Com maior intensidade no Litoral Sul, Baixada Santista ficará mais quente até 2050

Estudo da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado mostra aumento da temperatura até metade do século

Por: Ted Sartori  -  31/05/22  -  07:48
Estudo da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado mostra aumento da temperatura
Estudo da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado mostra aumento da temperatura   Foto: Arquivo pessoal/Nícolas Schukkel

A Baixada Santista deve ficar mais quente até a metade do século, literalmente. O aumento médio previsto da temperatura até o ano de 2050 vai de 1,5°C a 2°C.


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Esta é uma das conclusões do estudo desenvolvido pela Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado (Sima), com recorte exclusivo para a região, em parceria com a agência alemã Deutsche Gesellschaftfür Internationale Zusammenarbeit (GIZ), dentro do Projeto Apoio ao Brasil na Implantação da sua Agenda Nacional de Adaptação à Mudança do Clima (Pro Adapta).


“A porção sul (Itanhaém, Mongaguá e Peruíbe) tende a ser mais quente que as demais, porém o que preocupa mais são as temperaturas máximas, os dias mais quentes. Se a gente olha para o fim do século, isso pode ficar em torno de 3 a 5 graus mais quente nos dias que já são extremamente quentes”, afirma Pedro Camarinha, pesquisador na área de Mudanças Climáticas, Impactos, Vulnerabilidade e Adaptação e um dos autores do estudo.


Camarinha, que também representou o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), foi dos convidados do fórum A Região em Pauta, realizado na tarde desta segunda (30) no auditório do GrupoTribuna, em Santos. O tema foi Mudanças Climáticas e a Baixada Santista, com mediação da jornalista Arminda Augusto, gerente de Projetos e Relações Institucionais do Grupo Tribuna.


Camarinha integrou o primeiro painel, com o título A temperatura está subindo?, junto com Ronaldo Christofoletti, professor e pesquisador do campus Baixada Santista da Unifesp, e Eduardo Trani, secretário-adjunto da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado.


“Não há outro caminho que não seja fazermos uma política de mitigação das consequências do efeito estufa. São Paulo e o Brasil não fizeram, de modo geral, o que deveriam ter feito em décadas. Estamos discutindo e convidando a sociedade para discutir um plano de ação climática para o Estado, que estará pronto até o fim de agosto”, afirma Trani. Chegar à condição de carbono zero até 2050 e resiliência são as metas, de acordo com organismos internacionais.


A edição de A Região em Pauta reuniu especialistas no auditório do Grupo Tribuna
A edição de A Região em Pauta reuniu especialistas no auditório do Grupo Tribuna   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

Oceanos

Dentro desse processo, Ronaldo Christofoletti falou a respeito de um componente ligado diretamente à realidade da Baixada Santista: os oceanos e sua importância dentro das mudanças climáticas ao longo do tempo.


“A responsabilidade de absorver esse carbono está em um oceano saudável. Quando isso se degrada, também tira esse balanço da retirada de gás carbônico da atmosfera. Se existe alguma alteração nas correntes do mar, o processo ganha uma complexidade maior. Se nós vivemos em um forno, os continentes são a comida, em cozimento em banho-maria. Essa água que dá estabilidade é o oceano. Se isso se altera, tudo vai por água abaixo”, exemplifica.


As metas de Santos

Santos pode ser considerada de vanguarda no meio ambiente. A Cidade aprovou em janeiro o Plano de Ação Climática, com 50 metas para serem cumpridas entre 2025 e 2050.


Rever o Plano Diretor e da Lei do Uso e Ocupação do Solo, levando em conta questões climáticas, elaboração de plano habitacional para áreas de risco; cultivo de 10 mil árvores e substituição de, pelo menos, 20% da frota do serviço público de transporte de passageiros por veículos não emissores estão na lista.


“São coisas que, somadas, podem ajudar a desonerar o sistema público de Saúde. A saúde também está ligada às condições que damos e criamos para que possamos viver melhor”, afirma Marcos Libório, secretário de Meio Ambiente.


Ele foi um dos integrantes do segundo painel de A Região em Pauta, ao lado de Angélica Rotondaro, diretora-executiva da Alimi Impact Ventures, consultoria focada em trazer escalabilidade para o investimento sustentável no Brasil, e Daniel Onias, coordenador da Defesa Civil de Santos.


“Levamos para a população a percepção do risco. Quem mora nessas áreas tem de aprender a identificar sinais de escorregamento. Nos casos mais críticos, removemos as famílias. Isso aumenta com as chuvas”, explica Onias.


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