Responsabilidade ambiental

Adoção de práticas sustentáveis ganha cada vez mais espaço em grandes organizações

Por: Lyne Santos, colaboradora  -  21/01/24  -  08:24
  Foto: Nirley Sena/Acervo A Tribuna

Cada vez mais a sustentabilidade tem se tornado uma parte integrante da estratégia de negócio das organizações. Não é à toa que o termo está inserido em uma das siglas mais disseminadas no ambiente corporativo atualmente, a ESG (iniciais de Ambiental, Social e Governança, em inglês). Sua relevância é corroborada por especialistas, que incluem a preservação ambiental como fundamental quando se trata da gestão de risco das organizações e consequente atração de investimentos. Atentas a este cenário, as empresas do Polo Industrial de Cubatão entendem que as ações devem começar “dentro de casa”, por meio de iniciativas simples, como, por exemplo, a eliminação do uso de copos plásticos em estações de trabalho, com a distribuição de copos ecológicos e duradouros.


Para o perito Socioambiental do Ministério Público Federal e ex-conselheiro do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), Roberto Roche, a adoção de práticas de responsabilidade ambiental pelas empresas na última década passou a ser uma questão de sobrevivência do negócio, ou seja, a sociedade não aceita mais empresas que impactam negativamente a sociedade e o planeta. “Por ser um risco reputacional da sua imagem perante ao consumidor e, inclusive, pelas instituições financeiras e seguradoras, as companhias estão apertando o cerco sobre a gestão da responsabilidade ambiental”, disse Roche, que conta com mais de 35 anos de experiência, parte deles atuando como vice-presidente em ESG e QSMS (Qualidade, Segurança, Meio Ambiente e Saúde) a fundos de investimentos,


Segundo Roche, ESG é risco financeiro do negócio dos investimentos. “Vocês colocariam o seu dinheiro numa empresa que não tem a menor gestão de risco?”, indagou. Ao fazer um breve histórico sobre o surgimento da tríade, o especialista deixa clara a importância da questão ambiental, uma vez que o termo ESG teve como ponto de partida acidentes no Brasil e no exterior, como as 47 ocorrências envolvendo nitrato de amônio, usado para fabricação de fertilizantes.


“Grandes acidentes, empresas quebrando, multas milionárias. Todo impacto socioambiental causa um desastre econômico na região e até mesmo em toda a cadeia de logística de suprimentos. O ponto em comum nos acidentes é justamente a falta de governança. É preciso mostrar para os investidores que o risco ESG está sob controle”, explicou Roche.


A análise do também auditor ambiental está alinhada ao histórico de Cubatão, que após um período de impactos negativos no município na década de 80, devido, sobretudo, à emissão de poluentes, entendeu a necessidade de reverter a situação e priorizar o seu compromisso com a comunidade e a região. A poluição atmosférica causou efeitos devastadores, hoje transformados em compromisso e reconhecimento.


Tudo graças à união da iniciativa privada, governo e sociedade. “A preocupação com as questões ambientais é condição para a continuidade dos processos produtivos das empresas, buscando permanentemente alternativas de melhoria visando a sustentabilidade das operações industriais. Essa conscientização coletiva ajuda a disseminar os conceitos de preservação ambiental nas comunidades, bem como auxiliar na consolidação das políticas públicas de controle”, observou o gerente regional do Ciesp Cubatão, Omar Silva Junior.


Nesse sentido, o coordenador da pós-graduação em ESG - Governança e Sustentabilidade da Universidade Santa Cecília (Unisanta), Rafael Pedrosa, reiterou que o crescente engajamento das empresas tem aberto portas, inclusive, quando se pensa no contexto de uma exportação. “Nos países de primeiro mundo, já se fazem exigências muito claras sobre os produtos terem sido feitos a partir dessas políticas como um agente validador da produção sustentável para que a compra seja efetivada”.


Empresa amplia ações benéficas ao meio ambiente e colhe frutos

A Unigel é uma empresa do Polo Industrial de Cubatão que participa ativamente da nova realidade da Cidade. A companhia inclui em seu planejamento estratégico ações internas de sensibilização dos seus colaboradores, além de condutas que impactam de dentro para fora. Um dos projetos é o treinamento na modalidade EaD (Ensino a Distância) voltado para Educação Ambiental, onde são abordados assuntos como a correta destinação de resíduos e as mudanças climáticas.


De acordo com a empresa, o resultado é a ampliação da consciência ambiental dos colaboradores e a promoção da prática correta de descarte de resíduos, a importância da gestão hídrica e como melhorar a sua pegada ambiental no planeta, reduzindo os impactos do ser humano.


A prática de coleta seletiva é outra iniciativa da Unigel. Ela adota em seu modelo de gestão as opções de destinação de resíduos ambientalmente validados pela Agência Ambiental, com um olhar de redução, reaproveitamento, parcerias e identificação de novas tecnologias. “A segregação e destinação de resíduos recicláveis para reaproveitamento, estimula a conscientização para redução dos volumes depositados em aterros sanitários”, disse o gerente regional do Ciesp Cubatão, Omar Silva Junior.


O sistema de gestão da empresa é certificado pelas normas ISO 14001 e Programa Atuação Responsável e ISO 9001 (qualidade) e ISO 45001 (saúde e segurança), onde procedimentos e práticas são verificadas anualmente.


Certificação

A empresa também é certificada no Programa Atuação Responsável, promovido pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) desde 2018 e na ISO 14001 desde 2019, mantendo-se os certificados desde então. E não para por aí. Outra iniciativa da petroquímica foi a criação da marca chamada Ecogel Poliestireno em 2020, que promove a economia circular, pois considera uma mistura entre poliestireno virgem fabricado pela Unigel e poliestireno pós-consumo obtido junto de cooperativas e empresas parceiras, possibilitando novas aplicações do material em diversos segmentos e trazendo uma opção de produto com conteúdo reciclado.


Para a empresa, um dos principais benefícios do sistema de gestão ambiental é o amadurecimento e melhoria contínua dos processos da companhia, além de atender requisitos legais e promover práticas que visam proteger o meio ambiente. “É de responsabilidade das empresas desenvolver práticas de sustentabilidade, que podem ser atestadas através da obtenção de certificações que confirmam a adoção dessas ações”, mencionou Junior.


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