Que a sexualidade é pauta importante na vida de todos, não resta dúvida. As formas de lidar com ela podem mudar, à medida que os anos avançam. Mas gostar muito de sexo ou apenas apreciar estar junto com o parceiro ou parceira não é o mais importante. O que vale é jamais deixar de expressar o que se sente. Ou seja: nada de “solidão a dois”. (confira a íntegra mais abaixo)
Esse é um dos recados que deixa a live Vida Sexual sem Tabus, do projeto Diálogos da Maturidade, realizada ontem nas redes sociais do Grupo Tribuna. A mediação foi das jornalistas Arminda Augusto, gerente de Projetos e Relações Institucionais, e Ivani Cardoso, do Instituto para o Desenvolvimento Educacional, Artístico e Científico (Ideac).
“Muitas vezes, a gente percebe que há casamentos que já acabaram. Uma relação que não existe mais. Nem tudo é ‘até que a morte nos separe’. Num casamento, se aprende que há vários dentro dele. Não somos sempre a mesma pessoa. A gente tem fases, se renova”, explica Dorli Kamkhagi, doutora em Psicologia Clínica e mestre em Gerontologia.
Ela reforça que, muitas vezes, ocorre uma “falta de sintonia” entre os desejos dos parceiros. “Muitas vezes, não é só homem que quer. A cultura machista traz a figura do ‘homem provedor’. Mas a mulher também tem vontade, e está podendo, cada vez mais, falar dela.”.
Processo
Para Ana Carolina de Oliveira Costa, psicoterapeuta com especialização em Psicanálise e Psicodrama, coordenadora de grupos de psicoterapia para idosos, a construção da sexualidade é um processo que vem desde a infância. Ambas atuam na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
“Conheci pessoas que haviam passado por essas crenças, de que não podiam expressar seu desejo, ou viver de uma forma ligada à juventude, que o envelhecimento era ligado a doença. E não é nada disso”, exprime. “As questões físicas não são impeditivas. Há várias formas de se minimizarem essas perdas que acontecem ao longo do tempo.”
Ela acredita que falar sobre o “não sexo” também é necessário. “Falar de sexo sem tabus também é da não obrigação”, pontua.
Fantasias
Ana Carolina sustenta que as fantasias podem representar um ingrediente importante para um casamento voltar a ferver.
“É difícil manter a libido por tantos anos. A fantasia é superimportante. Muitas pessoas ainda confundem fantasia com traição, ou falta de conexão. Mas, às vezes, é necessário”, complementa.