Direto de Vitória ou à vitória?

Em breve, teremos um novo comando no time portuário que treina e batalha pela vitória nesse jogo competitivo

Por: Maxwell Rodrigues  -  13/09/23  -  06:00
Direto de Vitória ou à vitória?
Direto de Vitória ou à vitória?   Foto: Divulgação

Estive ontem em Vitória (ES), onde tive a oportunidade de participar da 2ª Conferência Internacional de Portos. Fui convidado para palestrar a respeito do perfil do profissional portuário moderno. Muitas autoridades e personalidades do setor estavam no evento, com destaque especial a Shuo Ma, professor de transporte marítimo e gestão portuária, pesquisador e consultor na área de transporte marítimo e economia portuária. Ele é o diretor dos programas de mestrado da World Maritime University na China. Em terras capixabas, abordou o quão importante é ter um planejamento estratégico para o setor portuário. Sem planejamento, não existe avanço nem desenvolvimento.


Contudo, todos sabem o quanto é difícil planejar em um país que muda de rota a todo tempo e diante de qualquer brisa. O foco do debate percorreu a transferência de conhecimento entre vários portos e o Brasil. Houve unanimidade entre os presentes em relação a um ponto: a falta de planejamento de longo prazo para os portos brasileiros.


Vitória foi o primeiro porto público privatizado - ou desestatizado, como queiram. E hoje aparenta ser o patinho feio de um planejamento feito anteriormente pelo Governo Bolsonaro. Independentemente de qual governo decidiu pela privatização da gestão do complexo logístico, é importante entender que o porto é um equipamento que afeta a vida dos capixabas, que assim como nós simplesmente querem o melhor para o setor.


A falta de capacidade em infraestrutura também ganhou destaque nos debates, ficando evidente que isso não é um privilégio de Santos. Em Vitória, os problemas de acesso são similares aos notados no porto santista. Por sinal, a fatídica pergunta sobre os gargalos para acesso aos terminais do Porto de Santos acabou sendo feita em uma das mesas de debates a mim. Algo negligenciado e que não foi resolvido até então. Pior: outros portos sofrem com a mesma problemática.


Em breve, teremos um novo comando no time portuário que treina e batalha pela vitória nesse jogo competitivo. Em meio aos debates, ao noticiário e ao dia a dia do setor, fica claro que a agenda do novo comandante deve passar pela infraestrutura e aumento da capacidade nos portos, sem se distrair com outros temas. Bater recorde é uma vitória, mas com qual esforço? Já faz tempo que, a cada batalha, perdemos inúmeros bons soldados. Como venceremos uma guerra sem um plantel apropriado?


Em Vitória, ainda percebi olhares de esperança, mas também notei outros de quem já desistiu faz tempo. Todo o mercado espera que Silvio, o novo comandante, entre em campo com uma tática voltada para a vitória. Aprendi que, no jogo, o campeão comemora enquanto o vice explica. Estamos comemorando ou explicando? Fico confuso quando comemoram recordes e explicam a ineficiência em infraestrutura. Direto de Vitória, procuro saber se estamos a caminho da derrota ou da vitória.


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