A leitura, segundo o dicionário Houaiss, é “a ação de tomar conhecimento do conteúdo de um texto escrito, para se distrair ou se informar”; o significado ao pé da letra de um hábito que representa muito mais para bastante gente. (veja mais no vídeo abaixo)
Em meio à avalanche de informações que surgem das redes sociais e de meios eletrônicos, há quem consiga reservar parte do dia para se dedicar aos livros.
Durante a pandemia de covid-19, o acesso às publicações foi importante para combater o isolamento, distrair a mente, estimular a criatividade e ampliar os horizontes intelectuais.
Com a intenção de estimular os benefícios da leitura, proporcionar acesso a obras literárias e estreitar os laços entre pessoas, a Pinacoteca Benedicto Calixto idealizou o projeto Livro Livre.
Responsável por eventos e atividades da instituição, o produtor cultural Fábio Luiz Salgado explicou que a iniciativa teve como inspiração um movimento surgido nos Estados Unidos chamado bookcrossing, que, em tradução livre, seria a prática de deixar um livro em um local público para que outras pessoas o encontrem e leiam.
O projeto não aceita a doação de alguns tipos de publicações, como didáticas, técnicas, dicionários e enciclopédias. Coleções podem ser recebidas, mas quem estiver interessado deverá retirar todos os volumes, não apenas um ou outro exemplar. Gibis também podem ser entregues no local.
“O nosso principal objetivo é difundir a leitura para o público que não tem condições de comprar uma obra. A ideia é que a pessoa volte aqui, traga o exemplar e pegue outro sem nenhum custo”, afirmou.
Até a semana passada, o projeto tinha de 500 a 600 livros de gêneros variados, que vão de clássicos da literatura brasileira a publicações sobre religião. Há também obras em línguas estrangeiras, como inglês e em francês.
“Já recebemos até mesmo livro em japonês. Com a pandemia (de covid-19), o movimento de doações diminuiu, mas chegamos a receber, por mês, cerca de 5 mil exemplares. O legal dessa iniciativa é que a pessoa pode levar mais de um para casa”, explicou.
Para 2022
A partir do próximo ano, deverá ser retomada a feira do Livro Livre, aos sábados. Segundo Salgado, esses eventos reuniam grande número de pessoas e algumas delas ficavam o dia inteiro, estimulando a troca de ideias sobre as obras e, até mesmo, o início de amizades em nome da cultura.
A sala do projeto Livro Livre fica aberta de terça-feira a domingo, das 9 às 18 horas. As doações podem ser deixadas com os monitores da Pinacoteca Benedicto Calixto. Elas são levadas para a biblioteca e, após higienização, ficam à disposição para o público.
O auditor fiscal de tributos municipais Marco Aurélio Dias Ferreira estava visitando a Pinacoteca Benedicto Calixto e aproveitou para conhecer a sala do projeto Livro Livre. E elogiou a iniciativa.
“Na Prefeitura de Santos, temos um local semelhante. Acredito que é necessária a criação de mais espaços como este aqui para disponibilizar os livros às pessoas dessa forma, bem como para facilitar a doação”, afirmou.
O servidor público afirmou que gosta de ler publicações relacionadas à ficção científica.
Ferreira destacou que muitos filmes desse gênero são baseados em livros, como Duna, que está em cartaz nos cinemas e foi inspirado em uma série do escritor e jornalista norte-americano Frank Herbert.
“Essa obra é fantástica e eu já li umas quatro ou cinco vezes. Em 1966, ela ganhou o prêmio Nebula”, explicou. Essa honraria concedida aos autores de livros é definida pela organização sem fins lucrativos dos Autores de Ficção Científica da América.
Doa e retira
“Normalmente, eu costumo ver as publicações que estão nas prateleiras e levo para fazer a leitura em casa. Além disso, também trago algumas doações. E é assim que essa iniciativa tem uma sequência.”
A afirmação é do estagiário da Pinacoteca Benedicto Calixto Vitor Silva Amorim, que sempre está de olho nas doações que são feitas ao projeto Livro Livre e procura colaborar com o projeto.
Vitor Amorim conta que está cursando o quarto semestre de Letras na Universidade Católica de Santos (UniSantos).
Ele gosta muito de autores do modernismo brasileiro e de obras da chamada literatura fantástica (gênero literário que contraria a noção de realidade, como os três volumes de O Senhor dos Anéis).
Por causa do projeto, ele teve acesso a um dos clássicos da literatura mundial: 1984, do jornalista e romancista britânico George Orwell. “O livro é fantástico e tinha uma visão diferenciada ao escrever, na década de 1940, coisas que ainda são muito atuais”, destacou.
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