A presidente do Instituto Palavra Aberta, Patrícia Blanco, disse que não é necessário “ser cético 100%, mas precisa-se praticar ceticismo saudável”, aprender a duvidar de todo conteúdo que chega via WhatsApp, redes sociais ou outros meios. A cofundadora e gestora do Instituto Devir Educom, Andressa Luzirão, concordou. “Vivemos em um contexto de superabundância de informação, um mercado de fake news. Nossos jovens, crianças e muitos adultos são vítimas. Então, devemos ter olhar atento, criterioso, cauteloso e começar (a duvidar) desde a infância. É possível desenvolver, pouco a pouco, o olhar crítico e reflexivo em nossas crianças. Na infância, começa a cidadania”.
Patrícia também acha que as crianças têm de aprender, desde cedo, a lidar com este mundo digital. Ela chega a dizer que, a partir dos três anos, qualquer pessoa já deve ser desenvolver a capacidade de duvidar. No entanto, engana-se quem pensa que o foco de toda a educação midiática são os jovens. Na verdade, pessoas de todas as idades necessitam, sistematicamente, trabalhar esta habilidade.
“No fundo, isso tem de ser hábito. Checar a informação é um hábito, não só disciplina escolar. É como escovar o dente ou lavar a mão. A gente tem de consumir informação saudável”, declarou Sayad.
“Não é só discernir o que é fake, mas ler nas entrelinhas, ter prensamento crítico, reflexivo, de entender o que influencia, impacta minha vida”, frisou.
Os convidados de A Região em Pauta concordaram que a solução para que a sociedade seja educada midiaticamente passa pelos professores. Existe o entendimento de que somente com a capacitação destes profissionais, os estudantes serão conduzidos, corretamente, a analisar e criticar conteúdos. Por Esta razão, habilitar os docentes é considerada uma tarefa essencial.
É preciso dar voz ao jovem. Esta é a constatação do coordenador do Núcleo de Educomunicação da Secretaria de Educação da Prefeitura de São Paulo e criador do projeto Imprensa Jovem, Carlos Lima, que entende que as instituições de ensino, muitas vezes, não deixam os alunos se expressarem. Uma mudança de postura é vista por ele como essencial, para que crianças e adolescentes saibam lidar com o que veem na internet e pelo mundo.
O convidado de A Região em Pauta não apontou, somente, a necessidade de uma mudança de postura por parte dos educadores. O especialista também disse qual é a solução, a fim de mudar o quadro atual: investir em trabalhos como o Imprensa Jovem, que ocorre na capital paulista, e o Devir Comunicação, presente nas unidades municipais de ensino (UMEs) Avelino da Paz Vieira e 28 de Feveiro, em Santos. Ambos são projetos de educomunicação, que usam meios de comunicação no processo educacional.
“Em projetos assim, o estudante tem voz. A escola precisa de projetos de educomunicação, de educação midiatica, para ouvir os estudantes e trazer novas abordagens. Assim, os alunos vão construir conhecimento e conquistar apoio que a escola precisa na comunidade”, disse.
Segundo Lima, em São Paulo, envolver os alunos em trabalhos com mídia trouxe benefícios, como a diminuição da violência. De acordo com a cofundadora e gestora do Instituto Devir Educom, Andressa Luzirão, isto acontece pelo fato de o intuito dos trabalhos ser ensinar crianças e adolescentes a se comportarem corretamente tanto fora quanto dentro dos colégios.