Espécie de guia dos caminhos da mobilidade urbana para a Região, o Plano Regional de Mobilidade Sustentável e Logística da Baixada Santista (PRMSL-BS) segue seu curso. O trajeto é longo, como numa grande viagem. Mas encontra-se num momento de traçar um mapa detalhado da realidade regional nesse aspecto.
"Estamos, neste momento, na fase de diagnóstico. Ele vai até janeiro, na que estamos identificando a nossa região, como ela está se desenvolvendo através da mobilidade, e também a avaliação e os desenhos que se encontram a nossa Região", explica o diretor técnico da Agência Metropolitana da Baixada Santista (Agem), Márcio Aurélio Quedinho.
Em dezembro do ano passado, foi assinada a parceria entre o Governo do Estado e os municípios da Região, com o apoio da União Europeia, para confecção do PRMSL-BS. O projeto foi selecionado pelo Programa Euroclima, que concede apoio a ações de mobilidade urbana com sustentabilidade ambiental, e receberá apoio financeiro da Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD).
"No Brasil, somente nós e Teresina (PI) obtivemos esses recursos. É uma iniciativa do Mobilise Your City, uma iniciativa de colaboração mútua, entre França e Alemanha, e que tem o compartilhamento de conceitos de mobilidade urbana sustentáveis e diretrizes também para o desenvolvimento de planos metropolitanos sustentáveis", acrescenta Quedinho.
Ao todo, são seis módulos de trabalho: planejamento; o atual, de diagnóstico; prognóstico; plano de ações e financiamento e, por fim, participação e implementação. "No final de janeiro, iremos produzir alguns relatórios.
"Dentro disso tudo, estamos fazendo um trabalho participativo, realizando as escutas setoriais, oficinas, fóruns metropolitanos, audiência pública, site do PRMSL/BS e correio eletrônico. Ou seja, este plano está pensado com um projeto participativo, onde a sociedade possa contribuir com sugestões", reforça o diretor da Agem.
Algumas iniciativas já estão desenhadas. Quedinho lembra, por exemplo, que existe um projeto de continuidade da malha ferroviária existente, que vai desde Santos e São Vicente e indo até o Litoral Sul, onde há projetos para a implantação do VLT. "Praia Grande já protocolou na Agem a ideia de uma ligação usando a Ponte dos Barreiros para sair no Terminal Tude Bastos, e depois um BRT pelo município".
Para que tudo isso saia do papel, contudo, o maior obstáculo ainda é o financeiro. “Temos diversos projetos, mas precisamos de investimentos para que eles saiam do papel. E a gente, enquanto agência, precisa correr atrás disso. Do plano, sairá uma carteira de projetos, identificando possíveis fontes de financiamento”, complementa o diretor.
Os desafios do Plano Regional de Mobilidade Sustentável e Logística da Baixada Santista soam ainda mais urgentes por uma resolução. Isso porque o cenário regional é bastante crítico, em termos de quantidade de veículos. Dados do Departamento Nacional de Trânsito revelam que a frota regional cresceu 206,26% (ou 636.655 unidades), entre 2001 e 2021, contra uma taxa estadual de 173,80%.
O crescimento da frota regional de automóveis de passeio alcançou 139,60% e a de motocicletas, 424,06%, contra as taxas estaduais de 136,35% e 388,49%, em idêntico período. O levantamento foi feito pelo Data Center Brasil.
Alguns fatores tornam o panorama regional mais delicado porque a Baixada Santista possui uma fração de 0,95% do território estadual, mas possui 3% da frota total de veículos -isso sem contar a demanda de veículos na temporada e o tráfego de caminhões em direção ao Porto de Santos.
Também chama a atenção o expressivo crescimento do número de motocicletas em circulação. Na região, o avanço foi de 99.228 unidades; e no Estado, de 4.804.987; e, no Brasil, de 24.510.051. O aumento de veículos em circulação traz, potencialmente, um crescimento também do risco de acidentes. Segundo o presidente da CET-Santos, Antônio Carlos Silva Gonçalves, essa relação "mais motos x mais acidentes" não é sentida na Cidade.
“Na nossa frota, 29% corresponde a motocicletas. Mas a gente não sentiu, pelo contrário. Nosso número de acidentes vem caindo ano a ano. Tirando esse ano e o ano passado, que foram atípicos. Por exemplo: esse ano, tivemos lockdown em março. Então, os números estatísticos não refletem a realidade. Mas isso é resultado do trabalho desenvolvido ao longo dos anos”, lembra.
Vale lembrar que os congestionamentos forçam os gastos com combustíveis, impactam no custo dos preços e também geram índices elevados de poluição ambiental.