Cubatão se prepara para novos investimentos

Projetos trazem perspectivas animadoras para a economia da cidade

Por: Lyne Santos, colaboradora  -  17/03/24  -  09:58
Cubatão se prepara, agora, para uma nova era, voltada à atração de novas indústrias
Cubatão se prepara, agora, para uma nova era, voltada à atração de novas indústrias   Foto: Matheus Tagé/Arquivo AT

Após se transformar em “vale da vida”, Cubatão se prepara, agora, para uma nova era, voltada à atração de novas indústrias. Os projetos estão alinhados às características privilegiadas do município, que vão desde a posição geográfica, até o próprio polo petroquímico formado por empresas de grande porte. A Cidade está em posição de destaque, inclusive, quando se trata de uma das principais pautas em discussão atualmente: a transição energética. Nesse sentido, já está prevista a instalação de uma nova unidade dentro da Refinaria de Cubatão para fabricação de querosene verde.


“Será a primeira do Brasil, mostrando que o Polo Industrial de Cubatão ainda é grandioso. O investimento, só nesta unidade, será de R$ 5 bilhões. Investimentos como esse já conversam, inclusive, com o futuro, pois antecipa a Cidade ao avanço da Agenda 2030 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (Organização das Nações Unidas) que abraçamos, monitoramos e incentivamos por meio da diversificação da matriz econômica”, destacou o secretário de Governo de Cubatão, César Nascimento.


Ele lembra ainda que o município é uma das fortes diretrizes do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Ao visitar Cubatão no final de janeiro, o chefe do Executivo estadual se colocou à disposição para agilizar investimentos e contribuir a o desenvolvimento local. A iniciativa entra no contexto de uma série de ações que têm colocado Cubatão nos holofotes.


Recentemente, o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Jorge Lima, também citou o município durante reunião com empresários norte-americanos. Na ocasião, foi levantada a possibilidade de implantação de um laboratório de tecnologia e uma planta industrial na cidade da Baixada Santista. As alternativas serão analisadas por um grupo de trabalho liderado pela Agência Paulista de Promoção de Investimentos e Competitividade (InvestSP).


Vale destacar também que, em outubro do ano passado, a Prefeitura de Cubatão e representantes do Governo Estadual enviaram proposta para um grupo de investimento alemão interessado em construir um polo químico e siderúrgico de energia renovável na cidade. Os detalhes das negociações ainda estão em sigilo, mas segundo Nascimento, a intenção é construir fábricas de hidrogênio, amônia e aços verdes, segmentos que estão ganhando espaço em todo o planeta.


“É importante frisar que o polo petroquímico ajudou a construir a identidade do município de Cubatão e a riqueza do País. Da Fábrica de Anilinas, datada do início do século 20, à discussão da Zona de Processamento de Exportação, as indústrias, com seus mais diversos produtos, movimentam a cidade do ponto de vista financeiro e têm grande representatividade para a cadeia produtiva brasileira”, reiterou o secretário, diante do fato, por exemplo, de que o parque industrial conta com produtos exclusivos, como a gasolina de aviação.


Conforme ressaltou a Prefeitura, a riqueza do Polo pode ser dimensionada por meio do chamado “valor adicionado” - valor agregado emitido na produção do polo. Em 2023, as indústrias de Cubatão geraram em torno de R$ 30 bilhões de valor adicionado para o Brasil. “Cubatão possui legislação que dá condições efetivas ao empresariado para investimento na cidade, como a Prodescub, Lei de Incentivos Fiscais com isenção de IPTU, redução da alíquota do ISS de 5% para 2%, obviamente para empresas e investidores que desejam se instalar ou realizar novos investimentos no polo industrial”, mencionou o prefeito Ademário Oliveira (PSDB).


No entanto, Oliveira deixa claro que para receber novos investimentos, o Polo precisa mudar a matriz econômica pois a cidade se torna interessante do ponto de vista retroportuário. “Os grandes operadores logísticos estão situados aqui e continuaremos trabalhando nesse sentido. O polo tem espaço físico para comportar mais indústrias, seja no petroquímico, setor logístico e recepcionar as novidades no que diz respeito à transição energética”.


No foco, as indústrias de transformação

Acompanhando de perto os planos previstos para Cubatão, o gerente regional do Centro das Indústria do Estados de São Paulo (Ciesp), Omar Silva Júnior, enfatiza que, por meio da Secretaria de Desenvolvimento do Estado, existe a oportunidade de ser criada uma demanda às indústrias de transformação que utilizam a matéria-prima produzida no Polo de Cubatão.


“As nossas indústrias são o que chamamos de indústria de base, ou seja, as que fabricam matéria-prima para as de transformação. Temos aqui as maiores siderúrgicas, indústrias químicas, petroquímicas e de fertilizantes. Todas elas fabricam insumos. Diante disso, estamos fazendo um levantamento das empresas situadas na região que poderiam trazer indústrias de transformação para utilizar os materiais que temos aqui”, detalhou Júnior.


Segundo ele, o município já fez algumas tentativas com a criação de incentivos fiscais, mas não teve muito sucesso, pois a competição entre os estados é muito acirrada e São Paulo sempre foi muito rigoroso nesse aspecto, enquanto outros, em especial no Sul e Nordeste, desenvolveram incentivos fiscais muito fortes.


“São Paulo andou perdendo muita indústria por causa de incentivo fiscal, mas, agora, como o cenário envolvendo o regime fiscal está mudando com a lei nova, podemos dizer que o Estado está mais atento a isso e existe preocupação em não deixar escapar essas oportunidades de criar valor aqui, naquilo que já fazemos, ao invés de exportar matéria-prima para fazer transformação em outros locais, pois o consumo final acaba sendo em São Paulo”.


O gerente também observou as oportunidades relacionadas ao desenvolvimento de algum tipo de energia renovável por meio de gás natural, biocombustíveis ou pela própria eletrólise da água para produzir hidrogênio verde. “Existem algumas consultas de empresas que estão sendo feitas através do estado de São Paulo de colocar condições de incentivo à produção de energia renovável para ser utilizada nas indústrias da região. Temos grande demanda aqui”, disse Júnior.


Outra novidade é a criação de uma Zona de Processamento de Exportação (ZPE), que está em fase de estudos junto à Prefeitura de Santos. “É um processo que vai demandar tempo, mas uma oportunidade que estamos carentes e há uma boa vontade do Governo Federal”.


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