Cometa de Halley e o porto!

Halley tem periodicidade de 75-76 anos e os incidentes pelo porto ano a ano

Por: Maxwell Rodrigues  -  21/02/24  -  06:00
A periodicidade de incidentes é mais recorrente do que a frequência que Halley nos visita
A periodicidade de incidentes é mais recorrente do que a frequência que Halley nos visita   Foto: Reprodução

O cometa Halley é periódico, visível na terra a cada 75-76 anos. É o único cometa de curto período regularmente visível a olho nu da terra, e o único a aparecer nos céus duas vezes durante uma só geração humana.


Já pelo porto, a periodicidade de incidentes é mais recorrente do que a frequência que Halley nos visita. Vejamos: em 2015, um incêndio na Ultracargo, no bairro da Alemoa, em Santos, foi considerado pela Cetesb o maior desastre desse tipo já registrado no Brasil. Toneladas de peixes de diversas espécies morreram, prejudicando famílias que vivem da pesca. Naquele período, o pânico da população em nossa região foi bastante grande.


Em 2016, um vazamento tóxico em Vicente de Carvalho, Margem Esquerda do Porto, ocorreu em 12 contêineres com produtos químicos. Naquela ocasião, pessoas foram atendidas com irritação nos olhos e problemas respiratórios.


No final de 2017, uma operação de guerra foi montada em alto-mar para exterminar 115 cilindros de gases tóxicos, inflamáveis e cancerígenos, que foram encontrados “abandonados” no Porto de Santos. Os cilindros eram datados de 1995 e continham fosfina, substância conhecida por ser utilizada em ataques terroristas.


Em 2023, notícias de um navio-bomba, que tinha a potência de 55 bombas de Hiroshina alarmaram toda a região.


Nesta semana, um incêndio atinge um galpão com mercadorias da Receita Federal em Santos. Dezenas de pessoas trabalham no combate e novamente a cidade sofre com as consequências do ocorrido.


Dentro do debate da relação do porto com a cidade, fica evidente que o cidadão conhece os riscos do porto - e eles podem ocorrer. De outro lado, conhecemos os benefícios que a atividade gera para muitos de nós.


Mas, diante de situações como essas, alguns questionamentos surgem para muitos. Esse colunista recebeu centenas de mensagens com esses questionamentos que irei dividir com todos. Quais são os terminais que geram risco para a região? O que esses terminais fazem para controlar a prevenção de incidentes? Por que essas informações não são amplamente divulgadas? Quais as campanhas de conscientização da população para que quando houver incidentes todos saibam como se comportar? Quando é perigoso? Por que os terminais de líquidos do Porto não criam um canal direto com a população?


Essas são algumas perguntas que recebi do cidadão comum, que possui muitas dúvidas, de forma legítima. Talvez pela falta de comunicação entre o porto e a cidade.


Mas é claro que os técnicos podem afirmar que existem iniciativas como o Plano de Auxílio Mútuo (PAM), entre outras, e que o setor conhece bem. O ponto que trago para reflexão é levar ao conhecimento de todos - e não somente de quem atua no segmento - os riscos existentes, quais terminais podem gerá-los e onde eles estão.


Por fim, ouvi de uma senhora que me abordou na rua: “O porto quando quer faz um silêncio ensurdecedor. Não sei quem são, onde estão e o que fazem!”.


Halley tem periodicidade de 75-76 anos e os incidentes pelo porto ano a ano! Comunicar é importante para que todos possamos entender e, acima de tudo, ter a responsabilidade de esclarecer.


Tudo sobre:
Logo A Tribuna
Newsletter