Ambulatório universitário de Santos atende pacientes com sequelas de covid-19

Ambulatório de Recuperação Pós-Covid-19 da Unisanta abrange diversas áreas

Por: Nathália de Alcantara  -  12/10/21  -  10:03
Atualizado em 13/10/21 - 16:56
 Os trabalhos na Unisanta são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar
Os trabalhos na Unisanta são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar   Foto: Matheus Tagé

O Ambulatório de Fisioterapia da Universidade Santa Cecília (Unisanta) ampliou seus horizontes com a chegada da pandemia de covid-19. Hoje, a unidade atende também pacientes com sequelas de coronavírus nas áreas de Nutrição, Psicologia e Educação Física.


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A diretora da Faculdade de Ciências de Saúde, Carolina Simões Teixeira, explica que a ideia surgiu com a necessidade dos pacientes que chegavam na triagem.


“Criamos um ambulatório multiprofissional e, dependendo do paciente, o encaminhamos para a área que precisa de apoio. Percebemos que havia demanda para outras áreas”.


Ela explica que o tratamento dura entre um e três meses. “Tudo depende de cada evolução, mas todos chegam com algum grau de fraqueza muscular. Outras sequelas são dificuldade pulmonar, com cansaço e saturação caindo durante o exercício”.


Carolina reforça que todos os protocolos são atualizados de acordo com as novas demandas que aparecem durante o processo.


“Vamos vendo as necessidades dos pacientes e aprendendo cada vez mais com todos que passam por aqui. É uma evolução rápida, de maneira geral. Em um mês, percebemos que já estão bem melhores”.


A diretora da Faculdade de Ciências de Saúde explica que uma das maiores alegrias dos profissionais envolvidos no projeto é ver a retomada de atividades simples e diárias por parte dos pacientes.


“Tratamos cada um deles isoladamente, com o que é melhor para ele e para o que realizava lá fora”.


Aprendizado


Para o coordenador da faculdade de Fisioterapia, José Luiz Portolez, a vivência para o aluno é extremamente importante.


“É uma condição que o aluno acompanha toda a trajetória do paciente, desde que sai do hospital até a alta. É um paciente complexo e isso é muito enriquecedor para o aluno e para o serviço. Ele já sai com uma condição de preparo diferenciada para o mercado de trabalho”.


Segundo a coordenadora do curso de Nutrição, Angela de Oliveira Godoy Ilha, a maioria dos pacientes desenvolveu diabetes e dislipidemia (aumento das gorduras do sangue). “Muitos apresentam essa situação tendo inclusive de tomar insulina. Aqui, os estudantes do primeiro ano já começam a recuperar esse paciente, seja por meio da reeducação alimentar ou da adequação de uma dieta”.


A coordenadora do Ambulatório de Recuperação Pós-Covid-19 do setor de Educação Física, Débora Dias Ferraretto Moura Rocco, diz que a melhora dos pacientes é significativa.


“Muitos dos pacientes mal andavam 15 minutos e hoje já correm 30 minutos. O impacto na vida deles é muito importante, pois eles estão mais animados”.


 A recuperação física dos pacientes tratados no ambulatório impressiona
A recuperação física dos pacientes tratados no ambulatório impressiona   Foto: Matheus Tagé/AT

Pacientes


Um dos 20 pacientes atendidos atualmente é o autônomo José Cleidiano dos Santos, de 39 anos. O morador do Embaré, em Santos, sofreu um acidente com gás encanado no trabalho e teve 30% do corpo queimado.


No hospital, em novembro de 2020, pegou covid-19 e passou 80 dias internado, sendo 40 deles entubado. “Estou aqui hoje graças a Deus e aos médicos que cuidaram de mim. Tive alta numa cadeira de rodas e com a missão de reaprender a comer, falar, andar e me movimentar”.


José Cleidiano começou o acompanhamento no ambulatório em julho deste ano e, em seis meses, viu seus movimentos voltarem.


“Cheguei aqui de andador e estou pedalando. Tenho uma nova vida. Eu nasci de novo e tudo isso me mudou como pessoa. Vejo as coisas de um jeito diferente e dou valor para as coisas simples”, diz ele.


O funcionário público Araken Pereira Filho, de 59 anos, destaca muito mais do que reconquistar velhos hábitos. “Recebo carinho, cuidado e tenho minha auto-estima recuperada. Aprendi muito, inclusive a me desencolher”.


Ele, que mora na Ponta da Praia, em Santos, faz acompanhamento no local desde maio deste ano. “Em fevereiro, de uma hora para a outra comecei a tossir e, do nada, tive um colapso. Numa segunda, apareceram os primeiros sintomas. No sábado, estava na UTI, onde passei dez dias”.


Araken explica que, apesar de sair do hospital, é difícil recuperar a vida normal pós-covid-19. “Ficam muitas limitações. Ando balançando, entre outras coisas. Temos a impressão da melhora, mas internamente a situação é diferente. Esse cuidado faz toda a diferença”.


Alunos


Para os estudantes, o aprendizado é multidisciplinar e a experiência será para toda a vida. No 3º ano de Educação Física, Bruno Aló da Silveira, de 30 anos, mergulha no ambularório ao menos uma hora, duas vezes na semana.


Lá, ele cuida de um grupo de seis pacientes, montando todo o treino de condicionamento cardiorrespiratório. “Nós percebemos a evolução. Um dos pacientes mais antigo só caminhava em marcha lenta. Hoje, ele trota e tem um condicionamento muito bom. Outros relatam até a melhora na qualidade de sono e diminuição de estresse”.


Quem concorda com ele é a estudante do 5º ano de Fisioterapia Luiza dos Santos, de 22 anos. “Eu acho inovador esse cuidado, porque a gente vai se formar e levaremos essa bagagem. A experiência que temos de cuidar dos pacientes é muito importante”.


Perfil
Ambulatório de Recuperação Pós-Covid-19
O que é?
Atendimento especialmente para pacientes com sequelas. O acompanhamento é feito pelas áreas de Fisioterapia, Psicologia, Nutrição e Educação Física

Onde?
No 1º andar do bloco E da universidade (Rua Dr. Cesário da Mota, Boqueirão) Contato: pelo telefone (13) 3202-7156

Contato
Pelo telefone (13) 3202-7156




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