Coordenadora de Saúde Bucal diz que é preciso aumentar o acesso da população

Doralice Severo da Cruz, do Ministério da Saúde, participou do Fórum de Saúde Bucal, promovido por A Tribuna

Por: ATribuna.com.br  -  06/08/23  -  14:12
Coordenadora Geral de Saúde Bucal, vinculada à Secretaria de Atenção Especial de Saúde do Ministério da Saúde, a cirurgiã- dentista Doralice Severo da Cruz esteve em Santos
Coordenadora Geral de Saúde Bucal, vinculada à Secretaria de Atenção Especial de Saúde do Ministério da Saúde, a cirurgiã- dentista Doralice Severo da Cruz esteve em Santos   Foto: Sílvio Luiz/AT

Há 6 meses à frente do cargo de Coordenadora Geral de Saúde Bucal, vinculada à Secretaria de Atenção Especial de Saúde do Ministério da Saúde, a cirurgiã- dentista Doralice Severo da Cruz esteve em Santos participando do 1º Fórum de Odontologia e Saúde Bucal. O evento aconteceu no auditório do Grupo Tribuna na última segunda-feira. A coordenadora trouxe uma radiografia de como anda a saúde bucal no país e quais rumos pretende seguir.


A senhora acredita que o contingente de profissionais na rede pública é suficiente para o atendimento à população?


A rede pública está bem fragilizada. Os números não são suficientes. Nós precisamos aumentar a cobertura. Todos nós no Ministério e o presidente temos consciência disso, da necessidade de aumentar as equipes de saúde bucal. Só o cirurgião-dentista não é o suficiente. Tem que ser uma equipe. Tem que ter um cirurgião-dentista, um auxiliar de saúde bucal e um técnico de saúde bucal também.


Qual estratégia a senhora pretende implantar para chegar a pelo menos um número próximo ao satisfatório?


Nós estamos incentivando os municípios, os prefeitos a contratarem mais equipes. Nós instituímos um pagamento por desempenho também onde a equipe poderá fazer jus ao dobro que o ministério repassa atualmente para incentivar os municípios a atingirem o seu teto de número de equipes de saúde bucal, porque no ministério é assim: você tem, dependendo do tamanho da população, um certo número de equipes. Cada equipe atende 3.500 pessoas.


A senhora tem dito que o cirurgião-dentista tem que sair dos consultórios para atender a população. O que quer dizer exatamente?


Todas as equipes de saúde bucal precisam conhecer o território onde eles vão atuar. É preciso saber quais são as condições em que aquela população vive. Cada vez mais, o dentista está preso ao consultório e não faz uma visita domiciliar, não vai às escolas, deixa de fazer coisas que não dizem respeito apenas à cadeira odontológica. As pessoas precisam parar de achar que você só está trabalhando quando está na cadeira odontológica com a caneta de alta rotação ligada e abrindo alguma cavidade.


Como a população pode ter mais acesso à saúde pública bucal uma vez que algumas pessoas não sabem que existem dentistas no SUS? Há alguma campanha de conscientização?


Nós ainda temos uma cobertura baixa. Nós temos que aumentar essa cobertura. Esse também é um dos fatores que fazem com que a população nem perceba a saúde bucal em alguns casos. Mas aqui em Santos, por exemplo, a coordenadora municipal de Saúde Bucal disse que existem 28 unidades por cirurgião-dentista. Quantos cirurgiões-dentistas têm nessa unidade? Será que é o suficiente para atender aquela população daquele território, daquela unidade? Precisamos aumentar o acesso das pessoas à saúde bucal porque aí elas vão procurar mais, porque é a população que faz a regulação na verdade. Se ela sabe que vai ser atendida, ela comparece.


Os gestores municipais e estaduais estão afinados com o Governo Federal?


Os gestores estão ávidos por informação. Nós tivemos um congresso nacional dos secretários municipais de saúde em Goiânia. Foram 11 mil inscritos. Então, eles estão dispostos a trabalhar e a melhorar o SUS nas suas cidades.


A senhora está promovendo uma pesquisa em todo país, para que se tenha uma radiografia exata de como está a saúde bucal no Brasil. Quando vamos ter o resultado disso?


Temos procurado realizar essa pesquisa de dez em dez anos, não chega a ser um censo, a gente não examina todo mundo, mas é uma amostra representativa da população brasileira. Ela examina quantos dentes você tem na boca, quais as necessidades que você tem, se tem cárie ou não, se a pessoa tem doença periodontal (inflamação dos tecidos que suportam os dentes), se tem câncer bucal ou não, se o paciente precisa de prótese ou não. A gente necessita desses dados para saber como está a população como um todo.


Nós ainda somos considerados um país de desdentados?


Nós estamos deixando de ser um país de desdentados. 2010 já mostra que a perda dentária diminuiu. Ainda há muita perda principalmente quando a pessoa chega aos 60 anos. Eu ainda preciso dos dados da pesquisa, mas eu acho que as pessoas que fizeram 60 anos, atualmente, tem muito mais dentes na boca do que tinham antigamente. Agora a gente precisa tratar da gengiva, por exemplo.


O açúcar ainda é o vilão dos dentes?


O nosso problema maior ainda é cárie. Primeiramente, nós temos que saber o que se vende nas cantinas escolares. É preciso juntar o MEC, as Secretarias de Saúde Municipais e Estaduais, as áreas que cuidam da nutrição nas secretarias municipais de saúde, para que tenhamos uma lei que proíba que nas cantinas escolares sejam vendidos produtos cariogênicos (biscoitos recheados, chocolate, achocolatados, balas, chicletes, por exemplo).


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