Congestionamentos em Cubatão devem ser reduzidos em 30 dias

Prefeitura tem discutido diversas ações e medidas com todos os agentes envolvidos no processo

Por: Lyne Santos, colaboradora  -  26/11/23  -  10:00
Atualizado em 27/11/23 - 10:06
Estratégias que estão sendo discutidas e estudadas envolvem também conscientização dos caminhoneiros e a criação de faixas exclusivas para veículos pequenos
Estratégias que estão sendo discutidas e estudadas envolvem também conscientização dos caminhoneiros e a criação de faixas exclusivas para veículos pequenos   Foto: Divulgação

A Prefeitura de Cubatão espera reduzir, em cerca de 30 dias, as filas de caminhões que seguem ao Polo Industrial de Cubatão e em direção ao Porto de Santos. A expectativa está alinhada ao plano integrado de gestão da área, que busca envolver todos os agentes capazes de contribuir para o fim dos históricos congestionamentos, cujos impactos se estendem às rodovias Anchieta e Cônego Domênico Rangoni.


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Há pelo menos dez anos as autoridades tentam acabar com o problema, que não tem apenas nos pátios reguladores a solução. É necessário um planejamento logístico efetivo, que vai desde a conscientização dos caminhoneiros até o descredenciamento de quem não cumprir às novas “regras do jogo”.


“Essa ideia de que ampliar os pátios reguladores vai resolver a situação é um erro. O Ecopatio, por exemplo, enche porque o caminhão que está agendado para descarga, para no local e não é chamado para descarregar, pois o navio atrasou e ninguém retém os veículos que estão descendo para que eles não cheguem. Então, a Autoridade Portuária é a culpada? Não, pois tem uma parte dos caminhões que não entra no agendamento, como os de granéis líquidos que atuam na Alemoa e tem dificuldade no retorno da Boris Kauffmann, gerando conflito no viaduto. São muitos fatores, por isso a importância de chamar todos os envolvidos”, explicou o secretário Municipal de Segurança e Cidadania de Cubatão, Pedro de Sá Filho.


As reuniões e troca de informações acontecem frequentemente e contam com a participação das polícias Rodoviária e Militar, Prefeitura de Santos, Ecovias, Autoridade Portuária (APS) e até mesmo do Ministério Público, caso necessite interferência em algum momento.


Vale lembrar que o Ecopatio e o Rodopark são os pátios reguladores responsáveis por atender os caminhões carregados de granéis sólidos, que seguem para o complexo santista. Juntos, eles têm capacidade para cerca de 1.600 vagas. No entanto, a taxa de ocupação dos espaços é de, em média, 60%. A informação da APS corrobora com a análise do secretário de que a saída não está na criação de novos empreendimentos para a parada das carretas. Pelo contrário, já que o Ecopatio chegou a colocar as suas vagas excedentes à disposição das empresas localizadas no entorno da área como uma forma de colaborar com o fim dos engarrafamentos, informou a coordenadora de Operações do Ecopatio, Barbara Wojtyga.


A estratégia de cooperação também minimizaria os impactos sofridos pelo próprio pátio regulador que, segundo Bárbara, tem sido prejudicado por situações que impedem a entrada e saída de caminhões do local. No último dia 23, o empreendimento ficou quatro horas sem receber caminhões devido às irregularidades cometidas no entorno. Os motivos incluem a presença de estacionamentos e comércio ilegais, espera para entrar em locais de lavagem de carretas e o recebimento, por outras empresas, de veículos com carga conteinerizada.


“Temos uma movimentação de três mil caminhões por dia. Quando acontece esse vácuo não dá tempo de absorver a demanda represada. Isso fez com que nossa ocupação subisse para 95%”, ressaltou a representante do Ecopatio, que tem participado das reuniões organizadas pela Administração Municipal. “Não temos como agir no problema do amigo do lado, o que podemos fazer é abrir as portas para receber esses caminhões, se a empresa ao lado precisar. Na (Avenida) Plínio não conseguimos fazer muita coisa”, completou Bárbara.


