que já margeiam os 70 em relação aos que estão com 20 anos de idade.


Venho insistentemente pautando essa realidade em meu dia a dia e cada vez mais entendendo como iremos nos comportar com o futuro.


O que os grandes mestres estão ensinando aos iniciantes? Estamos ensinando que os ciclos políticos são de quatro em quatro anos e que promessas fazem parte da rotina. Assim sendo, devemos nos adaptar ao jogo, aproveitando as janelas que surgem para emplacar projetos pontuais e que não são estruturantes para planejar o futuro da geração dos iniciantes?


Tudo muito complexo e que aprisiona todos em uma roda de desejo pelo lucro x desejos pessoais x projetos de poder. O que realmente estamos ensinando para a nova geração? Estamos ensinando que não conseguimos conviver com o avanço do setor portuário pela falta de infraestrutura nos acessos? Estamos ensinando que não conseguimos capacitar as pessoas com a agilidade adequada? Estamos ensinando que, apesar do crescimento ano após ano, teremos de concorrer com a escassez, ao invés de gerar demandas? O que o mestre está ensinando ao aprendiz? Você já se perguntou qual é o seu aprendiz ou quem é o seu mestre no setor portuário?


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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