Logística? Que Logística?

No início de março, todo o setor portuário esteve presente na maior feira da América do Sul, a Intermodal South America 2024.

Confesso que desde o fim da pandemia da COVID-19 não víamos algo tão grandioso. Milhares de pessoas, gente de todo o mundo e um sentimento de realização por reencontrar tanta gente e empresas. Inúmeros empresários e gestores presentes, com alta expectativa em fazer negócios.

Um ambiente favorável para muitos e com empresas realizando altos investimentos em seus estandes, com novidades e atrações - até um robô andava pelos corredores do evento. Foi tão impressionante o sucesso que empresas de outros segmentos também pegaram carona para tentar gerar negócios em um mercado que ainda não estão presentes, como carros elétricos sendo ofertados em um evento portuário e aéreo, por exemplo.

Esse colunista esteve em diversos estandes e conversou com muitas pessoas. Aristides Junior, CEO APMT Suape, contou entusiasmado sobre andamento das obras do novo terminal que está sendo construído no Nordeste. A expansão feita por Itapoá também mostrou o quanto estamos nos desenvolvendo em outros estados. Paranaguá já não surpreende e é uma realidade administrada habilmente por seu presidente Luiz Fernando Garcia.

Empresas que atuam e orbitam portos mostraram que Santos continua sendo um gigante. Executivos da Transtec World e T2S olham para o futuro, crendo em crescimento em investimentos.

Nesses meus 25 atuando, vivenciando negócios e desenvolvimento dos portos, posso dizer que a Intermodal 2024 foi a melhor desde sua criação. Um show de organização, audiência e novidades.

Tanto a Intermodal quanto o Porto de Santos são incomparáveis “da porteira para dentro”, termo utilizado por muitos para mostrar a eficiência que os terminais privados possuem em comparação com a ineficiência e paralisia públicas. As comparações entram o Porto de Santos e a Intermodal não param por aí.

O Porto de Santos bate recordes e a Intermodal, neste ano, superou todos também. Por outro lado, o acesso à feira e ao Porto de Santos são e foram caóticos. Caminhoneiros ficam horas e horas aguardando para adentrar ao Porto, e o público ficou mais de 2 horas em certas ocasiões para conseguir acessar o evento.

Isso demonstra o quanto problemas de acesso a locais e falta de infraestrutura geram insatisfação, não só em eventos, mas principalmente na maior locomotiva econômica que temos em nosso País.

Estamos o tempo todo e a todo momento olhando para os investimentos do privado e convivendo com promessas e promessas do lado público. É claro que promessas não faltaram nos anúncios políticos no evento. Contudo, passam anos e anos ou até décadas e não conseguimos resolver problemas estruturais. Não adianta atrair mais portos e terminais se não houver infraestrutura!

Ouvi de muitos que, para 2025, Intermodal mudará de local pelo ocorrido nesse ano quanto ao acesso. Já pelo porto, muitas cargas já buscam outras opções de escoamento pela falta de acesso. Até quando seremos bons em discurso e ineficientes em execução?

O brasileiro esquece fácil das coisas. Uma feira de logística sem logística para acesso será esquecida, assim como o acesso de Santos, já negligenciado. Será? E você, o que acha? A feira mudou de local, e o Porto de Santos vai mudar também?