Depende de todos: excesso de resíduos e o impacto ambiental

Diretora do IPT afirma que diminuição do lixo e suas consequências passa por mudanças de hábito

Por: ATribuna.com.br  -  01/04/24  -  11:29
  Foto: Alexsander Ferraz/AT

Qual de nós nunca parou em frente ao mar e se perguntou por que há tanto lixo ali? Animais mortos por terem ingerido plástico, sujeira espalhada, montanhas de resíduos e o impacto ambiental não saem diante de nossos olhos e do noticiário. E de quem é a culpa? Normalmente, a responsabilidade é atribuída ao poder público. Mas, para a diretora de Inovação e Negócios do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Cláudia Teixeira, chegou a hora de admitir: é de cada cidadão.


Presente no primeiro painel do segundo fórum deste ano do projeto A Região em Pauta, que ocorreu na última segunda-feira e teve como tema A Cadeia do Lixo e da Reciclagem, a especialista iniciou sua participação dizendo que não se deve terceirizar a obrigação da separação e da destinação adequadas de materiais. Embora tenha falado que cada ator tem seu papel neste assunto, a maior encarregada por um encaminhamento de materiais que não polua o meio ambiente é a própria sociedade.


“Transferimos nossa responsabilidade para a gestão pública. Porém, cada um de nós, enquanto cidadãos do planeta, tem de se perceber nessa cadeia e ajudar”, salientou.


A convidada do fórum também declarou que, evidentemente, as melhores atitudes que se pode tomar são não gerar lixo e “reciclar o máximo”, dando força à economia circular, que nada mais é do que colocar no mercado “materiais de segunda geração, que foram descartados e, posteriormente, processados”. Entretanto, este processo encontra diversos percalços, que envolvem tanto as posturas inadequadas da população como a falta de políticas públicas.


  Foto: Alexsander Ferraz/AT

De acordo com o coordenador da Câmara Técnica de Meio Ambiente do Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista (Condesb), Marcos Libório, a separação inadequada dos resíduos que é feita nas casas afeta todo o sistema. Isso porque, ao misturar o que é reciclável e orgânico com rejeito, ocorre a contaminação de todo o material, impedindo seu reuso. “Fraldas sujas, por exemplo, é rejeito, prejudica o todo”.


Por isso, o gestor, bem como os demais participantes do seminário, disse que é preciso ter cuidado para segregar corretamente os resíduos. Do contrário, muito das toneladas de lixo que vão chegar às cooperativas, que deveriam ser processadas e devolvidas à sociedade, vão ser consideradas rejeito e terão como destino os aterros sanitários, reduzindo sua vida útil.


“Hoje, temos, em média, 40% de rejeito gerado nas cooperativas. Não adianta trazer rejeito para a unidade”, destacou o fundador e coordenador da Cooperlinia Ambiental do Brasil, José Carlos da Silva.


Vale destacar que, uma vez nos aterros, não há mais volta. Além disso, muitas cidades ainda têm como destino final lixões a céu aberto, sem controle de poluentes de solo e do lençol freático. Na Baixada Santista não há mais lixões em nenhum dos nove municípios.


Ao longo de todo o fórum, os palestrantes fizeram eco às falas da diretora do IPT: “Precisamos analisar nossos hábitos de consumo e ter consciência de que isso depende da gente também, não só de técnicos ou prefeitura. É um lidar diário de todo”.


Se a população quiser um mundo melhor, com menos lixo e o clima mais adequado à vida, será preciso mudar a forma de agir.


Logo A Tribuna
Newsletter