Mundo da Bola: O futuro vem aí

Se tem uma coisa nesta temporada que ficou esquisita, essa coisa foi a seleção brasileira

Por: Vladir Lemos  -  28/12/23  -  06:15
  Foto: Satff Images/ CBF

Se tem uma coisa nesta temporada que ficou esquisita, essa coisa foi a seleção brasileira. Foi meio inevitável enxergar a questão pelo viés do treinador, o que comprometeu de certa forma o olhar sobre o time. O escrete nacional, que neste momento descansa em um nada honroso sexto lugar da tabela de classificação das Eliminatórias, fez o torcedor brasileiro provar o dissabor de derrotas inéditas. E se da seleção já sabíamos da falta de brilho, agora a vimos totalmente opaca. De onde se pode concluir que, se vier a brilhar na próxima Copa, terá desenhado algo com contornos de um verdadeiro renascimento. E, sabe como é, o futuro vem aí. Como diz a velha canção, nada será como antes.


Copa com 32 seleções, por exemplo, é algo que pertence ao passado. A que está pra chegar trará no ventre 48 seleções. Cento e quatro jogos, 40 a mais do que vimos no Catar. Crescimento maior só mesmo o do faturamento que a Fifa espera ver ampliado em 50%, atingindo algo em torno de R$ 58 bilhões. Uma Copa que será disputada em três países, Estados Unidos, Canadá e México. E em 16 cidades diferentes. Não parece mesmo uma fórmula perfeita... para o turismo?


E não é de hoje. Desde a mais remota tabelinha entre futebol e construção de estádios, o jogo de bola parece ter virado meio, não fim. E se você custa a aceitar essa realidade anunciada, não custa lembrar que o Mundial seguinte, o de 2030, quando essa invenção maravilhosa, a Copa, estiver completando seu primeiro século de existência, terá uma disputa não em três países, mas em três continentes.


Estamos em período de festas e o nobre leitor pode, diante de tão mirabolante realidade, achar que estou sob efeito de algum desses líquidos que muitos costumam beber à espera do Papai Noel. Não se trata disso. Nesse futuro que vem aí, teremos uma Copa com jogos em Portugal, Espanha e Marrocos. Mas também no Uruguai, na Argentina e no Paraguai.


Mas, confesso a vocês, o que me espanta mesmo em tudo isso é a capacidade dos megacartolas em lidar com o futuro. O tratam como se fosse possível domá-lo, calculam como tirar o maior proveito possível do que virá, isso tudo quando nós mal sabemos o que será do dia de amanhã. E quando alimentamos a pretensão de saber, num átimo levamos do destino uma bola entre as pernas. O mundo esquenta, as florestas queimam, as geleiras derretem, o mar sobe consideravelmente e o plano deles acaba confirmado quase sempre sem nenhum arranhão.


Com um pouco de soberba, eu só seria capaz de prever em que tipo de grama pisarão os boleiros por estas bandas num futuro breve. Diria que artificial, obviamente. Porque se na Premier League não pode, se na Holanda não permitirão a partir de 2025, e se dá um trabalho danado e um gasto desconfortável, o futuro dos nossos gramados só pode mesmo ser artificial. Verdinho, fácil de cuidar. Além do mais, diante do futuro que está aí, sempre chegando, quero ser um cara moderno.


E se já andamos tocando bola na boa até com inteligência artificial, que mal nos fará um gramadinho? Segundo os entendidos, seria o caso de perguntar para as nossas articulações. Mas articulação, para quem cuida do futuro do jogo de bola, é coisa que invariavelmente leva ao aumento de faturamento.


Um feliz novo ano a todos. O futuro vem aí.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
Ver mais deste colunista
Logo A Tribuna
Newsletter