Três ‘R’s capazes de reescrever a história e o meio ambiente

Sociedade deve reduzir, reciclar e reutilizar

Por: ATribuna.com.br  -  01/04/24  -  05:10
  Foto: Divulgação/Prefeitura de Guarujá

Diante de problemas climáticos, poluição e escassez de recursos naturais, como a água, o mundo busca soluções que sejam sustentáveis e reduzam o impacto do descarte de resíduos na natureza. Porém, reescrever a história não é fácil e depende do engajamento da sociedade. Sorte que a mudança começa em casa, com redução, reutilização e reciclagem.


Estes três elementos formam o grupo chamado de três ‘R’s, que traz práticas que ajudam a poluir menos o meio ambiente, evitam a retirada de itens da natureza e possibilitam que objetos fabricados para determinados fins tenham outra utilização.


Como pode ser percebido na arte ao lado, os elementos do trio são distintos. Enquanto reduzir, literalmente, é diminuir o consumo, reutilizar é dar nova função aos materiais. Já reciclar é reaproveitar um resíduo, reintroduzindo-o na cadeia produtiva.


Cuidados

Embora sejam ações simples, é preciso ter zelo, para que cada ‘R’ cumpra sua obrigação. Dentre todos, o que requer mais cautela é a reciclagem, já que um passo errado torna materiais reutilizáveis em descartáveis.


Para que não haja desperdício, como os convidados de A Região em Pauta disseram em vários momentos, duas medidas são necessárias. Uma delas é não misturar o que é reaproveitável com o que deve ser enviado aos aterros sanitários.


Aliás, a assessora técnica da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), Simone Carvalho Levorado Fraga, trouxe uma orientação. Segundo ela, não é preciso segregar vidros, plástico, papel e metal em sacos separados.


“Isso é desnecessário e não engaja. A separação é recicláveis e não recicláveis ou recicláveis e orgânicos”, afirmou a especialista.


A outra providência é cuidar para que o material seja recolhido pela coleta seletiva, e não por um caminhão de lixo comum, no qual só devem estar rejeitos. “Quando a gente leva o resíduo no caminhão de lixo e vai para transbordo, vira rejeito”, disse o diretor de Operações da Terracom, Antônio de Mello Neto.


Baixo índice

Dos 3,3% de materiais enviados à coleta seletiva na Baixada Santista em 2020, só 2,6% puderam ser reciclados. O restante virou rejeito, ou seja, foi parar em um aterro sanitário, já que não apresentava condição de ser reaproveitado.


Nem todas as cidades têm coleta seletiva, o que faz material reciclável ser destinado, indevidamente, a aterros sanitários e lixões
Nem todas as cidades têm coleta seletiva, o que faz material reciclável ser destinado, indevidamente, a aterros sanitários e lixões   Foto: Carlos Nogueira/Arquivo

Limpeza

Existe mais uma prática a ser adotada, está pensando no trabalho de catadores e cooperativas: limpar os resíduos. “Use água de reuso da máquina de lavar, porque (o lixo) vai chegar limpo para a gente. É tirar o excesso e, eventualmente, lavar”, disse ele.


Reciclagem está em baixa em todo o país// A parcela da população brasileira que conta com serviço de coleta seletiva porta a porta é de 14,7%. Isso quer dizer que a cada dez pessoas do país, ao menos oito não são assistidas pelo poder público neste sentido. Os dados constam no relatório Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil - 2023, que foi elaborado pela Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema).


O documento traz dados divulgados pelo Diagnóstico Temático Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos (SNIS) do ano-base de 2021. Ele mostra o cenário geral e também por áreas. Aliás, o Sul do país é a região com os melhores indicadores.


Em média, os municípios do Rio Grande do Sul (RS), Santa Catarina (SC) e Paraná (PR), juntos, levam este serviço a 31,9% das pessoas. Já a região Sudeste, a mais populosa da nação, atende 20,3%. Além da baixa estatística, vale ressaltar que a área formada por São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Minas Gerais (MG) e Espírito Santo (ES) é a que mais gera resíduos sólidos urbanos (RSU), com 49,4 % do total, ou seja, quase metade.


O reflexo desta situação é que pouco do lixo produzido acaba sendo reaproveitado. De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), no ano passado, das 81,8 milhões de toneladas de resíduos gerados, somente 4% foram parar em cooperativas e locais de onde partem para a reciclagem.


Este cenário é similar ao visto na Baixada Santista. Por aqui, em 2020, só 3,3% dos resíduos domiciliares passou por coleta seletiva, percentual abaixo da projeção do Plano Regional de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PRGIRS/BS) de 2018, que idealizava 4,6%.


Em Peruíbe, catadores precisam fazer rodízio para trabalhar

O planeta não é a única vítima do baixo índice de reciclagem. Os catadores também sofrem. Em Peruíbe, as pessoas que integram a cooperativa Amantes da Natureza chegam a fazer rodízio, porque a quantidade de resíduos que recebem é insuficiente para o cumprimento de uma escala de trabalho comum.


Presente na plateia de A Região em Pauta, o cooperado Hélio Ricardo Dias de Oliveira revelou como é a rotina na organização peruibense. Segundo ele, as famílias se intercalam entre triar e tratar resíduos e ir às ruas para conversar com a população, a fim de estimular a coleta seletiva.


“Um dia, a gente trabalha. No outro, divulga”, explicou, citando quanto material costumam receber. “Chegam, em média, de 20 a 18 toneladas por mês. Em fevereiro, foram 16. Seriam necessárias para as 12 famílias ao menos 30”.


Diante disso, a presidente da cooperativa, Rosemari Cintra Netto, conhecida como Cherry, pediu que os munícipes reciclem. “Estamos só com 20% das pessoas participando da coleta seletiva”.


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