Gigabit por segundo

Esse é o mindset, ser multitarefa e com várias frentes de trabalho

Por: Maxwell Rodrigues  -  03/04/24  -  06:00
Nossas lideranças de hoje passaram boa parte da década tratando de celeridade em concessões e abertura de mercado para o privado
Nossas lideranças de hoje passaram boa parte da década tratando de celeridade em concessões e abertura de mercado para o privado   Foto: Reprodução

O gigabit por segundo (Gbps) é uma unidade de medida que representa a velocidade de transferência de 1.000.000.000 de bits por segundo. Essa unidade de medida é utilizada para medir a velocidade de transferência de dados em redes de alta velocidade, como as redes de data centers.


Nessa velocidade é que acompanhamos a evolução e desenvolvimento de tecnologia e inovação nos portos do mundo, onde a informação é fundamental para tomada de decisões e estratégica para os negócios.


No Brasil, a velocidade de mudanças e de rota já não consegue acompanhar tamanha revolução e, com isso, ainda convivemos com instabilidade jurídica e falta de infraestrutura nos portos. Temas muito conhecidos e que as lideranças do setor não conseguiram demandar e solucionar até hoje. Talvez por falta de interesse de um lado ou do outro.


Nossas lideranças de hoje passaram boa parte da década tratando de celeridade em concessões e abertura de mercado para o privado. Algo que definiria o futuro dos portos e como o Brasil poderia colher frutos em um futuro próximo. Pauta acertada e que demandou um esforço sub-humano de muitos para que hoje possamos desfrutar de tantos investimentos e oportunidades.


Mas não deu tempo ou faltou braço para cuidar de outras questões. O privado veio para o jogo com uma rede de dados de alta velocidade, mas o público, infelizmente, ainda continua com computadores que usam o Windows 1.01, a interface gráfica bidimensional para o MS Dos que foi lançado por Bill Gates em 20 de novembro de 1985. Naquela altura, suportava somente 1 megabyte de aplicações e era a primeira tentativa de criar um sistema multitarefa.


Atualmente, é caso de sobrevivência ser multitarefa e multifuncional. Assim, os sistemas evoluíram, mas infelizmente não conseguimos cuidar de tantas tarefas e necessidades nos portos brasileiros. Resolvemos - ou quase - a celeridade de concessões, mas os acessos estão colapsados e são exemplos de que só conseguimos olhar para uma tarefa de cada vez.


Olhando para frente, sabemos que tecnologia e inovação serão pautas que o setor portuário deverá tratar. Nesse tema devemos ser multitarefas, caso contrário, não iremos sobreviver.


Sistemas e tecnologias demandam tempo para implantar e o resultado só aparece no final. Além disso, os terminais estão imersos em suas operações, e mudar um sistema ou processo depende de janelas específicas para tanto. Não é possível parar a operação para mudar um sistema de gestão. É como trocar a roda do carro com ele em movimento.


Pelo lado público, não é possível seguir no modelo de contratação que existe. É necessário atuar no custeio e atualização de sistemas. Pela lei de contratações, a velocidade necessária não permite que grandes projetos sejam implementados no tempo devido e conforme as janelas existentes. E tudo piora depois de implantado, porque não existe manutenção e atualização. Ficamos presos ao sistema Windows 1.01.


O Grupo Tribuna promove missões internacionais e, desde 2022, já insere em sua pauta, nos portos do mundo, tecnologia e inovação. Ocorreu em Roterdã, na Holanda, em 2022, e em Israel, em 2023. Nesse ano, a missão irá para a Coreia do Sul e 70% da agenda proposta tem como foco tecnologia e inovação para os portos.


Agenda acertada, no tempo correto e com muita expectativa de todos os participantes. Mas não parou por aí, propomos ao Instituto Brasileiro de Infraestrutura (IBI) a criação de um núcleo focado em tecnologia e inovação, o que aconteceu. O Instituto é presidido pelo competente Mario Povia, que já foi secretário nacional de Portos e Transportes Aquaviários.


Esse é o mindset, ser multitarefa e com várias frentes de trabalho para que assim possamos ter a celeridade de um gigabyte e entendendo que os dados já são armazenados em terabyte e pentabyte.


Precisamos de novas lideranças no setor portuário pensando e entendendo que o futuro é o tempo que se segue ao presente, mas vivido hoje. Você arrisca dizer quem são os novos líderes do setor portuário?


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