Apesar dos atuais pátios reguladores atenderem a demanda, o Plano Estratégico da APS inclui duas áreas para novos estacionamentos e áreas de descanso para caminhoneiros. Uma localizada próximo ao trevo da Imigrantes com a interligação Baixada (Cubatão), com 580 mil metros quadrados, para 1.500 vagas e outra na margem esquerda (em Guarujá), com 100 mil metros quadrados, para 667 vagas. Além disso, o Ministério dos Portos inaugurou na semana passada dois novos trechos para estacionamento na margem direita (Santos) com 260 novas vagas para atender aos trabalhadores no local. No entanto, serão destinados, especificamente, aos caminhões conteineiros de Santos, que fazem o chamado “vira”.


Caminhoneiros

Para o presidente do Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens da Baixada Santista e Vale do Ribeira (SINDICAM), Luciano Santos de Carvalho, os caminhoneiros precisam, sim, de novos pátios regulatórios, com distribuição em demais localidades para diluir o trânsito na região. Ele observa que a falta de pátios e estacionamentos acarreta diversos prejuízos, afetando, inclusive, a dignidade dos profissionais. “A quantidade de pontos de parada necessários para atender a demanda é incalculável, pois depende da sazonalidade do serviço, sendo o fluxo de veículos variável. Entretanto, como há um expressivo crescimento no setor, seria imprescindível, pelo menos, mais dois pátios reguladores”, destacou o sindicalista que, apesar do ponto de vista, também atribuiu os congestionamentos à falta de organização logística.


Drones auxiliam na indefinição de pontos mais críticos

A disponibilidade do Ecopatio é apenas uma das possíveis ações, que devem minimizar os congestionamentos ao longo dos próximos 30 dias, quando começa a aumentar o número de turistas na região, incluindo aqueles que precisam acessar o Porto de Santos para embarcar em um dos navios de cruzeiros atracados no Terminal de Passageiros Giusfredo Santini. Os veículos de passeio são uma das principais preocupações do secretário de Segurança de Cubatão, uma vez que eles são os primeiros a serem assaltados nos dias de grande bloqueio das vias. Diante disso, uma das soluções é tentar manter a faixa 1, da esquerda da pista, como exclusiva para esse público. Mas, não para por aí.


“Para começar a resolver o problema, estamos fazendo voos de drones, então toda vez que começa a ter congestionamento, a ideia é que a Ecovias ou a Prefeitura suba o drone para verificar claramente onde é o gargalo. A última das questões que estamos pressionando e que acabamos atacando de cara é multar caminhoneiro. Entrou irregular, vai lá e multa, mas às vezes o caminhoneiro fala que é melhor pagar a multa do que perder o lugar na fila, então é fundamental conscientizá-los”, disse Filho, lembrando ainda dos casos em que o motorista larga o caminhão na pista para almoçar em uma das barraquinhas de comida disponíveis na região, os chamados comércios irregulares. “É muito mais complexo do que se imagina”.


Quando se trata de penalidades, o secretário prevê a aplicação, em dez vezes, de multa em quem é o contratante do caminhão, que não fez o monitoramento da descida para impedir que ele ficasse de fora do pátio. Outra questão mencionada pelo servidor são os pátios logísticos com portaria logo na entrada, levando os caminhões a ficarem esperando na porta para entrar. O objetivo é que sejam utilizadas as vias internas de circulação para acumulação das carretas à espera para descarregar. “Temos ainda um problema com manobra ferroviária. Um trem chega a manobrar por mais de 20 minutos na entrada do Ecopatio. Esse comodismo generalizado é que tumultua todo dia o processo”, mencionou Filho.


A pretensão de Cubatão para que o Estado assuma a gestão do sistema viário na região da Plínio de Queiroz, atualmente municipal, também faz parte dos planos. “Existem tratativas, visto que a atração de novos investimentos e empreendimentos passa pela solução desse problema. O próprio secretário de Desenvolvimento Econômico de SP, Jorge Lima, já esteve com o prefeito em duas oportunidades recentes para discutir essa dentre outras pautas”.


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