Sou um andarilho!

Marcos Anselmo Ferreira Franco. Escritor, administrador de empresas e membro da Academia Santista de Letras

Por: Marcos Anselmo Ferreira Franco  -  26/04/24  -  06:28
  Foto: Alexsander Ferraz/AT

Todos os dias caminho para me exercitar. Enquanto ativo meus músculos, oxigeno meu cérebro e converso comigo mesmo. Seja para ver e sentir a nossa praia, para tomar um café, para passear ou para fazer compras, eu vou somando quilômetros em meu odômetro corporal. Felizmente vejo um volume grande de pessoas que me acompanham. São crianças, jovens, idosos, pessoas com deficiência física, cadeirantes e cegos.


Minhas estradas, com exceção das areias da praia, são as calçadas. São elas que asseguram o meu caminho. Como um pedestre veterano, posso garantir que há dias mais difíceis para se chegar ao meu destino. Além da necessidade se atravessar as ruas competindo com motoristas que não respeitam as faixas de pedestres, me deparo com outros obstáculos perigosos e que podem provocar acidentes.


Caminhando eu vejo o lixo produzido por alguns edifícios e estabelecimentos comerciais. Estes são visitados por catadores, que após uma vistoria desorganizada ficam espalhados pelas calçadas, às vezes provocando acidentes nos transeuntes como desequilíbrios, quedas e cortes.


Caminhando eu vejo as árvores que nos protege do sol e que generosamente produzem o oxigênio. Quanto mais elas crescem, mais desnivelam as calçadas, expondo suas raízes. Já presenciei pessoas que tiveram fraturas ou sérias escoriações, inclusive a minha progenitora.


Caminhando eu vejo os abrigos de pontos de ônibus. Alguns, devido ao fluxo de passageiros em determinados horários, nos obrigam a utilizar a rua. Isso também ocorre enquanto aguardamos o tempo de duração das novas construções. Nesse caso, as calçadas provisórias e precárias diminuem suas larguras e por vezes sem a devida sinalização.


Caminhando eu vejo as lindas calçadas de pedras portuguesas com seus desenhos artísticos e assentadas por exímios artesãos. Um trabalho deslumbrante. Entretanto, os pequenos desníveis provocados pelo tempo e a falta de manutenção são um risco para torções e quedas. Há também os pisos abandonados, os remendados, os esburacados, os quebrados, os de paralelepípedos irregulares e até aqueles em estados naturais não cobertos.


O poder público municipal, através de lei específica aprovada em 2017, estabeleceu responsabilidades para a manutenção de calçadas, inclusive adotando como padrão um piso adequado que tem sido utilizado em novas construções e reformas. É um piso de concreto econômico, resistente, seguro e confortável. Ele se distingue dos demais criando uma aparência de limpeza.


A cidade dos idosos, como é conhecida no Brasil, vem evoluindo e se adensando com a construção de prédios mais altos. Já existe uma preocupação clara com a segurança viária, como as ciclovias, o investimento em transportes coletivos e o cuidado com o sufocante trânsito de veículos. Coisas do desenvolvimento que contribui para o crescimento do número de pedestres.


Como as calçadas não são de borracha, fica o sentimento de que a largura delas vai diminuindo lentamente. A esperança é de que as soluções aconteçam para que os obstáculos não concorram conosco e permitam um caminhar tranquilo e seguro. Seja intensificando a fiscalização, a conscientização dos proprietários de imóveis sobre suas responsabilidades e a adequação dos equipamentos públicos que interferem nas calçadas.


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